sabem que sofrem de pressão alta
e, o pior, o índice de pessoas acometidas pelo problema é alto. Estima-se que, no país,
pelo menos 25% dos adultos acima de 18 anos, tenham o distúrbio, o que leva ao número
alarmante de 25 milhões de hipertensos. De
acordo com o coordenador do evento, o cardiologista Eli Toscano, esse índice é válido
para todo o mundo. Baseadas nesses dados, as duas entidades executam, há dois anos, um
programa simples e barato na busca dos hipertensos brasileiros. Batizado de Programa de
Detecção, Avaliação e Tratamento da Hipertensão Arterial (Prodatha), sua ação tem
como pré-requisito básico o treinamento de equipes de saúde em família.
"Estamos cobrindo uma população de aproximadamente
cem mil pessoas em oito municípios", afirma Toscano. Nesses dois anos do programa, o
médico conta que constatou-se que a prevalência de hipertensão pode mesmo ultrapassar
os 25% dos adultos acima de 18 anos. Eles comprovaram isso em Cataguases (MG), onde ainda
não se completou o levantamento e já se registra uma prevalência de 22%.
Toscano diz ainda que o levantamento em Cataguases só não
chegou a 100% da população-alvo devido a resistência de parte das pessoas. Os homens
lideram essa lista e, segundo o médico, com justificativas infundadas. "Em geral, a
primeira desculpa é que não querem abandonar o aperitivo do fim-de-semana. Depois, dizem
que não sentem nada e não querem saber se têm pressão alta. Por último, se souberem
que padecem do problema, não querem saber de medicação porque diminuirá a libido ou a
potência sexual, o que não é verdade", relata.
Toscando conta que, no início do Prodatha, na cidade
mineira, apenas 71 indivíduos se diziam hipertensos. A equipe do programa, no entanto,
encontrou 251 doentes na população analisada. Depois de um ano de medições, esse
número passou para 319. "Outro grande problema da hipertensão é que ela é
assintomática. Não sentindo nada, as pessoas não sabem que sofrem de pressão
alta", atesta. Daí a importância de medir a pressão, pelo menos, uma vez por ano,
recomenda o médico. O conselho vale para todos os adultos acima de 18 anos, pois os
jovens não estão livres do problema.
Ele alerta que o problema não tem causa definida, apesar
de estar relacionado, em 10% dos casos, a outros problemas de saúde. Neste caso, é
preciso tratar a causa, o que por si só acaba com a hipertensão. Mas, nos 90% dos casos
restantes, de causas desconhecidas, é possível que a hipertensão desencadeie outros
problemas caso o paciente não se trate. A pressão alta em casos agravados, comumente,
leva a ocorrência de derrame cerebral (Acidente Vascular Cerebral, AVC), infarte do
miocárdio, insuficiência cardíaca, insuficiência renal e insuficiência vascular
periférica.
Uma das conseqüências mais nefastas da hipertensão é a
invalidez. Não se sabe o número certo, mas é fato que 80% dos inválidos, no país,
sofrem de doenças crônicas não-transmissíveis e a hipertensão é a mais freqüente
delas nesse quadro. "É um ônus social para o país, porque impossibilita as pessoas
de trabalharem, de serem ativas. Além de tudo, perdem em qualidade de vida, dependem de
tratamento para o resto da vida", comenta Toscano.
O controle do distúrbio, de acordo com o cardiologista,
fica muito mais barato diante desse quadro. É a prova de que a prevenção sempre vale a
pena, porque evita que o paciente recorra a tratamentos mais complexos e dispendiosos e,
também, as doenças decorrentes da pressão alta. "Se conseguíssemos controlar os
casos de hipertensão existentes, diminuiria os casos de derrame cerebral e 40%, num
período de dois anos", afirma o médico.
(Com informação da Agência Brasil)
Fonte: CNN |