Quem não se lembra do palhaço andando sobre
um cilindro no circo? Essa cena que encantou e continua hipnotizando milhares de crianças
também está despertando a
atenção dos fisioterapeutas. O equipamento lúdico usado no circo se sofisticou e ganhou
o nome de roll over e uma nova função: tratar pacientes com problemas nos membros
inferiores, como torção no pé ou dor no joelho. Para topar esse desafio, basta se
equilibrar em cima do aparelho. A idéia foi aprovada pelo Hospital das Clínicas (HC) de
São Paulo, centro médico renomado, e o aparelho acaba de aportar por lá. "Quando o
paciente opera o joelho, tem receio de andar. Com o roll over, ele treina o equilíbrio e
a coordenação motora para voltar a caminhar com segurança", explica Perola
Grinberg Papler, fisiatra do Instituto de Ortopedia e Traumatologia da instituição.
O próximo passo do HC é fazer testes para
saber o grau de melhora proporcionado pelo equipamento. O autor dessa engenhoca ficou
surpreso com a repercussão de sua invenção. Preocupado em trabalhar a postura de seus
alunos, o ator e professor de canto João Justino Leite Filho estimulava-os a se
equilibrarem em cima dos tambores. "A postura ereta mantém o diafragma livre e a voz
sai perfeita", justifica. Porém, como o tambor ocupa muito espaço, ele criou o roll
over à base de PVC. Durante as apresentações de seu grupo, o cilindro fisgou os
médicos. Vários centros particulares de fisioterapia de São Paulo e do Rio estão
adotando o aparelho. O Instituto Cohen de Ortopedia, na capital paulista, usa a
criatividade para adaptá-lo às aulas de fisioterapia. O treinamento é feito na piscina.
"Dessa forma, evita-se o risco de o paciente cair e se machucar", explica
Maurício Garcia, fisioterapeuta do instituto.
O roll over vem ajudando pacientes como
Leandro da Silva, 27 anos, jogador do Juventus, de São Paulo. Há um mês e meio, ele
sofreu uma contusão no joelho direito durante um jogo. Precisou fazer uma cirurgia para
recuperar a região e logo depois passou a fazer o tratamento. "O equipamento melhora
a estabilidade do meu joelho", conta. As peripécias do roll over não se limitam
apenas às salas médicas. As sapatilhas das bailarinas da Escola de Dança Alice Arja, do
Rio, também estão dançando no aparelho. "É como se fosse um teste no qual as
articulações enfrentam obstáculos para depois se adaptarem com facilidade ao
palco", compara Marcelo Silva Duarte, fisioterapeuta da Universidade do Grande Rio,
em Duque de Caxias.
Fonte: Istoé |