Muita informação para você

Receba nossas reportagens, semanalmente, por
e-mail. Basta assinar nosso Jornal Saúde.
É de graça.

Nome:
e-mail:

Receba semanalmente as última notícias na área da saúde. É de graça.
Alfabetizados e analfabetos têm caminhos cerebrais diferentes para
resolver problemas
  
Como o cérebro de pessoas com diferentes formações processam atividades semelhantes? Responder essa questão foi o objetivo do estudo realizado pela neuropsicóloga Lúcia Willadino Braga, diretora-executiva da Rede Sarah de hospitais, em Brasília, cujos resultados foram apresentados durante
o 24º Congresso Internacional de Neuropsicologia, realizado no Hospital Sarah Kubitschek.

Apesar de cada indivíduo processar de maneira particular tarefas similares, explica Lúcia, de um modo geral as áreas do cérebro ativadas são as mesmas. Por isso, um dos primeiros procedimentos quando o paciente sofre uma lesão cerebral é fazer uma ressonância magnética. Isso permite ao médico, além de verificar as regiões atingidas, identificar as possíveis funções prejudicadas.

Com sua experiência no tratamento de pessoas lesionadas, Lúcia percebeu que alguns pacientes com áreas atingidas semelhantes apresentavam diferentes dificuldades motoras. Analisando detalhadamente a ficha de cada um deles, ela verificou que pessoas com formação educacional semelhante tendiam a ter as mesmas funções prejudicadas. Partindo dessa constatação, a médica decidiu desenvolver sua pesquisa.

Lúcia selecionou 49 indivíduos adultos sadios: 19 analfabetos puros e trinta pessoas com nível universitário. Pela ressonância magnética funcional, ela analisou como o cérebro de cada um deles respondia às mesmas tarefas. Com esse equipamento, se consegue ver que áreas do cérebro são irrigadas pelo sangue quando do raciocínio.

Em ambos os grupos foi revelada função bilateral no cérebro, mas nos não alfabetizados, além dos lobos frontal e temporal, também foi ativado o lobo occipital, relacionado à visão, mostrando que estes necessitam visualizar o problema para poder resolvê-los. "Isso não quer dizer que o alfabetizado pensa melhor que o analfabeto, apenas demonstra que existem caminhos diferentes para se resolver o mesmo problema", salienta a pesquisadora

Para os alfabetizados algumas das questões colocadas - dez pessoas num fusca é muito? Ou 200 pessoas no estádio do Maracanã é pouco? - sequer mostraram atividade cerebral. Já os analfabetos para processarem os mesmos problemas precisavam imaginar um fusca, ou o Maracanã, e ir contando pessoas para concluir se era pouco ou muito. "Um deles me contou que foi colocando toda a família dentro do carro até concluir que era muita gente", ilustrou a médica.

Com os resultados desse estudo, Lúcia acredita ser possível otimizar a recuperação de lesionados já que o tratamento poderá ser diferenciado, de acordo com a forma que ele utiliza seu cérebro. "Antes de iniciar o tratamento, o paciente deve passar por uma ressonância funcional para verificar de que forma ele desenvolve suas tarefas", explicou.

A influência cultural e educacional sobre a forma de processamento cerebral também foi defendida por outros pesquisadores no Congresso de Neuropsicologia. Gérard Deloche, da Universidade de Reims, na França, diz que "não podemos estudar aspectos mentais sem levarmos em conta conceitos como o de cultura, escolaridade, emoções, conceitos de qualidade de vida e reabilitação". O melhor atestado recebido pela pesquisa de Lúcia foi dado pela revista Nature Neuroscience, que prometeu para breve matéria de capa sobre os estudos.

No congresso, Lúcia Braga apresentou outro estudo, em parceira com o professor Gérard Deloche, um dos professores da Universidade Sarah, em que foi avaliada a importância da família no tratamento de crianças com lesão cerebral. Divididas em dois grupos, 180 crianças foram analisadas durante um ano. Um dos grupos recebeu tratamento apenas de profissionais especializados.

O outro foi acompanhado por familiares, previamente treinados para desenvolver as atividades relacionadas à recuperação dos menores. Ao final do período, as crianças estimuladas por familiares em casa tiveram melhor recuperação. "Isso demonstra que é essencial a interação entre profissionais e familiares na reabilitação das crianças", destaca Lúcia. Como resultado desse estudo, a Rede Sarah estará ministrando cursos para pais interessados em aprender a estimular seus filhos.

(Com informações da Agência Brasil)

Fonte: CNN

Para voltar, use o botão voltar de seu navegador.