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Reportagens Antigas do Jornal Saúde

Cuba desenvolve tratamento revolucionário contra mal de Parkinson
 

Betty Yoraima, uma venezuelana de 34 anos e que há 14 sofria do mal de Parkinson, não podia se pentear, tomar banho, se vestir nem comer sem ajuda de uma outra pessoa. "Não conseguia fazer nada, precisava dos outros para tudo. Hoje já sou independente, é uma grande diferença", disse Betty.
O que transformou a vida de Betty foi uma cirurgia realizada pela primeira vez em Cuba, no Centro de Pesquisa e Restauração Neurológica, o Ciren, em Havana.

Durante esse tratamento, os médicos cauterizam os dois lados do subtálamo, uma pequena parte do cérebro que ajuda a coordenar a maioria dos movimentos.

O paciente permanece acordado durante o procedimento, delicado, no qual são queimados aos poucos alguns neurotransmissores hiperativos que provocam o tremor e a rigidez típicos do mal de Parkinson.

Com o auxílio de computadores e programas muitos avançados, e com a cooperação do próprio paciente, neurologistas e cirurgiões identificam os pontos exatos do subtálamo que afetam cada parte do corpo do indivíduo.

Os resultados já são vistos na própria sala de cirurgias. As mãos de pacientes recém-operados param de tremer imediatamente.

"Essa nova técnica cirúrgica que desenvolvemos, a lesão bilateral do núcleo subtalâmico, produz uma melhora superior a 60 por cento nos pacientes e uma redução de mais de 70 por cento da medicação que precisam usar, devolvendo-lhes mais de 70 por cento de sua capacidade funcional", disse o neurologista Lázaro Alvarez.

O tempo de recuperação é de aproximadamente duas semanas. Os 54 pacientes já operados ficam sob observação por cinco anos.

Ao contrário de outra técnica, que utiliza um implante de um pequeno dispositivo para enviar impulsos eletrônicos ao subtálamo a fim de "adormecer" as áreas hiperativas, os resultados dessa operação são permanentes.

Apesar do sucesso, os médicos só recorrem à cirurgia -- ainda considerada em fase experimental -- como último recurso.

A maioria dos pacientes que procuram a Ciren -- provenientes de toda a América Latina, assim como da Espanha, do Canadá e dos Estados Unidos -- responde bem ao tratamento, que combina remédios com fisioterapia altamente especializada.

O médico Oscar Torres, especialista em fisioterapia, disse que o paciente tem que ser treinado para reaprender a andar, falar e escrever quando suas habilidades motoras se deterioram, o que é característico nessa doença.

Torres disse que, ao contrário de centros de reabilitação em outras partes do mundo, os exercícios na Ciren são dirigidos às necessidades e características dos pacientes com o mal de Parkinson.

O tratamento é integral, combinando a atenção de neurologistas, fisioterapeutas e psiquiatras, e dura cerca de um mês.

Fonte: CNN

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