Muitos especialistas
acreditam que os Estados Unidos não estão preparados para lidar com uma agressão deste
tipo. O antrax seria a arma
biológica mais facilmente usada pelos terroristas, dizem os especialistas. Um
bilionésimo de grama - o tamanho de uma pinta em um grão de poeira - é o suficiente
para matar.
Em uma primeira reação, os agentes elaborados com
antrax causam febre e dores estomacais. Entre as 24 e 36 horas seguintes ao ataque, uma
combinação de graves sintomas leva a uma morte horrível.
"No caso de um ato terrorista biológico, isso
seria feito com aerossol. O agente é ressecado e pulverizado", comentou D.A.
Henderson, diretor do Centro de Estudos sobre Biodefesa Civil, na Universidade Johns
Hopkins.
Ainda mais aterrorizador, embora de acesso muito
mais difícil para os terroristas, é o vírus da varíola, doença erradicada no mundo
inteiro na década de 1980.
"Para conseguir transportar o vírus da
varíola, seria necessário um dispositivo dentro de uma caneta tinteiro, que passaria com
facilidade por qualquer alfândega ou detector de metais. E nesta caneta haveria vírus
suficiente para detonar a pior epidemia mundial", analisa Michael Osterholm, diretor
do Centro de Minnesota para Doenças Infecciosas.
A varíola é de rápida e intensa propagação,
como um rastilho de pólvora. Estima-se que a doença tenha matado 120 milhões de pessoas
em todo o mundo no século 20.
Se não tivesse sido erradicada, a varíola, segundo
a Organização Mundial de Saúde (OMS), teria feito 350 milhões de novas vítimas nos
últimos 20 anos - quase a população dos Estados Unidos e do México juntas. Cerca de 40
milhões destes doentes teriam morrido, dizimando o equivalente à população inteira da
Espanha ou da África do Sul.
Nos primeiros dias, quando a doença é mais
contagiosa, é difícil traçar a diferença entre a varíola e a catapora.
Quem tem
e quem pode ter
Oficialmente, as únicas reservas de vírus da
varíola estão em um laboratório nos Estados Unidos e em um outro na Rússia. Mas pode
haver mais.
"Há provas circunstâncias de que o Iraque, a
Coréia do Norte e a Rússia mantêm reservas não declaradas de varíola", afirma
Jonathan Tucker, autor de um novo livro intitulado "Scourge: The Once and Future
Threat of Smallpox" ("Flagelo: o passado e a ameaça futura da varíola").
Acredita-se que, durante a Guerra Fria, a União
Soviética desenvolveu armas com a varíola e o antrax, que poderiam ser despejadas nos
Estados Unidos por meio de mísseis intercontinentais.
Os russos insistem que preservam os agentes
biológicos apenas com fins de pesquisa de vacinas. Um desertor garante que isso é
mentira e que as armas poderiam terminar nas mãos das pessoas erradas.
"Em minha opinião, o perigo é claro e
atual", afirma o Ken Alibek, especialista em armas da antiga União Soviética.
Ainda assim, mesmo que conseguisse ajuda do Iraque
ou se infiltrasse na Rússia, Osama bin Laden e a Al-Qaeda, sua rede de terrorismo, teriam
dificuldades para adquirir uma arma biológica.
"Temos que melhorar nossa rede de
informações, para saber o que os terroristas estão fazendo nesta área", alerta
Tucker. "Acho que a ameaça é bem pequena".
E é pequena porque a produção de agentes
biológicos é muito difícil. E mais difícil ainda é transformá-los em armamentos.
Por outro lado, a ameaça de um ataque químico é
considerada maior. Neste caso, porém, os Estados Unidos mostram-se mais bem preparados.
Há seis anos, um ataque no metrô de Tóquio com
gás sarin, que ataca o sistema nervoso, indicou que os agentes químicos podem afetar
apenas uma área limitada.
Mas se seguirem para o Afeganistão, atrás de bin
Laden e seus colaboradores, os soldados norte-americanos precisarão de proteção
química, dizem os especialistas.
Segundo relatos da imprensa local, imagens de campos
de treinamento terrorista em Jalalabad, no Afeganistão, feitas por satélites, mostraram
animais mortos na área de experimentos - uma sugestão de que os extremistas podem estar
testando várias substâncias venenosas.
Fonte: CNN |