Mais de 5 milhões de jovens
norte-americanos apresentam alguma perda de audição causada principalmente por concertos
de rock, fogos de artifício e cortadores de grama, revelou recente estudo. Mas, no
Brasil, os especialistas apontam outro vilão da surdez juvenil: o walkman. As autoridades
dos Centros para Controle e Prevenção de Doenças Estados Unidos, CDCP, ficaram
alarmadas com o fato de que, para 250.000 jovens, pelo menos, a deficiência pode ser de
moderada a profunda, podendo assim tornar-se definitiva, segundo o estudo publicado no
jornal Pediatrics. "Mesmo
quando se tem um dano temporário por alguns poucos dias como audição abafada, isso pode
influenciar a capacidade do aprendizado da criança na sala de aula," afirmou Amanda
Sue Niskar, do National Center for Environmental Health dos CDCP, que conduziu os estudos.
O estudo abrangeu 5.249 crianças, de 6 a 19 anos,
testadas ao longo de seis anos, terminando em 1994, e revelou que 12,5 por cento sofrem de
alterações auditivas induzidas por barulho, NITS, que podem abafar os sons de certas
freqüências altas e dificultar o discernimento de consoantes na fala.
Os meninos apresentaram maior perda de audição do
que as meninas, e os jovens são mais suscetíveis que as crianças.
O barulho "é um problema ambiental e
comunitário para a criança", disse Niskar. "Precisamos incentivar as crianças
a usar protetores de ouvido durante atividades barulhentas porque as NITS são
inteiramente evitáveis."
Walkman
No Brasil, os especialistas destacam os problemas
decorrentes do uso excessivo de walkman, acessório inseparável de boa parte dos jovens.
Esses aparelhos, dependendo da intensidade de uso,
podem causar a perda de até 30 por cento da audição em apenas um ano.
Mas alguns cuidados reduzem significativamente esses
riscos, afirmam. Basta saber dosar o número de horas dos fones nos ouvidos com o volume
da música, medido em decibéis, db.
Quanto maior o tempo de música, mais baixo deveria
ser o volume. O aparelho auditivo suporta ruídos com freqüência de até 85 db. Acima
desse nível, o ouvido já é prejudicado.
"Uma pessoa não pode permanecer em um ambiente
com 85 db por mais de oito horas," explicou a fonoaudióloga Sandra Giorgi, do
Hospital das Clínicas de São Paulo. "Esse tempo cai para quatro horas em lugares
com 90db; duas horas em locais com 95db; uma hora onde a freqüência chega a 100db."
Para se ter uma idéia, disse, enquanto o nível de
ruído de uma rua relativamente movimentada é de cerca de 85db, o walkman atinge 90 db.
Os aparelhos mais modernos chegam a 110db - perto do limiar da dor, que é de 120db.
O uso excessivo desses aparelhos pode causar a
redução precoce da capacidade auditiva porque o volume alto das músicas danifica as
células responsáveis pelos sons agudos. Essas células estão localizadas no órgão
interno de corti, tipo de caracol onde se filtra o som que chega ao ouvido.
"São as primeiras células a morrer",
disse a especialista. "O pior é que não se regeneram. A lesão é irreversível. É
o que chamamos de perda em gota, porque acontece progressivamente e o jovem não consegue
perceber o problema."
(Com informações da AP, Reuters e Salutia)
Fonte: CNN |