Maria Alice Milliet - O único, O mesmo, O A – Fundamento
01/08/1996 Nazareth Pacheco tem buscado expressar a oscilante percepção do individual e do coletivo tomando o corpo como referência. A mostra o corpo como destino de 1994, embora predominantemente calcada em documentos autobiográficos, deixava vislumbrar essa dupla orientação: às múltiplas intervenções cirúrgicas e tratamentos médicos a que foi submetida para sanar deficiências congênitas somavam-se tratamentos de beleza. Na construção do corpo, o terapêutico aproxima-se do estético submetendo o indivíduo ao padrão adotado pela coletividade. Na presente instalação, as mãos dos seus amigos foram moldadas em gesso e pendem do teto em contraste com as dela pousadas abaixo. Este contraponto entre o plural e o singular põe em cheque alguns conceitos antigos e faz surgir indagações: numa sociedade onde o corpo é produzido genética, terapêutica e cosméticamente, subsiste o normal/natural? Numa cultura de consumo e expressão massificada existe ainda o subjetivo? É bom lembrar que na política do eu, o outro é sempre referido até porque as sensações de prazer e dor tem no objeto do desejo a sua fonte. |