Muita informação para você

Receba nossas reportagens, semanalmente, por
e-mail. Basta assinar nosso Jornal Saúde.
É de graça.

Nome:
e-mail:

Receba semanalmente as última notícias na área da saúde. É de graça.

Reportagens Antigas do Jornal Saúde

news.gif (2394 bytes)

Em busca do corpo ideal: anabolizantes geram músculos sem saúde
  

O espelho reflete músculos enormes e desenhados e no início o corpo escultural pode dar a impressão de saúde de sobra. Mas o uso indiscriminado de anabolizantes detona a saúde, a despeito do que pensam muitos freqüentadores de academias e atletas candidatos a recordistas.

Voz fina, desenvolvimento dos seios e queda de cabelos atacam os homens. Nas mulheres, o aparecimento de pêlos, o engrossamento da voz e outros truques circenses são algumas das conseqüências da ingestão dos anabolizantes. Afinal, estes hormônios sintéticos foram desenvolvidos para tratar certas doenças, com acompanhamento médico rigoroso.

Físico avantajado seduz jovens vaidosos em busca de afirmação. O apelo é sedutor. O árduo trabalho de um ano de malhação pode ser facilmente substituído por ciclos de anabolizantes. O resultado aparece em aproximadamente dois meses. A força e os músculos de Hulk, porém, vão embora num passe de mágica se o uso da droga não for contínuo.

Rapidamente, o corpo perde todo o crescimento artificial produzido pelos anabolizantes. "É perfeitamente possível conseguir o corpo sarado sem os esteróides", afirma o professor de educação física e campeão de aeróbica Paulo Akiau, para quem um corpo saudável e bonito pode ser construído com alimentação regrada e exercícios organizados.

Embora os esteróides não melhorem a habilidade, agilidade ou capacidade cardiovascular, o aumento da massa muscular, da força e da resistência pode ajudar na performance atlética. Por isso, o uso de anabolizantes é considerado doping, proibido por entidades esportivas de todo o mundo.

Um dos casos mais conhecidos é o do velocista canadense Ben Johnson, flagrado pelo teste antidoping após a vitória e o recorde mundial conquistados na prova dos 100m rasos nos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988. Johnson perdeu a medalha, o dinheiro dos patrocinadores e foi suspenso pelo Comitê Olímpico Internacional.

Contaminação por meio de compartilhamento de seringas é um dos perigos dos anabolizantes injetáveis

Os esteróides podem ser injetáveis ou orais. A forma preferida dos usuários é a aplicação intramuscular, em que a substância age mais rapidamente do que por via oral. Mas um perigo adicional está presente entre os adeptos da injeção: o compartilhamento de seringas, que pode levar a doenças como AIDS e hepatite.

O uso médico dos anabolizantes - aliás, o único que deveria existir - é aconselhável no combate de alguns tipos de câncer, anemia, osteoporose e hipogonadismo, doença que faz o homem produzir testosterona em baixa quantidade.

Há uma fase do metabolismo em que os alimentos são transformados em substâncias como hormônios e enzimas. Essa fase chama-se anabolismo. Os esteróides são substâncias sintéticas que reproduzem as características da testosterona, um hormônio sexual masculino. Seu efeito anabólico está ligado à retenção das proteínas dos alimentos e é o que contribui para o aumento dos músculos quando estimulados por exercícios físicos.

Como são substâncias que imitam as características masculinas da testosterona, vários sintomas relacionados à virilização podem surgir. Uma série de efeitos colaterais, tanto físicos como psicológicos, pode aparecer com o uso indiscriminado de esteróides. Para se ter uma noção das altas doses ingeridas por fisiculturistas, um homem saudável não chega a produzir 10 miligramas de testosterona por dia. Há registros de doses até 40 vezes maiores do que as indicadas terapeuticamente.

Na contra-mão da saúde: os efeitos colaterais são muitos e perigosos

Um dos efeitos colaterais mais impressionantes é o aparecimento de características femininas nos homens. Isso acontece porque, depois de muito tempo utilizando esteróides, os testículos deixam de produzir testosterona.

"O uso de testosterona sintetizada ou derivados em excesso para ganho de massa muscular suprime a atividade dos testículos e causa diminuição da produção natural do hormônio. Como o homem produz androgênio (hormônio masculino) e também estrogênio (feminino), ocorre um desequilíbrio. Diminui a testosterona e aumenta o estrogênio", explica a endocrinologista Luciana Bahia, que alerta ainda para a possibilidade de afinamento da voz e diminuição dos pêlos corporais.

Pele - A aspereza é um sinal relacionado à virilização e é irreversível. O aparecimento de acne e de estrias também é comum.

Calvície - Acelera o processo de queda de cabelo nos homens e estimula o processo entre as mulheres.

Comportamento - Aumento da agressividade é um problema comum. A dificuldade em controlar-se pode causar sérios problemas sociais e de relacionamento.

Virilização - O uso prolongado e em altas doses de esteróides pode levar mulheres a assumir características masculinas, como agressividade, crescimento de pêlos pelo corpo e face, engrossamento da voz, aumento do clitóris e irregularidade no ciclo menstrual.

Problemas cardiovasculares - embora reversível com a suspensão do uso de anabolizantes, pode ser fatal. O uso de esteróides aumenta o nível do mau colesterol, o que pode causar a obstrução das paredes das artérias. Está relacionado ainda ao aumento da pressão arterial.

Ginecomastia - hipertrofia excessiva das glândulas mamárias do indivíduo do sexo masculino. O homem com taxa muito alta de testosterona no organismo devido a esteróides deixa de produzir seus próprios hormônios, o que leva à atrofia de seus órgãos masculinos e aumento das características femininas.

Crescimento - O uso de anabolizantes por adolescentes pode dificultar que se atinja todo o potencial de crescimento, já que os esteróides transformam as cartilagens de crescimento em osso calcificado.

Rins - A função de filtrar e eliminar substâncias tóxicas ficará sobrecarregada após muito tempo de uso de esteróides.

Fígado - Outro órgão que fica sobrecarregado, principalmente com o uso de esteróides por via oral, que ainda precisam ser metabolizados pelo organismo. A droga está ainda associada à formação de tumores cancerígenos no fígado, próstata e cérebro.

Impotência - num primeiro momento, há aumento da função sexual. Com o passar do tempo e o uso prolongado, o homem poderá sentir diminuição da libido, redução do esperma e dificuldades de ereção. Nas mulheres, após o aumento súbito da libido, a droga causa também frigidez.

Hormônio de crescimento também é utilizado indiscriminadamente

O uso do hormônio de crescimento é outra forma de doping que vem aumentando. Trata-se de mais um anabolizante cujo uso sem propósitos médicos é proibido. "Tem efeitos similares aos da testosterona sobre músculos e ossos e também é nocivo ao aparelho cardiovascular. Além disso, pode causar um tipo de diabetes conhecido por mellitus", alerta Maria Lúcia Fleiuss de Farias, coordenadora do curso de pós-graduação em endocrinologia da UFRJ.

O que tem evitado a maior incidência no Brasil é o alto preço dos hormônios de crescimento. Por mês, pode gastar-se até quatro mil dólares. E vários efeitos colaterais também são relacionados a eles, como hipotireoidismo, tendência à obesidade e aumento de até quatro vezes no risco de câncer de próstata.

Para Paulo Akiau, quem se alimenta bem não precisa fazer uso de suplementos. "Por princípios, só utilizei treinamento e alimentação controlada e conquistei meus objetivos na minha vida como atleta, além de um corpo que me satisfazia plenamente", garante.

"A alimentação rica em proteínas de origem animal estimula naturalmente a produção do hormônio de crescimento pelo organismo e facilita o crescimento e ganho muscular", afirma Maria Lúcia Fleiuss de Farias.

Portanto, se o seu objetivo é ganhar massa muscular, deixe a preguiça de lado e mãos à obra. Procure uma academia de ginástica séria e visite um nutricionista. A malhação bem feita acompanhada de uma alimentação correta garante resultados saudáveis e duradouros, sem a necessidade de jogar uma bomba para dentro de você.

Fonte: CNN

news_final.GIF (2048 bytes)

Para voltar, use o botão voltar de seu navegador.