"Sabe o que significa ter
HIV?", perguntou Josephine Chiturmani, uma mãe do Zimbábue, infectada pelo HIV e
que estabeleceu uma relação especial com o mortal vírus que causa a Aids. "Que é
preciso viver com esperança, pois é necessário sobreviver". Voluntária da Federação Internacional da Cruz Vermelha e das Sociedades
do Crescente Vermelho, Chiturmani tem 42 anos e perdeu o marido há dois, vítima da Aids.
Mãe de quatro filhos, ela participou da reunião
bienal da entidade, em Genebra, cuja agenda tinha como prioridade um maior esforço
internacional para combater a doença.
O maior organismo de ajuda no mundo está lançando
uma nova campanha na qual empresta seu nome e prestígio à luta contra o estigma da Aids.
"O estigma faz com que as pessoas se recusem a
falar sobre sua doença e a se submeter a exames médicos", disse o diretor do
departamento de saúde de federação, Alvaro Bermejo, à Reuters. "Outras pessoas se
mostram resistentes na hora de ajudar".
Mas, Chiturmani, que trabalha com pacientes de Aids
em sua província natal de Masvingo, ao sul de Harare, disse que ela não teve problema
para enfrentar sua realidade.
"Converso com meu vírus e lhe digo que ambos
precisamos um do outro", conta a voluntária, sorrindo. "Se eu morrer, ele
também morre".
Chiturmani, uma mulher alta e cheia de vitalidade,
participou de um ato emocionante na reunião da federação, na sexta-feira, o qual
também incluiu o vídeo de outra voluntária da Cruz Vermelha no Zimbábue, Massango
Mundega, que morreu vítima da Aids há poucas semanas.
"Achei muito melhor ajudar outras pessoas que
estavam doentes", disse Mundega, que se uniu à Cruz Vermelha em seu país em 1992.
"O caso é sério porque não há quem queira tratar de pessoas com HIV... E há
muitas pessoas. Tive três filhos e todos morreram".
22
milhões de mortos
Embora Chiturmani, diagnosticada com HIV há três
anos e que ainda não apresenta sintomas da doença, irradie otimismo e esperança, a
expressão no rosto de Mundega trouxe à tona o horror de uma enfermidade que atinge a
cerca de 36 milhões de pessoas, a maioria delas na África subsahariana.
Calcula-se que aproximadamente 22 milhões de
pessoas morreram de Aids em todo o mundo, desde que a doença foi descoberta, há 20 anos.
Mundega costumava visitar pacientes de Aids nas
zonas rurais em volta de Harare até que se sentiu demasiadamente doente para continuar
sua missão.
Apesar da queda dos preços dos medicamentos usados
no tratamento da Aids, esses remédios ainda estão fora do alcance da classe média
africana.
Representante africanos disseram que, mesmo após o
apelo do secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, não está sendo feito o
suficiente para ajudar os estados africanos a lutar contra a Aids.
"Quando se vive com um dólar por dia, uma
pessoa não pode esperar tratamento algum", disse Chiturmani.
Fonte: CNN |