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A
reabilitação psicológica ganha destaque como aliada na recuperação de doentes com
lesões cerebrais
Até pouco tempo atrás, pacientes com
algum tipo de lesão cerebral estavam destinados a ficar na cama. Achava-se que pelo fato
de os neurônios estarem lesados as seqüelas seriam irreversíveis. Felizmente esse
conceito vem mudando. |
E isso está acontecendo porque o cérebro também passou a receber atenção
psicológica, muito em função do desenvolvimento de uma nova área da ciência batizada
de neuropsicologia. Um dos objetivos da especialidade é ajudar o doente a criar
alternativas para driblar as limitações impostas pelas seqüelas. "Se a pessoa
perdeu a memória, a orientamos a usar uma agenda para anotar os acontecimentos",
exemplifica a neuropsicóloga Lúcia Willadino Braga, do Hospital Rede Sarah, em
Brasília. Dessa maneira, torna-se possível para o doente levar uma vida normal e, melhor
ainda, com qualidade. Pela importância que vem adquirindo no tratamento dos doentes, essa
abordagem foi o tema central da 1ª Conferência Internacional sobre Lesão Cerebral,
realizada na semana passada no hospital brasiliense. Cientistas
se reuniram para discutir as melhores maneiras de estimular rapidamente e com eficácia a
reabilitação, principalmente a de vítimas de acidente vascular cerebral (avc),
conhecido como derrame, traumatismo craniano e paralisia cerebral.
As seqüelas vão aparecer de acordo com a área afetada e incluem
conseqüências difíceis como perda da coordenação motora, da fala e da capacidade de
leitura, entre outras.
Um dos estudos apresentados mostrou como é importante a
participação da família no processo de recuperação psicológica dessas vítimas. Nos
últimos seis anos, o pesquisador Gerárd Deloche, da Universidade de Reims Champagne
Ardene, na França, vem analisando o comportamento dos pacientes depois do trauma.
"Aqueles que têm uma relação afetiva boa com os parentes conseguem superar mais
facilmente as doenças e ter uma qualidade de vida melhor", conta Deloche. Outro
trabalho que salienta como a família tem papel fundamental na reabilitação foi
realizado pela neuropsicóloga Lúcia. Ela comparou o desenvolvimento motor e a
inteligência de dois grupos, cada um composto por 90 crianças com lesões no cérebro. O
primeiro recebeu fisioterapia dos médicos e o outro foi tratado pela família, obviamente
orientada pelos profissionais para aplicar os exercícios nos filhos. "Quem fez o
tratamento com os pais melhorou em média 50% a mais a coordenação motora e a
inteligência", afirma Lúcia. "Mas as atividades precisam ser aplicadas de
forma correta para ter efeito", ressalta a neuropsicóloga. A técnica já é usada
na Rede Sarah e uma das intenções da cientista era comprovar seus efeitos.
Fonte: Revista Istoé -
Juliane Zaché |
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