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Reportagens Antigas do Jornal Saúde

Bebês geneticamente modificados provocam polêmica na Grã-Bretanha

O orgão que controla tratamentos de fertilidade na Grã-Bretanha anunciou que está disposto a analisar pedidos de cientistas que queiram usar a nova técnica que altera o código genético dos bebês. Segundo pesquisadores americanos, o
procedimento pode até evitar a herança de certas doenças genéticas.

A técnica consiste em injetar material do citoplasma de uma doadora no óvulo da futura mãe com problemas para engravidar. Este material contém mitocôndrias - as estruturas responsáveis pelo fornecimento de energia da célula - que têm DNA próprio.

Mas a diretora da Autoridade Britânica para Embriologia e Fertilização Humana, Ruth Deech, avisou que não há provas de que os benefícios deste tratamento são maiores que os riscos.

Riscos

"Não há dúvidas de que parte do DNA da doadora é implantado no óvulo que vai se tornar um bebê. Há risco, porém, não apenas para o bebê, mas para suas futuras gerações, que a gente não pode calcular neste momento", disse ela à BBC.

Ela acrescentou que a aplicação desta técnica na Grã-Bretanha vai estar sujeita a um exame rigoroso, como qualquer outro tratamento de fertilidade. Deech acrescentou que a primeira preocupação é a segurança.

"O que não podemos permitir é que a 'corrida' por um bebê a todo custo - normalmente impulsionada pelo lucro - se sobreponha à necessidade de segurança, dignidade e responsabilidade", completou.

Pesquisadores do Instituto de Medicina Reprodutiva e Ciências St Barnabas, na cidade americana de Nova Jérsei, confirmaram que pelo menos 30 crianças nasceram a partir deste método.

Mas o processo ainda está em fase experimental e vem provocando críticas entre cientistas. Eles dizem que as crianças nascem com "três pais", e qualificam a técnica de antiética.

"Sem provas"

O pioneiro em tratamentos contra a infertilidade, o britânico Lord Winston, do Hammersmith Hospital, em Londres, disse que tem grandes reservas em relação ao método.

"Não há provas de que a técnica valha a pena", disse ele. "Estou muito surpreso de que tenha sido levada até este estágio".

Lord Winston explicou que, apesar do material genético "da segunda mãe" ser mínimo, por princípio o procedimento é errado.

O material genético da doadora altera minimamente o código genético do bebê, mas vai ser passado às próximas gerações. Segundo os pesquisadores americanos, a mudança é tão ínfima que sequer altera as características da criança.

Fonte: BBC

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