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O Ritonavir
e o Lopinavir formam o Kaletra, remédio que promete ser um marco contra
a doença
O combate ao HIV, o vírus da aids,
é uma história na qual estão relacionadas várias vitórias. Nesta semana, médicos e
pacientes conheceram mais uma. Durante |
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a 40ª Conferência
Intercientífica de Agentes Antiinfecciosos e Quimioterapia, realizada no Canadá, o
Abbott Laboratórios lançou o Kaletra, remédio que promete ser um marco contra a
doença. A droga, que chegará ao Brasil em dezembro, é considerada dez vezes mais
potente do que outras da mesma categoria, apresenta pouca chance de provocar resistência
entre os vírus um dos maiores problemas enfrentados hoje e ainda pode ser
tomada duas vezes por dia, sem que o doente tenha de se preocupar em tomá-la na hora
marcada. Essa praticidade de administração é importante. Hoje, em geral, o esquema de
tratamento prevê a ingestão de pílulas de manhã, de tarde e de noite. Por
esquecimento, ou medo de ser reconhecida como soropositiva, muita gente não toma a dose
da tarde, prejudicando o controle do HIV. O Kaletra é uma associação de duas drogas:
o ritonavir e o lopinavir. As substâncias estão incluídas na categoria dos inibidores
de protease, uma das enzimas usadas pelo vírus para se multiplicar. Ou seja, elas impedem
a ação dessa enzima. A combinação é bastante feliz. Isso porque o ritonavir, já no
mercado, serve como uma "escada" para outros remédios de sua classe porque
potencializa a ação desses medicamentos. Por isso, ele costuma ser usado com outros
inibidores de protease, para aumentar o poder de fogo contra o HIV. E o lopinavir também
é, por si próprio, poderoso. O resultado promete. Estudos sobre a eficácia da droga
estão mostrando que, depois de um ano, 90% dos soropositivos tratados com o novo remédio
continuavam apresentando quantidades indetectáveis de vírus no sangue. É significativo,
principalmente se for lembrado que, com o inibidor de protease mais potente até agora, o
nelfinavir, o índice de doentes com carga viral indetectável depois de um ano é de
cerca de 70%. E quanto menos vírus, melhor.
Parte do desempenho do Kaletra também se deve ao fato de o remédio ser bastante
tolerado pelos pacientes, o que permite seu uso numa concentração bem maior. A nova
droga ainda causa menos efeitos colaterais, como náuseas e vômitos. "Esse conforto
estimula o doente a seguir o tratamento mais corretamente", afirma o infectologista
Artur Timerman. O médico coordena um dos estudos com o remédio que estão sendo feitos
no Brasil. Outra vantagem é a de que, por permanecer mais tempo no sangue, o Kaletra pode
ser administrado duas vezes por dia, sem que o paciente fique obrigado a tomá-lo nas
horas marcadas. Se esquecer de ingeri-lo às 20 h, por exemplo, é possível usá-lo até
nas 24 horas seguintes sem prejuízo do tratamento. Há esquemas de tratamento nos quais
outros inibidores de protease também são administrados duas vezes ao dia, mas a
tolerância em relação a atrasos chega, em média, a duas horas. O objetivo é ministrar
o Kaletra de manhã e à noite, junto com alguma droga da classe dos inibidores da
transcriptase reversa (que também impedem a multiplicação do vírus).
Um dos mais importantes diferenciais da droga é seu baixo risco de causar
resistência. Para sobreviver ao ataque químico dos remédios, o HIV lança mão de
várias mutações para se tornar resistente à ação das drogas. Em relação às
conhecidas, bastam cerca de duas mutações para o vírus ficar indiferente. Com o
Kaletra, é mais difícil. "São necessárias seis ou sete mutações", explica
o infectologista Caio Rosenthal. É por essas vantagens que o remédio entusiasma.
"Estamos aguardando o Kaletra com enorme otimismo", afirma o infectologista
João Silva de Mendonça, também responsável por um estudo clínico sobre a nova droga.
Fonte: Revista Istoé -
Cilene Pereira |
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