O médico italiano
Severino Antinori e o professor aposentado Panos Zavos, que hoje dirige uma corporação
com base em Kentucky que vende tratamento para infertilidade, informaram, durante a
conferência promovida pela Academia Nacional de Ciências, que a clonagem humana será
usada como alternativa para a infertilidade. A conferência começou com um alerta por parte de um dos cientistas, que
pediu a seus colegas que evitassem "ataques pessoais".
A apresentação do projeto pela equipe de
especialistas em reprodução humana, que pretende ajudar 200 casais inférteis de
diferentes partes do mundo a terem filhos por meio da clonagem, foi o ponto alto da
conferência.
A proposta já atraiu críticas na comunidade
cientifica e política, que alertam a equipe quanto às implicações éticas de se criar
uma vida humana em laboratório, e mesmo antes do projeto ser oficialmente anunciado, um
dos cientistas teve que defender seu ponto-de-vista.
"Eles podem nos chamar de cientistas malucos, o
que nós não somos, mas isso é muito importante", afirmou Zavos, um dos grandes
defensores da clonagem humana, em resposta a um colega que alertou que o procedimento era
perigoso.
"Esperamos que em novembro iniciemos a
transferência nuclear, que na verdade é a transferência do núcleo de uma célula
somática em um óvulo de uma mulher com o objetivo de criar um embrião", explicou,
"E o embrião será implantado no útero, gerando uma gravidez."
Segundo o ex-professor, o experimento deve ser
realizado fora dos Estados Unidos, onde uma lei em tramitação pelo Congresso tenta
proibir a clonagem humana para fins reprodutivos e científicos. Ele não esclareceu onde
a experiência acontecerá.
Além da oposição dentro dos Estados Unidos, a
experiência tem sofrido críticas também em outros países. Na Itália, a associação
médica nacional já entrou com uma ação disciplinar contra Antinori por seus anunciados
planos, que também violam uma convenção do Conselho Europeu que proíbe a clonagem
humana, em vigor desde março.
O código de ética médica italiano estabelece
ainda que experimentos médicos só são permitidos para prevenção e correção de
problemas médicos.
O Dr. Ian Wilmut, que criou a ovelha Dolly, o
primeiro mamífero de grande porte clonado com sucesso, também é contra a clonagem
humana e diz que cabe à sociedade impor limites a esse tipo de experimento.
"Se a sociedade decide que não gosta de algo
em particular, ela pode impedi-lo", frisa Wilmut.
Wilmut também questiona o uso da clonagem para
ajudar casais inférteis, afirmando que "não conhece nenhuma causa de infertilidade
que só possa ser solucionada por meio da clonagem".
Fonte: CNN |