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Reportagens Antigas do Jornal Saúde

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Genética pode determinar o sucesso nas tentativas de
largar o fumo
   

A genética, mais do que a força de vontade, pode predeterminar se uma pessoa vai conseguir mesmo parar de fumar ou não. Cientistas mostraram, pela primeira vez, que um gene associado à dependência de álcool e drogas também atua nos
resultados das tentativas de largar o fumo.

Cientistas do M.D. Anderson Cancer Center em Houston, Texas, queriam saber se havia diferenças genéticas entre as pessoas que conseguem parar de fumar e as que não têm sucesso.

No passado, os pesquisadores comparavam fumantes com não fumantes para identificar as diferenças genéticas. Saber como a genética influencia os fumantes pode levar a melhores programas de tratamento.

No novo estudo, 134 pessoas foram escolhidas para participar em um programa para largar o fumo. Todas tinham um gene específico chamado DRD2, que é um receptor de dopamina, um neurotransmissor que influencia o modo como as células do cérebro se comunicam entre si.

Todos os participantes usaram um adesivo de nicotina e foram selecionados aleatoriamente para receber uma droga antidepressiva ou um placebo.

Os pesquisadores descobriram que, entre os fumantes que tomaram placebo, 25 por cento se abstiveram de cigarros durante 18 semanas, comparados com 37 por cento dos que tomaram antidepressivos.

Descobriram, ainda, que os participantes portadores de um certo tipo de gene DRD2 tinham mais probabilidade de voltar a fumar depois das dezoito semanas. O gene poderia determinar também a eficiência do uso do antidepressivo para largar o fumo.

O gene DRD2 é composto de duas formas, A1 ou A2. "Herda-se um do pai e outro da mãe," disse Paul Cinciripini, diretor da Tobacco Research and Treatment Center da M.D. Anderson.

"Se você tiver o A1, encontrará mais dificuldade de parar de fumar." Os portadores de A2 tiveram boa resposta para o antidepressivo.

DRD2 é o mais estudado gene de dopamina, de acordo com Cinciripini, um dos autores do estudo. Foi encontrado em pessoas com obesidade, dependência de cocaína, alcoolismo ou hábitos patológicos de jogo.

Esse foi o primeiro estudo a examinar como os genes contribuem ou dificultam os esforços para largar o fumo. A pesquisa foi apresentada em uma conferência em Dana Point, Califórnia, patrocinada pela American Cancer Society.

"Se caracterizarmos geneticamente o dependente fumante podemos potencialmente fabricar drogas individualizadas para cada perfil genético ou, simplificando, se tiver um perfil genético x, y e z você poderá encontrar medicamentos diferentes que funcionem para x, y e z," disse dr. Dileep Bal, diretor da sociedade.

A importância desse trabalho não é "preordenar ou predeterminar o que vai acontecer às pessoas, mas identificar áreas de modo a dar um pouco mais de assistência às pessoas que estão tentando largar," acrescentou dr. Dadiv Burns, professor de Medicina da Universidade da Califórnia em San Diego.

Cinciripini disse que se pode esperar no futuro que os fumantes sejam examinados em busca desse gene em particular, de modo que receberão drogas específicas que possam ajudá-los a conseguir largar o fumo.

As taxas de fumantes vêm declinando nos Estados Unidos, de acordo com a American Cancer Society, mas continuam a subir nos países em desenvolvimento. A Organização Mundial de Saúde calcula que, baseado nos atuais padrões dos fumantes, o fumo matará 500 milhões de pessoas em todo o mundo.

Fonte: CNN

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