a mínima se a coluna não está
ereta ou se a posição não é a mais adequada. Mas a postura que parece confortável
naquele momento pode render diversos problemas a longo prazo. Os especialistas em ergonomia batem na tecla de se adotar uma boa
postura e usar racionalmente o computador, mas no dia-a-dia poucos dão a devida
importância. As conseqüências logo aparecem: dores na coluna, na nuca, tendinites. As
queixas são muitas.
A ergonomista Venétia Santos, consultora para diversas
empresas, dá um exemplo comum: 90 por cento dos que se divertem ou trabalham no
computador usam o mouse com o braço esticado de maneira inadequada e sem o apoio do
antebraço, quando o ideal seria usá-lo como acabamos de descrever. Ou seja, bem perto do
corpo, com apoio para o antebraço. Cuidado essencial para não terminar com tendinite.
Como estas, várias pequenas medidas podem melhorar a
convivência homem/máquina e prevenir futuros problemas de saúde. Veja algumas delas:
Diante do computador: Segundo o ortopedista Afonso Jorge
França, consultor em ergonomia e saúde ocupacional da Ergopreve, a distância entre a
cadeira e a mesa deve ser confortável, de modo que os pés fiquem bem apoiados no chão.
Ao sentar, a cadeira deve ter um bom apoio para a região da coluna lombar. Embora pareça
um pequeno detalhe, assentos com braços também ajudam a prevenir a famigerada tendinite.
Os joelhos precisam ficar no mesmo nível ou um pouco mais
altos que os quadris, o que permite uma anteversão (bacia para a frente), diminuindo a
lordose lombar. Debruçar-se sobre a mesa é uma posição a ser evitada. Leva a uma
pressão na parte anterior do disco vertebral, o que pode provocar lesões e possibilita o
surgimento de hérnia de disco. Ter o costume de atender o telefone enquanto continua no
computador é outro mau hábito a ser evitado: propicia torções da coluna e favorece
tendinites.
Monitor: o modo certo de usá-lo
Embora a radiação emitida em nada prejudique a vista,
ficar muitas horas ininterruptas em frente ao monitor cansa os olhos e traz danos, sim, à
visão. A recomendação básica para evitar que isso aconteça são pausas de pelo menos
10 minutos a cada hora de uso. Segundo o Dr. Paulo Augusto de Arruda Mello,
vice-presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, este relaxamento é
indispensável.
Até por um outro motivo: quem está vendo algo
interessante não costuma piscar muito. É o que acontece com internautas que navegam por
páginas atraentes da web. "Piscar os olhos é fundamental, pois troca o filme
lacrimal, uma película de lágrima que fica sobre a córnea, responsável pela
manutenção da umidade e pela perfeição da superfície, indispensável para uma boa
visão", explica.
O Dr. Afonso França lembra também que o monitor deve
ficar cerca de 50 centímetros afastado do usuário, mais ou menos na linha dos olhos,
para evitar que se tenha que abaixar ou levantar a cabeça para ter uma boa visão. E que
se concentre ainda maior tensão sobre a região cervical. Da mesma forma, apoios para
papel acoplados ao monitor evitam que quem estiver digitando uma cópia de um texto
impresso movimente a cabeça numa rotação de pescoço e exerça uma pressão a mais
sobre a região.
O oftalmologista Paulo Augusto Mello alerta que proximidade
demais do monitor pode resultar em ardência e olhos vermelhos, problema que leva o nome
de síndrome de visão de computador, dores de cabeça e sensação de peso nas
pálpebras. Outra precaução é regular o brilho da tela do monitor e diminuir a
luminosidade. Sendo intensa, a luminosidade da tela faz com que as pupilas se fechem e
provoca esforço muscular. "Horas depois, isso leva a sonolência e cansaço
visual", explica o oftalmologista Juan Jimenez. Reflexos de luz, seja artificial seja
natural, sobre o monitor, exigem um esforço visual maior. Logo, é preciso evitá-los.
Pessoas que usam lentes bifocais devem ajustá-las. "A
parte de cima deve ficar a 60 centímetros do vídeo, mas a pessoa pode trocá-las por
lentes multifocais, que são ótimas quando o vídeo está na posição adequada",
lembra o Dr. Paulo Augusto. Segundo ele, o problema é mais comum em pacientes acima dos
40 anos, quando as dificuldades de acuidade visual começam a se intensificar. Ele lembra
também que há lentes progressivas apropriadas para o uso em computadores, especialmente
quando o monitor está sobre a mesa, em posição mais alta.
Teclado e mouse: Trabalhar com o pulso inclinado em
direção ao dedo mínimo pode resultar em desvio ulnar intenso e fortes dores no dorso do
polegar. É o que se chama de síndrome de DeQuervain, que atinge quem faz mau uso do
mouse. O ideal para prevenir coisas do tipo é procurar apoio para a região da palma e
não do punho, como geralmente se faz. Quem usa mais de quatro horas o computador entra no
grupo de risco de lesões por esforço repetitivo (LER), responsáveis atualmente por
cerca de 70 por cento das lesões de trabalho no país.
Caso em que os dois problemas mais freqüentes são a
tenossinovite, inflamação na bainha que envolve os tendões do pulso, e a tendinite, a
inflamação no tendão. Teclados ergométricos, com apoio para o punho, que, fletido,
exige menor esforço, sempre ajudam. E pausas, a cada 50, 60 minutos, para alongar os
músculos, são fundamentais. Torna os usuários de computador mais produtivos e
saudáveis.
Fonte: CNN |