Biografia

 

Margarida Sant’Anna

 

1961

Nazareth nasce em 27 de novembro, na cidade de São Paulo. É a caçula de cinco filhos do casal Maria Sylvia Bueno de Miranda (em solteira) e Alvaro Pacheco e Silva.

 

1977-1984

Em 1977 e 1978, frequenta o curso livre de Claudia Pires de Mello.

De 1981 a 1983, cursa Licenciatura em Artes Plásticas, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. Tem como mestres Caciporé Torres, Eliana Zarone, Itajaí Martins e João Rossi, entre outros.

Em 1982, frequenta o ateliê do escultor Santos Lopes, onde conhece o designer Humberto Campana.

Em 1983, participa da mostra Mack Arte, que reúne alunos de diversas disciplinas da Faculdade de Comunicações e Artes do Mackenzie. Pietro Maria Bardi visita a exposição e se entusiasma com o resultado:

Parece-me (...) ser muito acertado o registro de um fato universitário que é, ao mesmo tempo, um grato acontecimento de arte e de confiança na geração que desponta e que certamente irá vencer. (1)

Em 1984 começa a trabalhar com bronze, em peças de pequeno formato, tendo o corpo humano como inspiração.

De maio de 1984 a janeiro de 1985 é encarregada de vendas de obras, livros e publicações de arte no MAM-SP.

 

1985

Em novembro, realiza a primeira individual no Espaço Cultural Julio Bogoricin, em São Paulo, apresentando 13 esculturas de bronze, de pequenas dimensões. As formas curvilíneas fazem alusão ao corpo humano, explorando as oposições cheio x vazio, côncavo x convexo.

Ao longo do ano, frequenta o curso de formação de monitoria da 18ª Bienal Internacional de São Paulo, sob a orientação de Tadeu Chiarelli e Lilian Tone, oportunidade para se confrontar de fato com uma linguagem de arte contemporânea.

Pouco a pouco, seus estudos de escultura em bronze começam a ceder lugar a pesquisas mais livres de materiais e temas.

 

1986

Inicia experiências com readymades após participar de workshop ministrado por Guto Lacaz, que se autodenominava Professor Pardal, no também imaginário Colégio Pataphísico.

Expõe os novos trabalhos nas mostras A escultura ao alcance de todos (Salão Nobre IV Centenário, São Paulo), exposição dirigida a deficientes visuais, e em coletiva na Galeria Aquarela, em Campinas.

Entre agosto e junho do ano seguinte trabalha como diretora executiva da Unidade Dois Galeria de Arte, de Julio Louzada Neto, em São Paulo.

 

1987

Viaja para Paris e, entre outubro e dezembro, frequenta o ateliê de escultura da École National Supérieure des Beaux-Arts. Ali tem início sua pesquisa experimental. Desenvolve estudos com estruturas lineares feitas com rolhas de vinho e arame, sob a orientação de Claude Viseaux.

 

1988

De volta a São Paulo, começa a trabalhar com estruturas de madeira, ferro e latão, associadas a pinos de borracha vulcanizada preta, aproveitando a sucata de uma fábrica de peças automotivas:

O grande interesse de experimentar materiais tão díspares foi o ponto de partida para a execução dessas obras tridimensionais. Iniciei o trabalho recortando pinos pontiagudos pretos de placas de borracha, os quais foram fixados com parafusos em placas de madeira cobertas por lençol de borracha e em placas de aço inoxidável. (2)

Em março, trabalha na montagem da importante exposição Modernidade – arte brasileira do século XX, no MAM-SP, sob a direção técnica de Denise Mattar. A exposição, apresentada anteriormente em Paris, teve a curadoria de Aracy Amaral, Frederico Morais, Marie-Odile Briot e Roberto Pontual.

Em maio, expõe 26 objetos tridimensionais na individual Nazareth Pacheco, na AB-OHM Galeria de Arte, em São Paulo. A exposição marca um momento de transição em seu trabalho: apresenta assemblages de objetos do cotidiano, estruturas geométricas e os primeiros trabalhos empregando borracha. Se antes a artista trabalhava a partir da forma, agora seu ponto de partida são os materiais que ela experimenta.

No segundo semestre, participa de diversos salões: 6º Salão Paulista de Arte Contemporânea, na FBSP; 5º Salão Brasileiro de Artes Plásticas, promovido pela Fundação Mokiti Okada (São Paulo e, posteriormente, no Rio de Janeiro e em Brasília); 13º Salão de Arte de Ribeirão Preto, na Casa da Cultura; 45º Salão Paranaense, organizado pelo MAC do Paraná (Curitiba).

No Panorama de arte atual brasileira/Formas tridimensionais, realizado no MAM-SP, apresenta, na parte externa do museu, escultura de aço carbono de grandes dimensões.

A artista passa a explorar a maleabilidade da borracha, ao mesmo tempo em que trabalha com estruturas parietais:

O passo seguinte foram as peças construídas com tiras de borracha. Moles e filiformes, tinham uma característica peculiar. Além de possibilitarem inúmeras montagens ou de serem livremente depositadas no chão, estas peças podiam ser manipuladas pelo espectador.

Tal não foi o caso das peças construídas com filetes de aço, cobre e latão, que, ao serem fixadas na parede horizontalmente, na altura dos olhos do observador, perderam a característica de serem manipuláveis. (3)

 

1989

Entre março de 1989 e julho de 1990, expõe individualmente a nova produção em diversas unidades da Itaugaleria: Ribeirão Preto(4), Belo Horizonte, São Paulo, Brasília, Goiânia e Vitória. Apresenta 18 objetos de borracha, associados ao aço, ao mármore e ao couro. Stella Teixeira de Barros escreve no folheto que acompanha a exposição:

A pesquisa incansável que Nazareth vem elaborando apurou-se nos últimos tempos: o interesse na experimentação e confrontação de materiais diversos mostra sua determinação em transpor as resistências de cada um deles. [...] As tentativas de aproximação das chapas metálicas ou do mármore com a borracha e desta com o couro resultam num jogo de massas diversificadas, tanto pela forma, como pela cor ou textura. [...] A destreza com que a artista manipula dinamicamente essa articulação dual do geométrico e do orgânico dá margem também à emergência de outros elementos antagônicos em perpétuo devir – frio/quente, poroso/liso, branco/preto, brilhante/opaco... – que todavia, pela própria condição movente, não dispensam sugestões de nuanças intermediárias. (5)

Expõe na coletiva Nem esculturas, nem objetos, ao lado de Lucas Lacaz e Rosana Mariotto, na Intersignos Objetos de Arte (São Paulo), com curadoria de Marco de Andrade e Elisa Campos.

Passa a ocupar ateliê – ao lado de Antonio Malta, Antônio Sergio, Luiz Sôlha, Marcelo Cipis, Paulo Whitaker e Sergio Niculitcheff – em galpão à rua Frederico Steidel, no bairro de Santa Cecília, e participa do Circuito Atelier Aberto, evento paralelo à 20ª Bienal Internacional de São Paulo. O Instituto de Arquitetos do Brasil (São Paulo) expõe também trabalhos dos artistas participantes, com curadoria de Adriana Penteado.

A artista integra diversos salões naquele ano: 7º Salão Paulista de Arte Contemporânea (FBSP); 14º Salão de Arte de Ribeirão Preto (Senac); 5º Salão de Arte Contemporânea de Americana (MAC de Americana); 21º Salão Nacional de Arte (Museu de Arte, Belo Horizonte); e 46º Salão Paranaense (MAC do Paraná).

É premiada no polêmico Salão Nacional de Artes Plásticas, em sua 11ª edição, realizado nas galerias da Funarte, no Rio de Janeiro. Integram a comissão curadora: Eduardo Sued, Iole de Freitas, Paulo Venâncio Filho, Sérvulo Esmeraldo e Sônia Salzstein. (6)

Alberto Beuttenmüller escreve:

Há uma outra vertente: a minimalista, presente nos objetos de Nazareth Pacheco, na encáustica de Mônica Razuk com folhas de ouro sobre masonite, na escultura de madeira de Jorge Emanuel. Poderíamos dizer, caso a palavra não estivesse desgastada, que o salão traz a vanguarda jovem brasileira para o terreno da reflexão contemporânea. Isso, temos a certeza, não aconteceria se o referido evento fosse realizado nos moldes anteriores. (7)

Ao longo do ano, entre uma exposição e outra, trabalha (ao lado de Pieter Tjabbes) como assistente de Stella Teixeira de Barros, curadora nacional da 20ª Bienal Internacional de São Paulo.

 

1990

Em janeiro, integra coletiva na passagem subterrânea da Rua da Consolação (São Paulo), que reune 55 artistas, entre eles Artur Lescher, Dora Longo Bahia, Iran do Espírito Santo, Paulo Whitaker e Waldemar Zaidler.

Em fevereiro, participa da coletiva Artistas no Centro no CCSP. Entre os selecionados no Programa Anual de Exposições também estão Alberto Martins, Carlos Uchôa, Claudio Cretti, Herman Tacasey, Mariannita Luzzati, Marina Saleme e Stela Barbieri. Integram a comissão de seleção: José Américo Motta Pessanha, Rodrigo Naves e Sônia Salzstein.

Em abril, realiza individual nessa instituição, apresentando objetos que agregam a borracha a materiais como cobre, aço e outros metais. No folheto que acompanha a exposição, Tadeu Chiarelli escreve:

Concebendo objetos cujas estruturas são realizadas com materiais maleáveis (chapas delgadas de metal, chapas ou filetes de borracha) onde são adicionados outros materiais, a artista rompe com uma condição inerente ao objeto de arte moderno, que nem os minimalistas e a maioria dos pós-minimalistas (sobretudo os brasileiros) conseguiram romper: a integridade do objeto de arte, ou seja, sua autorreferência, sua independência em relação ao espaço e ao observador. (8)

Em junho, expõe na coletiva Macunaíma 90, primeiro acontecimento das artes plásticas do recém-criado Instituto Brasileiro de Arte Contemporânea – IBAC (ex-Funarte), no Rio de Janeiro, reunindo trabalhos de 38 artistas de diversos pontos do país – entre eles, Beralda Altenfelder, Fernando Limberger, Gustavo Rezende, Iran do Espírito Santo, Roberto Bethônico, Rochelle Costi e Shirley Paes Leme –, dos quais 18 são convidados a expor individualmente, entre eles, a artista. O Projeto Macunaíma teve o júri daquele ano composto por Adriano de Aquino, Alair Gomes e Lélia Coelho Frota.

Também em junho, os artistas Antonio Malta, Antônio Sergio, Luiz Sôlha, Marcelo Cipis, Nazareth Pacheco, Paulo Whitaker e Sergio Niculitcheff promovem, durante uma semana, uma exposição coletiva no ateliê. O evento não é uma alternativa ao esquema habitual de galerias e museus, ou uma estratégia muito particular de mercado (mesmo porque, todos têm várias exposições marcadas). Para os sete artistas, a intenção é apenas mostrar o espaço no qual trabalham. Descartam também a ideia de grupo. Uma razão importante para exporem é o espaço, 500 m2 de área, com altas e longas paredes caiadas de branco. “Aqui o trabalho cresce”, (9) diz a artista. Aliás, é ela e Regina Teixeira de Barros, sua sócia na empresa Objeto Direto, as organizadoras do evento. No dia da abertura, Nazareth veste roupa de borracha vulcanizada preta, desenhada por ela. A artista permanece no ateliê até 1991.

Em julho, integra o 8° Salão Paulista de Arte Contemporânea, na FBSP.

Em agosto é premiada no 15º Salão de Arte de Ribeirão Preto (Casa da Cultura). Fizeram parte do júri de premiação Bassano Vaccarini, Edgard Pagnano, Evandro Carlos Jardim, Ivo Mesquita e Marcelo Grassmann.

Nesse mês expõe ao lado de Antônio Sérgio e Paulo Whitaker, no MACC.

Durante o segundo semestre, participa de workshops com Iole de Freitas e Carmela Gross, no CCSP, e com José Resende, na Oficina Cultural Oswald de Andrade [antiga Três Rios], em São Paulo.

 

1991

Constitui, com Edith Derdyk, Eliane Prolik e Henrique Suzuki, ateliê na rua João Moura, no bairro de Pinheiros, espaço que ocupa até 1994.

Participa de workshops com Amilcar de Castro, Nuno Ramos e Waltercio Caldas, todos no CCSP.

Em abril, expõe individualmente na Galeria Macunaíma, IBAC, apresentando objetos de borracha.

Integra o 16º Salão de Arte de Ribeirão Preto (Casa da Cultura) e o 48º Salão Paranaense (MAC do Paraná), no qual apresenta três peças de látex e chumbo.

Participa da 22ª edição do Panorama da arte atual brasileira, dedicado às formas tridimensionais, com três trabalhos empregando borracha natural e chumbo. Expõe ao lado de Ana Maria Tavares, Angelo Venosa, Artur Lescher, Edgard de Souza, Ernesto Neto, Frida Baranek e Sandra Tucci, além dos veteranos Amilcar de Castro, Carmela Gross, Carlos Fajardo, Iole de Freitas, Nelson Leirner e Tunga.

Sobre a recente experiência com o látex, a artista escreve:

Depois de ter trabalhado com a borracha vulcanizada, resolvi utilizar, na confecção dos novos objetos, a borracha em sua forma natural. Meu primeiro contato com a borracha natural foi numa usina, no Ipiranga, bairro de São Paulo, onde pude acompanhar todo o seu processo de beneficiamento, desde a chegada do látex líquido ou coagulado, que passa por uma prensa que o transforma em mantas rugosas, secas em estufas especiais. Estas mantas de borracha natural, quando saem da estufa e são isoladas uma das outras por camadas de plástico, permitiram, por meio da manipulação, modelagens especiais. Foi o caso do primeiro trabalho que realizei com as mantas de borracha, que foram sendo torcidas, moldadas e, mais tarde, estranguladas por uma longa brida de chumbo. [...] As lâminas de borracha natural transpiram e soltam um odor muito forte. São pedaços e mais pedaços de “peles” rugosas que começo a cortar, que começo a trançar. São metros e mais metros de cordas emendadas com argolas de latão. (10)

Em outubro, trabalha na produção da exposição O desejo na Academia: 1847-1916, com curadoria de Ivo Mesquita, na Pinacoteca do Estado de São Paulo.

Em dezembro, integra o projeto Núcleo ABC – Arte Brasileira Contemporânea, também na Pinacoteca do Estado, com uma instalação (objetos de veludo vinho e preto), ao lado de Fernando e Humberto Campana.

 

1992

Entre 1992 e 1993, a artista realiza trabalhos de caráter autobiográfico, relativos a intervenções cirúrgicas e tratamentos estéticos a que foi submetida. (11)

Participa dos seguintes salões: 17º Salão de Arte de Ribeirão Preto (Casa de Cultura); 24º Salão de Arte Contemporânea – Instalações (Engenho Central, Piracicaba), com instalação com grãos de café; e 49º Salão Paranaense (MAC do Paraná, Curitiba).

 

1993

Expõe individualmente no Gabinete de Arte Raquel Arnaud (São Paulo), inaugurando um novo espaço expositivo no subsolo da galeria, dedicado a jovens artistas. Apresenta 15 trabalhos da série posteriormente denominada Objetos aprisionados, (12)  e uma peça de látex. (13)

Maria Alice Milliet escreve no catálogo que acompanha a exposição:

Dispondo duas séries de caixas contendo objetos e documentos diversos, fixadas ao muro, a artista cria um corpo histórico. A anamnese se manifesta pelo recolhimento de fragmentos e resíduos de sua história pessoal articulados segundo uma sintaxe própria. [...] A primeira sequência de caixas refere-se a tratamentos médicos, visando à recuperação física, e a segunda, aos chamados tratamentos de beleza. Entretanto, na narrativa a distinção se dilui insinuando-se a analogia entre os procedimentos terapêuticos e esteticistas no que tange à submissão do corpo a intervenções justificadas pelo alcance dos resultados funcional e estético. [...] No centro do espaço expositivo, um conjunto de blocos de látex forma um grande paralelepípedo e impõe-se pelo rigor formal. Metáfora do corpo. (14)

Carlos Uchôa Fagundes Jr. relaciona o conjunto apresentado com o trabalho de outros artistas contemporâneos:

A mostra nasceu dos processos de recuperação física da artista, numa corrente que vem vindo forte pelo mundo, e traz de volta o corpo como experiência vivida na obra. Dissolve toda assepsia onde o corpo é mero veículo de operações cerebralinas. Retrama memória e identidade corporais. Também passa longe da banalização que veio depois da revolução sexual dos anos 60, em trabalhos transgressores, mas expositivos e indolores. Agora a corporalidade do artista marca um contato sensível no próprio corpo da obra, de maneira direta ou mediatizada, como nos americanos Kiki Smith, Nan Goldin e Charles Ray, no inglês Damien Hirst, ou na veteraníssima Louise Bourgeois. (15)

Em artigo para a revista italiana Esteticanews, Annateresa Fabris reflete sobre a obra da artista:

[...] em Nazareth Pacheco, o dado biográfico se confunde com aquele verdadeiro trompe l’oeil que é a construção cosmética. Não há diferença entre ambos, uma vez que a aparência feminina não pode se subtrair a certas normas e ritos graças aos quais a sexualidade é fetichizada e reportada a uma naturalidade absolutamente artificial. O distanciamento exibido pela artista paulista em relação à sua experiência pessoal, o confronto entre dois tipos de elaboração corporal, fazem de seu trabalho uma indagação madura sobre a possibilidade do corpo feminino se afirmar enquanto sujeito de uma ação autônoma e autotransformadora.

Ao se apropriar de si mesma, ao fazer da dor uma lembrança remota, embora presente, Nazareth Pacheco confronta o corpo da mulher com a ideia da transformação inelutável, diante da qual o hedonismo se vê derrotado pela metamorfose, a promessa de eterna juventude se vê acossada por um novo ritual de tortura: a aflição de salvar a aparência a todo custo, na vã tentativa de derrotar a morte.(16)

A própria artista reflete mais tarde sobre a exposição:

A partir do momento em que estes trabalhos foram expostos em uma galeria, dei-me conta de que a minha vida íntima acabaria por se tornar pública. Eu não tinha a menor intenção de ilustrar a minha vida por meio da minha obra. Arte não é reflexo de vida e nem terapia. Concordo com que questões ligadas à vida podem ser perceptíveis na interpretação da obra, mas é necessário separar arte e vida. Eu não sou a obra. (17)

Em novembro, transfere-se para uma casa na Vila Cândida, situada à Rua João Moura, onde monta seu novo ateliê. Vive e trabalha nesse endereço até o início de 2006.

 

1994

Em uma nova série de trabalhos, passa a explorar o próprio corpo, a partir de moldes em gesso de mãos, seios, umbigo e pés. Ao mesmo tempo, produz uma série de obras em construções seriais, empregando objetos utilizados em corpos femininos, como saca-miomas, espéculos e dispositivos intrauterinos. (18)

Em agosto, expõe na coletiva Objeto gravado, no Museu da Gravura Cidade de Curitiba, com curadoria de Regina Teixeira de Barros. Ao lado de Ana Maria Tavares, Artur Lescher, Eliane Prolik, Elida Tessler, Fernando Lindote, Flávia Ribeiro, Inês Raphaelian, Laurita Salles e Rosângela Rennó, entre outros, Nazareth apresenta cerâmicas com impressões digitais de seus familiares e moldes de bicos de seios e de umbigos, feitos com atadura gessada.

Em outubro, integra a exposição Espelhos e sombras, realizada no MAM-SP, com curadoria de Aracy Amaral. No ano seguinte, foi apresentada no CCBB, no Rio de Janeiro. A artista realiza uma instalação com espéculos, uma com apoios de pernas de mesas ginecológicas, além de moldes dos seios fundidos em bronze e ataduras gessadas dos bicos dos seios. No catálogo, Aracy Amaral escreve sobre a presença da artista na exposição:

É o corpo, nossa relação com ele, a sensualidade inerente à sua intimidade ou os confrontos que por meio dele parecem desafiar-nos, o que parece estar à flor da pele nas obras de Nazareth Pacheco. O corpo visto por meio de instrumentos que são utilizados para examinar seus órgãos ou para abordá-lo cientificamente. Nunca os artistas estiveram tão próximos da medicina, das salas de cirurgia, das UTI’s, dos laboratórios de análise e pesquisas químicas.

Os exercícios de embelezamento, que se confundem com as técnicas de tortura, são também tema de Nazareth, depois de sua exposição individual catártica realizada no ano passado. E, no entanto, eis aqui uma artista que não constrói um discurso movido por reivindicações de ordem individual ou social. Suas propostas têm um envelope formal de limpeza asséptica, quase a ocultar-nos o agente que aflora de sua sensibilidade a uma prática poética tão contundente. (19)

Com curadoria de Tadeu Chiarelli, a artista integra a coletiva A fotografia contaminada, no CCSP, ao lado de Anna Bella Geiger, Nuno Ramos, Regina Silveira, Rosana Paulino, Rosângela Rennó, Rubens Mano e outros. Apresenta cinco trabalhos da série Objetos aprisionados.

Ao longo do ano, coordena a equipe de monitoria da 22ª Bienal internacional de São Paulo, ao lado de Carlos Eduardo Uchôa Fagundes Jr.

 

1996

Em março, a Galeria de Arte do Espaço Cultural da Cemig, em Belo Horizonte, apresenta duas individuais simultâneas com curadoria de Regina Teixeira de Barros: Nazareth Pacheco e Rosana Mariotto.

Em outubro, integra a coletiva O único, o mesmo, o a-fundamento na Valu Oria Galeria de Arte (São Paulo). Maria Alice Milliet, curadora da exposição, analisa o jogo dialético entre repetição e diferença, a partir de conceitos de Gilles Deleuze.

A crítica de arte Angélica de Moraes comenta a presença da artista na exposição:

Nazareth Pacheco criou a bela e corajosa instalação que incide com vigor na questão deleuziana e pode ser entendida como uma das imagens emblemáticas da coletiva. Pacheco, que possui malformação congênita das mãos, afirma a individualidade por meio dessa diferença: moldou as mãos de amigos em bandagens gessadas e as fez pender do teto, qual leves peles brancas, repetitivas em sua ‘normalidade’. Sob essas formas aéreas, a artista instalou a moldagem, em gesso maciço, de suas mãos. (20)

 

1997

Passa a experimentar novos materiais – como lâminas de bisturi e de barbear, agulhas de sutura e anzóis, associando-os a cristais, miçangas, canutilhos etc. –, realizando os primeiros Colares.

Cristais, agulhas, lâminas e anzóis. É o ponto de partida. À minha volta tudo brilha. Começo a tecer. Enfio cristais, miçangas, lâminas, agulhas e anzóis. Nada foi projetado. [...] é o próprio trabalho que define o momento seguinte. Errei, é hora de corrigir, de voltar. Embora o processo criativo seja livre, a construção existe e tem que ser controlada e respeitada.

Aí, furo a mão, corto o dedo. São horas e mais horas trabalhando. Cortando, tecendo, introduzindo e construindo. [...] É um processo muito lento, necessita de muita paciência, a qual eu não acreditava ter. A luz se apaga, os pássaros cantam. É hora de dormir. (21)

Em fevereiro, integra pela primeira vez o projeto Cutting Edge na Arco’97 (Feria Internacional de Arte Contemporáneo, Madri), edição que homenageia a América Latina. O colecionador venezuelano Alfonso Pons adquire um Colar da artista, aquisição noticiada no jornal El País. (22)

Em junho, apresenta uma coleção de 21 Colares em individual na Valu Oria Galeria de Arte. No texto do catálogo, Tadeu Chiarelli faz um paralelo da produção atual com os primeiros objetos de borracha realizados pela artista. (23)

Maria Hirszman comenta a nova produção:

Colocadas dentro de assépticas caixas de acrílico, as joias criadas pela artista fascinam e, ao mesmo tempo, causam medo. Elas são belas, apesar de os anzóis, bisturis e agulhas utilizadas em sua confecção serem perigosos. (24)

Angélica de Moraes também analisa os novos trabalhos:

[...] esses adornos não deixam de assinalar que são ornatos perversos, prontos a ferir quem pretender usá-los. São bijuterias, pequenos cacos a denunciar o brilho falso de que são constituídas. Nazareth Pacheco, com essas obras, aprofunda um trabalho de denúncia dos mecanismos socialmente aceitos (e incentivados) de agressão ao corpo. (25)

Também no mês de junho, integra o projeto Babel, no Sesc Pinheiros (São Paulo), ao lado dos artistas Adrianne Gallinari, Claudio Cretti, Del Pilar Sallum, Nina Moraes e Rosana Mariotto. Nazareth apresenta uma instalação com espéculos, ocupando uma sala. O jornalista Cassiano Elek Machado escreve sobre a obra:

Espéculo de acrílico, espéculo de acrílico, espéculo de acrílico, espéculo de metal. Alinhados milimetricamente, os instrumentos ginecológicos evocam as sensações de silêncio e imobilidade que a observação de uma obra minimalista proporciona. [...] A transparência agradável de dezenas de objetos de acrílico é interrompida bruscamente pela solitária de metal – tal como ela é encontrada em hospitais.(26)

A artista doa uma instalação de espéculos para o MAM-SP. Na mesma ocasião, o empresário Jaime Roviralta doa outra obra – moldes de seios fundidos em bronze sobre base de ferro coberta de chumbo – para o mesmo museu. São as primeiras obras de Nazareth Pacheco a ingressarem o acervo de uma instituição museológica.

No final de junho, integra a coletiva Intervalos, no Paço das Artes (São Paulo), com curadoria de Vitória Daniela Bousso, em evento paralelo à Documenta de Kassel. São selecionados 85 trabalhos de 22 artistas – entre eles, Carmela Gross, José Damasceno, José Resende, Paulo Climachauska, Rosângela Rennó, Sandra Cinto e Waltercio Caldas –, a partir do diálogo com a produção teórica da curadora da Documenta, Catherine David. São apresentadas nove obras da artista, produzidas entre 1989 e 1997.

Em julho, participa da coletiva Experiências e perspectivas: 12 visões contemporâneas no 29º Festival de Inverno da UFMG. A exposição ocorre no Museu Casa dos Contos e tem curadoria de Claudia Renault. A artista apresenta um novo Colar de cristais e anzóis. O crítico Olívio Tavares de Araújo escreve no catálogo da exposição:

Admiro em Nazareth Pacheco a dupla coragem e o acerto; a coragem de, como ser humano, se expor, porque lhe é necessário para a obra; e a coragem, como artista, de propor uma linguagem áspera e sem qualquer concessão, que convence porque contém uma verdade existencial. (27)

Em novembro, é convidada pelo curador Tadeu Chiarelli a integrar a 25ª edição do Panorama da arte brasileira, no MAM-SP. A artista apresenta cinco obras, todas de 1997: quatro Colares e, pela primeira vez, um Vestido, com o qual ganha o Grande Prêmio Embratel. O museu também adquire, na mesma ocasião, um Colar. As duas obras passam a integrar o acervo do MAM.

Sobre o Vestido, a artista escreve:

Foram dois meses de trabalho ininterruptos. Foram dezoito mil peças utilizadas em sua concepção. Eu não sabia mais o que era dia ou noite. Era uma sensação de prazer e exaustão. O corpo do vestido foi construído por pequeníssimas peças de cristais transparentes. Enquanto foi possível, eu o provava no meu próprio corpo. Quando comecei a saia construída de gilete e miçangas, não acreditava que iria ter tanta facilidade para manipular um material tão delicado e cortante. O mais difícil foi tirar a cola das giletes que vinham embaladas em folhas de papel. Este foi o momento em que mais cortei a mão. Não tinha medo, tinha um grande prazer ao ver um objeto lindo, sedutor e ao mesmo tempo perigoso. (28)

A exposição é apresentada no ano seguinte, no MAC de Niterói; no MAM da Bahia (Salvador); e no MAMAM (Recife).

Em novembro, integra a coletiva Novas aquisições 1997 – Coleção Gilberto Chateaubriand, no MAM-RJ, com curadoria de Reynaldo Roels Jr. Da artista, figuram três Colares adquiridos pelo colecionador naquele ano.

Em dezembro, participa com três Colares do 4º Salão da Bahia, no MAM da Bahia. Integram a comissão de seleção: Fernando Cocchiarale, Heitor Reis, Marcus de Lontra Costa, Pieter Tjabbes e Tadeu Chiarelli.

 

1998

Em março, Tadeu Chiarelli, diretor do MAM-SP, reúne jovens curadores, propondo um “laboratório” de curadoria. (29) As exposições, de curta duração e a partir das obras do acervo, ocorrem na Sala Paulo Figueiredo do museu. Nazareth integra três dessas exposições, em 1998, e uma, em 1999: Medidas de si (Felipe Chaimovich), Da arte de expor arte (Rejane Cintrão), A gravura como escultura (Ricardo Resende) e Noturnos (Regina Teixeira de Barros).

Em parceria entre o MAM e o Itaú Cultural, as exposições Medidas de si e A gravura como escultura são apresentadas respectivamente no Itaú Cultural de Campinas e no Itaú Cultural de Penápolis.

Também em março, integra a coletiva Femenino/Plural: arte de mujeres al borde del tercer milenio – La mujer y las artes visuales no Museo Nacional de Bellas Artes (Buenos Aires). Participam artistas da Argentina, Brasil, Chile, Espanha, México e Uruguai, sob a organização geral de Sara Facio, Jorge Glusberg e David Pérez. Fábio Magalhães e Leonor Amarante são os responsáveis pela representação brasileira: Courtney Smith, Marcia Grostein, Mariannita Luzzati, Mônica Rubinho, Nazareth Pacheco e Renata Barros. A exposição também é apresentada no Museo Nacional de Artes Visuales, em Montevidéu (Uruguai).

Entre maio e agosto, integra a terceira edição da Bienal Barro de América, no Centro de Arte de Maracaibo Lia Bermúdez (Venezuela). Participam artistas do Brasil, Cuba, México e Venezuela. A representação brasileira tem como curador geral Fábio Magalhães, e entre os brasileiros selecionados estão Carlos Fajardo, Ernesto Neto, José Spaniol, Laura Vinci, Maria Bonomi, Nazareth Pacheco e Nelson Felix. A artista apresenta uma instalação com trigo e uma fotografia da Casa da Farinha, na Amazônia.

Em setembro, pela primeira vez o Brasil sedia a Bienal Barro de América, que ocorre em São Paulo no Memorial da América Latina, MuBE (onde a artista apresenta sua instalação) e Paço das Artes, apenas com os artistas brasileiros e venezuelanos. Algumas obras sofrem alterações com a mudança de espaço, como escreve a jornalista Ana Weiss:

Nazareth também tirou proveito do espaço reservado para sua instalação, o vão livre do MuBE. Ela transformou a sala de nove metros quadrados que mostrou em Maracaibo em três colunas longilíneas, feitas de acrílico e recheadas de farinha de mandioca.(30)

Em agosto, no Rio de Janeiro, o CCBB apresenta a coletiva Arte brasileira no Acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo: doações recentes 1996-1998, com curadoria de Tadeu Chiarelli. Nazareth Pacheco figura ao lado de artistas dos anos 1980 e 90, como Angelo Venosa, Daniel Senise, José Leonilson, Nuno Ramos, Rubens Mano e outros, com o Vestido, de 1997.

Em outubro, participa da coletiva A falta na Valu Oria Galeria de Arte, sob a curadoria Lisette Lagnado. Nazareth apresenta novos trabalhos com acrílico e cristais transparentes: o primeiro Balanço; uma grande corda, fixada na parede; uma “mordaça” e um grande cubo disposto no chão. Lisette Lagnado escreve no catálogo da exposição:

Nazareth Pacheco deixou de perseguir a si própria em seu trabalho. O aspecto confessional que irrompeu quando abriu seus arquivos pessoais vem gradativamente ocupando um lugar mais subreptício. Foi necessário desconstruir a imagem da Origem para poder emancipar o depoimento de uma narratividade literal. [...] Agora esses instrumentos de tortura: um balanço e três esculturas para boca, mãos e pés. [...] A descrição destas novas esculturas aponta para um desdobramento formal dos colares. Antes rosário de uma soma de contas do que uma simples corrente, a linha está presente, mas ganhou proporções desmedidas para a escala do corpo. Virtualmente enganados pela transparência do acrílico, não percebemos o peso implícito dessas esculturas – da impossibilidade de viver a leveza da infância, seus movimentos, sua comunicação.(31)

Em outubro, integra a 24ª Bienal de São Paulo no módulo Arte contemporânea brasileira: Um e/entre Outro/s, com curadoria geral de Paulo Herkenhoff e Adriano Pedrosa. A artista apresenta um conjunto de oito adornos produzidos ao longo de dois anos, agrupados pela curadoria de maneira a formar uma coleção. Lisette Lagnado, que assina o texto do catálogo individual da artista, escreve:

Reunidos na sintaxe do colecionismo, os adornos acabam formando um sistema, graças a um trabalho de perlaboração que os permitiram passar do registro privado à dimensão pública. Antes disso, porém, a dor foi o depósito compulsório para um ajuste com a volta mítica às origens. Nesse contrato, a sedução é uma moeda capaz de desmistificar o medo mais arcaico: o corte do real e a vivência da Ferida.(32)

Antes mesmo da abertura da Bienal, a imprensa destaca a presença da artista na seleção:

Nazareth Pacheco é outro inegável talento jovem que já estava a merecer presença na Bienal. Referência obrigatória quando se fala em artistas dos anos 90, Nazareth faz cruciante indagação sobre o corpo e os mecanismos de coerção social e estética que agem sobre ele. O corpo e a sedução (embora em registro menos visceral e mais hedonista) também são assuntos da arte do carioca Ernesto Neto que, assim como Nazareth, deriva da frondosa tradição fundada por Lygia Clark.(33)

Paralelamente à Bienal de São Paulo, o MAC de Niterói organiza a exposição Espelho da Bienal, com curadoria de Rubem Breitman. São apresentadas 90 obras da Coleção Sattamini, de artistas que participaram da Bienal São Paulo em diferentes edições, inclusive da última, como Nazareth Pacheco, que figura com uma das obras do acervo (Saia, com miçangas, cristais e agulhas, de 1997).

Ainda nesse ano, integra a coletiva Múltiplos, também com curadoria de Rubem Breitman, na Valu Oria Galeria de Arte, e Anos 90, no MAM-RJ, com curadoria de Paulo Reis.

 

1999

Inicia mestrado em Poéticas Visuais, na ECA-USP, sob a orientação de Carlos Fajardo.

Em janeiro, a Maison du Brésil, em Bruxelas, apresenta as individuais simultâneas de Claudio Mubarac e Nazareth Pacheco. No mês de abril, a exposição ocorre no Instituto de Cultura Brasileira – ICBRA, em Berlim.

Também em janeiro, integra a coletiva A vueltas con los sentidos, apresentada na Casa de América, em Madri, com curadoria de Estrella de Diego. Participam também César Martínez, Ernesto Neto, José Antonio Hernández-Diez, Lisa Ludwig, Nicola Costantino, Rosângela Rennó, Tony Oursler, Valeska Soares e Yishai Jusidman.

Rosa Olivares escreve sobre a participação da artista na exposição, na revista Lápiz:

Estes dois artistas [Nazareth Pacheco e Nicola Costantino] trabalham com a ideia de tato. Mas também tratam sobre a roupa, sobre o corpo, sobre a pele, sobre a delicada importância, o risco de tocar e ser tocado, de nos cobrirmos e descobrirmos. Nazareth Pacheco produz colares, joias impossíveis de serem usadas porque são feitas de lâminas de barbear e cristais que sem dúvida cortariam a pele e acrescentariam gotas de sangue como rubis entrelaçados nesses colares que também falam da dificuldade de sermos atraente, da dor implicada no arrumar-se feminino (para ficar bela é preciso sofrer). Nessa ocasião apresenta um traje inteiramente feito de perigo, de possibilidades de dor: lâminas que prometem cortes e feridas, e que, ao memo tempo, significam um desafio impossível, uma pergunta incontestável: seríamos realmente irresistíveis dentro deste vestido de desejos impossíveis? (34)

O catálogo traz um texto da artista fazendo um retrospecto de sua carreira artística, das obras de borracha até os vestidos.

Em março, participa do evento Hálito do artista, no qual discute sua trajetória artística e seu processo criativo, na ECA-USP. O encontro tem organização de Ana Teixeira.

Em abril, integra a coletiva Inventário do presente na Casa da Imagem, em Curitiba, com uma Saia e um Colar. A curadoria é de Celso Fioravante. Integra ainda a coletiva Cotidiano/Arte: o objeto, anos 60/90, apresentada no MAM-RJ e no Itaú Cultural (São Paulo), com curadoria de Agnaldo Farias e Reynaldo Roels Jr.

Também em abril, participa da coletiva Sweet and Sour, na galeria Art & Public, em Genebra, sob a curadoria de Pierre Huber. As brasileiras Nazareth Pacheco e Rochelle Costi expõem ao lado de Larry Clark, Nan Goldin, Andres Serrano e outros.

Em julho, em Nova Iorque, a artista conhece Louise Bourgeois, a quem se apresenta, inicialmente, por telefone. Convidada a participar de seu salon (encontro de artistas do mundo todo que acontece há trinta anos, todos os domingos, em sua residência, no bairro nova-iorquino do Chelsea) e passa a frequentá-lo quando volta a essa cidade.

Antes de embarcar para os Estados Unidos, a artista recebe o convite de José Roberto Aguilar para integrar uma exposição na Casa das Rosas, em São Paulo, com o tema “transcedência”. Em Los Angeles, compra o livro de entrevistas e depoimentos de Louise Bourgeois, no qual encontra uma entrevista dessa artista com Gary Koepke a respeito da transcendência e que acaba por se tornar o ponto de partida para a criação da instalação na Casa das Rosas.

Transcendência: caixas do ser é inaugurada no final de agosto. Participam Arthur Bispo do Rosário, Carlos Uchôa, David Drew Zingg, os irmãos Campana e Wesley Duke Lee, entre outros. Juliana Monachesi comenta a instalação da artista no jornal Folha de S. Paulo:

Em sua ‘caixa’, Nazareth Pacheco optou por sublinhar a transcendência em sua trajetória artística. As quatro ultrassonografias de bebês com malformação congênita remetem ao problema que a levou a fazer diversas cirurgias plásticas.

Um berço coberto de miçangas e lâminas traduz o embate entre a ingenuidade do bebê e as influências negativas do mundo externo. O banco no centro da sala convida a um descanso. De perto, vê-se que é coberto de agulhas.(35)

Também no final de agosto, antes de embarcarem para a França, os galeristas Luciana Brito e Fabio Cimino – que passam a representar a artista – inauguram a coletiva Parallèle Brito Cimino FIAC São Paulo/Paris (Galeria Brito Cimino, São Paulo). 

A FIAC é inaugurada em setembro, no Parc des Expositions, Porte de Versailles (Paris). Michel Nuridsany destaca a presença de Nazareth Pacheco em seleção para o jornal Le Figaro:

[...] veremos sobretudo algumas obras de Nazareth Pacheco, cortantes e doces, feitas de lâminas de barbear e de pérolas montadas como estranhas joias de brilho negro ou estranhos braceletes para prender as vítimas consentidas de misteriosas cerimônias secretas. A ambiguidade reina absoluta nesse trabalho apresentado na última Bienal de São Paulo, trabalho que vem sendo desenvolvido há uma década com muita convicção e talento.(36)

Em outubro, integra a 26º edição do Panorama da arte brasileira 99, no MAM-SP, sob a curadoria de Tadeu Chiarelli. Vestido, premiado na edição anterior do Panorama, é o destaque do núcleo Problema do corpo e da identidade. Regina Teixeira de Barros escreve sobre a obra da artista:

No vestido de Pacheco a referência ao corpo não é proposta de forma direta, como em outros trabalhos da artista. Aqui a questão do corpo é abordada através daquilo que não está presente. A ausência, a absoluta impossibilidade de um usuário para vesti-lo, traz à tona a referência ao corpo. Percebemos a existência através daquilo que nos damos conta que falta.(37)

Em encarte especial sobre a exposição da revista Bravo!, Daniel Piza escreve:

A obra de Nazareth Pacheco é tomada como ponto de partida para discutir a versão brasileira de uma tendência mundial que teve muita força no final dos anos 80 e início dos anos 90 por causa de questões como a Aids, a banalização do sexo e o erotismo consumista da época: a expressão da crise de identidade no próprio corpo. [...] As origens dessa tendência contemporânea estão no surrealismo e no dadaísmo, em que a figura humana é distorcida pelos desejos represados ou pela mecanização crescente. [...] O vestido de Nazareth Pacheco é uma manifestação clara desse pensamento. Feito de giletes, pretende denunciar o ‘fio da navalha’ que separa interior e exterior, e o fato de não haver o corpo ali dentro procura acentuar ainda mais o drama da mulher. Como giletes têm cortes em ambos os lados, a sensação imediata de quem olha é a ambivalência entre machucar e ser machucada que faz parte do jogo de exposição e ocultamento implicado na própria necessidade de vestir. (38)

No ano seguinte, a exposição é apresentada no MAC de Niterói e no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, em Fortaleza.

Em novembro, integra a coletiva Acima do bem e do mal no Paço das Artes (São Paulo), concebida em conjunto com o Instituto Goethe. A exposição, com curadoria de Vitória Daniela Bousso, é organizada em três núcleos: Ética e religião; Comportamento; e Corpo, desejo e identidade, segmento do qual a artista faz parte, assim como a francesa Orlan.

De 1999 a 2001, orienta trabalhos de jovens artistas em curso oferecido pelo MuBE, destinado à instalação do objeto.

 

2000

Em janeiro, integra, com obra do acervo (moldes de seios fundidos em bronze), a coletiva Ars erótica: sexo e erotismo na arte brasileira, no MAM-SP, com curadoria de Tadeu Chiarelli e Margarida Sant’Anna.

Em fevereiro, expõe na coletiva Messagers de la Terre: la représentation humaine dans la puissance imaginative des cultures d’hier à demain, no espaço Rur’Art/Cript Poitou-Charentes, em Rouillé (França), com curadoria de Monique Stupar. A artista expõe um Vestido preto, de 1998. O texto dedicado à artista é de Rejane Cintrão.

Em março, participa da coletiva Mujeres de las dos orillas: Valencia – São Paulo, no Centre Valencià de Cultura Mediterrània La Beneficència, em Valença (Espanha). A exposição tem curadoria de Rafael Prats Rivelles, Fábio Magalhães e Antonio Maschio. A artista apresenta três obras, de 1999: Banco, Mordaça e Algema. Sobre a artista, Fábio Magalhães escreve:

Na obra de Nazareth Pacheco a violência surge explícita, como num filme de John Woo. É sutil e terrível como a autoflagelação e o ritual de sacrifício. De repente, o olhar é monopolizado pelo sangue e a dor que se intui. Na base de tudo, o arquétipo da coroa de espinhos. Mas aqui a redenção parece impossível, poque a realização é precisa e o acabamento muito perfeito, o que coloca o espectador num dualismo conflitivo entre a atração e a repulsa, o bem e o mal. (39)

Também em março, participa da exposição Entre a arte e o design: acervo do MAM, com curadoria de Tadeu Chiarelli, paralela à exposição Entre o design e a arte: Irmãos Campana. As duas mostras ocorrem no MAM-SP.

Em abril, a obra da artista é apresentada ao público português em uma das mais prestigiadas galerias do Porto (Portugal): Canvas. O crítico de arte Paulo Cunha Silva escreve:

Essas joias do horror, que nenhum corpo suportaria colocar, sinalizam e iluminam um território escuro e sofrido em que o drama de um percurso se revela através da arte. É como se todos esses ornamentos, se todos esses objetos de superfície adquirissem subitamente uma brutalidade sacrificial.

[...] Esse medo do nosso próprio corpo, e o seu entendimento paradoxal, já não como um lugar de fruição e prazer, mas sobretudo de dor e de sofrimento, é particularmente evidente na série de novos trabalhos que a artista nos apresenta. A família de objetos perfurantes, concebidos para abrir o corpo, para produzir uma descontinuidade na pele, para, a partir do exterior, alcançar o interior, dá agora lugar a uma nova família de objetos. Elementos de tortura estranhamente vítreos, obsessivamente transparentes, como se a artista quisesse fazer dessa evidência uma mensagem cristalina sem qualquer tipo de interferência de opacidade. Nazareth Pacheco constrói, desta forma, cristais para encarcerar a sua dor. (40)

Entre junho e agosto, integra a 12ª Mostra da Gravura de Curitiba – Marcas do corpo, dobras da alma no Museu da Fotografia/Solar do Barão, com curadoria geral de Paulo Herkenhoff e Adriano Pedrosa. A artista integra as mostras Uma história da pele (curadoria de Paulo Reis) e Constelação gráfica (curadoria de Adriano Pedrosa e Veronica Cordeiro). Durante o evento, a Gazeta do Povo convida 11 artistas para interferirem no corpo do jornal: Nazareth apresenta sua proposta – a reprodução de um Colar – em 25 de junho. Plotagens dessas inserções são expostas na mostra Projeto gravura e mídia, também no Solar do Barão.

Em agosto, a convite de Shirley Paes Leme, realiza individual no Museu Universitário de Uberlândia, apresentando objetos de diferentes momentos de sua trajetória artística.

Em setembro, retorna aos Estados Unidos e volta a se encontrar com Louise Bourgeois.

 

2001

Em março, participa da coletiva Per-versus, na Galeria Chaves, em Porto Alegre, com curadoria de Vera Chaves Barcellos.

Em março, a artista viaja para os Estados Unidos para a inauguração da coletiva Salon, no Artists Space, em Nova York. A exposição tem curadoria de Barbara Hunt e Jenelle Porter e seleção dos artistas de Louise Bourgeois: Alexis Karl, Bertrand Lamarche, Denise Fasanello, Giles Lyon, Jean-François Fourton, Nazareth Pacheco (que apresenta Colares e um Vestido) e Ursula Hodel. A mostra também exibe um filme de Pouran Esrafily

No texto do catálogo, Amei Wallach escreve sobre os domingos na casa de Bourgeois e uma de suas observações sobre o trabalho de Nazareth:

Os seis artistas cujos trabalhos estão expostos na coletiva Salon [...] enfrentaram o desafio do salon de domingo e sobreviveram. Louise sugeriu que a lingerie enganosamente delicada de Pacheco, feita com paetês e bisturis, lâminas de barbear e miçangas parecia ‘um pouco agressiva.’ (41)

No dia seguinte à abertura da exposição, em 1º de abril, Nazareth Pacheco participa de mais um salon na casa de Louise Bourgeois. (42)

Em abril, duas obras (Colar, de 1997, e Balanço, de 1998) figuram em Brasil +500 Argentina: Muestra del redescubrimiento. O segmento dedicado à arte contemporânea é apresentado no Museo de Arte Moderno de Buenos Aires. A exposição teve curadoria geral de Nelson Aguilar, e de Franklin Espath Pedroso e Laura Buccellato, para o segmento de arte contemporânea na Argentina.

A artista figura na coletiva O espírito da nossa época: coleção Dulce e João Carlos de Figueiredo Ferraz com a obra adquirida pelos colecionadores em 1989. A exposição, com curadoria de Stella Teixeira de Barros, ocorre em abril, no MAM-SP, e, em agosto, no MAM-RJ.

Uma Pulseira, de 1998, figura na coletiva Espelho cego: seleções de uma coleção contemporânea, apresentada em maio no Paço Imperial (Rio de Janeiro) e, em agosto, no MAM-SP. A curadoria é de Márcia Fortes, a partir da coleção do galerista Marcantônio Vilaça.

Em maio, participa da coletiva Recortes, na Galeria Brito Cimino, com três obras inéditas, feitas a partir de esculturas moldadas em plastilina (por sugestão de Louise Bourgeois) e depois ampliadas em resina.

Também em maio, integra a mostra Trajetória da luz na arte brasileira, apresentada no Itaú Cultural, em São Paulo, com curadoria de Paulo Herkenhoff.

Em agosto, expõe na coletiva Deslocamentos do Eu: o auto-retrato digital e pré-digital na arte brasileira (1976-2001), no Itaú Cultural de Campinas. A exposição tem curadoria de Tadeu Chiarelli, que apresenta uma obra da artista, da série Objetos aprisionados, de 1993.

Em outubro, inaugura-se a exposição The Thread Unraveled: Contemporary Brazilian Art no Museo del Barrio, em Nova York. A curadora da exposição e também do Museo del Barrio, Fatima Bercht, escreve:

Muitos artistas utilizam o tecido – o processo de costurar, bordar ou tecer – como material e como metáfora. Em várias instâncias, o uso de tecidos remete à ideia de proteção associada às vestimentas. Por exemplo, Vestido (1999), de Nazareth Pacheco, apresenta um traje de materiais brilhantes e sedutores, mas por ser realizado com lâminas de barbear, questiona os conceitos de proteção e de sedução. (43)

A exposição é bastante prestigiada na imprensa americana. Em crítica para o jornal The New York Times, Ken Johnson escreve:

Mais convencionalmente surrealista, mas com um pouco de pop, é o trabalho de Nazareth Pacheco, que faz commodities de luxo que parecem perigosas, como vestidos de moda com miçangas e lâminas, e um balanço de criança que brota pregos de seu assento plástico transparente.(44)

Também a revista Art in America destaca a presença da artista na exposição, em artigo de Edward Leffingwell:

Os vestidos de festa glamorosos, sadomasoquistas, feitos de miçangas e lâminas de barbear, de Nazareth Pacheco, carregam um frisson inspirado pelos extremos da moda. Suas obras sem título de 1997 e 1998 repetem motivos de lâminas de barbear em alternância com camadas de contas de cristal; elas foram agrupadas com um berço de bebê high-tech, de acrílico pré-moldado, descansando num carrinho rolante de aço, com um dossel de lâminas de barbear e miçangas, e por Balanço (1999), um balanço com uma corrente de contas de cristal e um assento acrílico feito com agulhas. (45)

A exposição é apresentada em abril de 2002 no Malba, em Buenos Aires.

Também em outubro, outra exposição nos Estados Unidos: Virgin Territory: Women, Gender, and History in Contemporary Brazilian Art, é apresentada no National Museum of Women in the Arts, em Washington, com curadoria de Susan Fischer Sterling, Berta Sichel e Franklin Pedroso. A artista apresenta obras de 1997: Saia e uma montagem com 25 Colares. A curadora da exposição, Susan Fischer Sterling, escreve:

Para Nazareth Pacheco, gênero e sexualidade se entrelaçam com história num limite de violência. Em Joias (1997-2001), Pacheco acondicionou colares, gargantilhas e pendentes lindamente trabalhados, organizados em caixas de acrílico. Como adornos, esses artigos relembram rosários, colarinhos vitorianos, colares de pérolas e renda. Olhando de perto, contudo, o observador torna-se ciente de que estes acessórios não são feitos somente de cristal e canutilho preto, mas também de anzóis, agulhas, bisturis e lâminas de barbear. Como adornos, eles apoiam a necessidade, impulsionada pelos valores da sociedade, de realçar o corpo feminino por mieo de roupas, jóias, cosméticos, e, mais recentemente, cirurgia plástica. Ao mesmo tempo, contudo, eles têm o potencial de causar dano ao masculino que visam atrair. Visto como um todo, o trabalho simboliza a imperfeição das relações humanas e as armadilhas da identidade cultural feminina. (46)

Também a crítica Jennifer Farrell destaca a presença da artista na exposição:

Nazareth Pacheco usa marcadores de feminilidade em sua obra Joias para expressar a beleza fetichista, enquanto sugere um potencial para violência e autolesão. As miçangas de vidro e o intrincado trabalho de seus colares tanto fascinam como repelem, enquanto as agulhas, lâminas de barbear e anzóis entrelaçados na obra significam tanto uma ameaça como masoquismo. (47)

 

2002

Em março, a artista defende sua dissertação de mestrado Objetos sedutores, no Centro Universitário Maria Antonia da USP, na sala em que suas obras estão expostas. A curadora Taísa Palhares escreve:

Os novos objetos de Nazareth Pacheco retomam por uma outra via aquela contradição entre aparência e conteúdo que caracteriza alguns de seus trabalhos anteriores, como por exemplo, os colares e vestidos de gilete e cristal. Agora somos confrontados com o mundo asséptico de instrumentos de tortura feitos em acrílico transparente e latão cromado (materiais cujo aspecto indica já a existência dum conflito), produzidos por sistemas informatizados que podem alcançar uma escala de produção industrial (CAD/CAM). Contudo, a aparência límpida, racional desses objetos parece ser traída pelo conteúdo latente que carregam: peças que remetem a um mundo violento e bárbaro, supostamente encerrado nos confins duma época medieval mas que parece se sentir muito à vontade nessa nossa sociedade moderna industrial também supostamente organizada segundo as altas normas da razão. (48)

Ainda em março, e também com individuais simultâneas, a Pinacoteca Benedicto Calixto, em Santos, apresenta a exposição Ana Amorim/Rosana Mariotto/Nazareth Pacheco: Mulher(es), inaugurada no Dia Internacional da Mulher, com curadoria de Tadeu Chiarelli.

No mesmo mês, participa da mostra Paralela [à Bienal de São Paulo], em galpão no bairro da Água Branca.

Em maio, integra a coletiva Diálogo, antagonismo e replicação na Coleção Sattamini no MAC de Niterói, com curadoria de Guilherme Bueno.

Também em maio, em Nova York, inaugura-se a exposição Dangerous Beauty no The Jewish Community Center in Manhattan. A curadora Manon Slome havia conhecido a artista na abertura da exposição Salon, realizada no ano anterior. Quando se encontraram, a curadora perguntou à artista se apresentar seu trabalho na atual exposição seria algum tipo de distorção do significado de sua obra. A artista respondeu: “Pelo contrário. Minha cirurgia e dor pessoal estavam sempre à sombra de imagens de perfeição, aquelas formas de beleza às quais nunca pude aspirar.” (49)

No texto do catálogo, a curadora escreve:

O vestido de cristal de Nazareth Pacheco chama imediatamente atenção: um vestido de noite aparentemente deslumbrante, cintilando com beleza e expectativa. A atração, contudo, é também uma cilada; atraído pelo seu brilho para olhar mais perto, o observador se depara com a realidade da peça, um vestido feito de lâminas de barbear, perigoso ao toque. Como o desejo da mariposa pela chama, a sedução pela beleza, Pacheco sugere, tem seu preço, tanto para aqueles que o cobiçam como para aqueles que sonham em possuir suas incorporações. Lâminas de bisturi, anzóis e agulhas cirúrgicas são igualmente incorporados em outros objetos de adorno, tais como seus colarinhos e colares intrincadamente bordados com miçangas.). (50)

Em agosto, integra na coletiva Mapa do agora: arte brasileira recente na Coleção João Sattamini do Museu de Arte Contemporânea de Niterói no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo. Assinam a curadoria Agnaldo Farias e Guilherme Bueno.

Em outubro, Nazareth Pacheco e Sandra Cinto são as duas brasileiras presentes na coletiva Entre líneas, apresentada em La Casa Encendida, em Madri. A curadoria é de Virginia Pérez-Ratton e Santiago B. Olmo. A artista apresenta obras da série Objetos de aprisionamento, ao lado de Elena del Rivero e Patricia Belli. Rosina Cazali escreve sobre a artista no catálogo da exposição:

Diante dos vastos universos destas artistas que se afastam da imagem platônica, e pensando especificamente na obra de Nazareth Pacheco: como limitar-se à sedução a que seus objetos luxuosos induzem? Como limitar sua leitura a partir do refinamento de suas joias, vestidos e adornos quando o protótipo do “feminino” se vê assaltado pela violência suscitada pelas navalhas, pelas correntes ameaçadoras que a aproximam de um trabalho de fabricante de objetos de tortura e aprisionamento? Para além das propriedades estéticas dos materiais que Pacheco utiliza, da qualidade de suas formas e da mis en scène desses planos “beleza e violência” emergem explicações que interessam aos estudos pós-feministas, que exploram com avidez as novas representações do “feminino” e questionam o reordenamento de seus fetiches e sexo. (51)

 

2003

Nazareth figura em duas exposições organizadas pelo MAM-SP para o Espaço MAM Villa-Lobos (Shopping Villa-Lobos, São Paulo): A arte atrás da arte: onde ficam e como viajam as obras de arte, com curadoria de Guto Lacaz; e Meus amigos, tendo Caetano de Almeida como curador.

Em abril, apresenta-se individualmente na galeria Mercedes Viegas Arte Contemporânea, no Rio de Janeiro. A recente produção resgata questões dos trabalhos anteriores, trazendo entretanto, um dado novo: a elaboração de espaços reservados à privacidade. Na galeria, a artista constrói pela primeira vez um espaço circundado por uma “cortina”, feita de cristais e lâminas de barbear, remetendo a um box de banheiro.

Em maio, a Universidade Cidade de São Paulo Unicid organiza individual da artista. A exposição tem caráter retrospectivo, expondo obras de diversos momentos de sua trajetória, desde os trabalhos de fins dos anos 1980 até uma obra inédita uma cortina feita com miçangas e giletes criando mais uma vez um “espaço de privacidade”, dessa vez remetendo a um camarim. Dentro do espaço da obra, um espelho com lâmpadas convida o visitante a entrar no espaço, entretanto, a cortina de giletes, entreaberta, funciona como uma barreira. À jornalista Camila Molina a artista comenta esse novo momento: “Agora minha pesquisa é mais espacial, não é mais o objeto, o adorno”.(52)

Durante a exposição, a psicanalista Miriam Chnaiderman prepara documentário sobre a obra da artista: Gilete azul. Na mesma ocasião, Cacá Vicaldi entrevista a artista em sua casa para o documentário Objetos sedutores de Nazareth Pacheco.

A individual da artista é apresentada no ano seguinte, no Sesc São Carlos, no interior de São Paulo.

Dando continuidade à sua nova pesquisa na construção de espaços, apresenta, no mês de junho, em individual na Galeria Brito Cimino, uma nova instalação – Quarto –, ocupando todo o andar térreo da galeria: uma cama em acrílico transparente circundada por fios recobertos com lâminas de gilete e contas de cristal e miçangas. No mezanino, outros trabalhos recentes.

Sobre a instalação, Fabio Cypriano escreve:

As delicadas e aflitivas vestimentas que a artista Nazareth Pacheco realiza há pelo menos seis anos saem das caixas de acrílico e ocupam novas dimensões, constituindo-se em seu primeiro “impenetrável”, termo cunhado pela artista. [...] Na mostra que Pacheco inaugura hoje na galeria Brito Cimino, seus trabalhos ganham um novo componente: o diálogo com o espaço. [...] O lugar de repouso e intimidade torna-se um espaço impenetrável, metáfora que a artista usa também para tratar da arte, “um lugar a se proteger, entre o medo e o prazer”, afirma. (53)

Em outubro, integra a coletiva Apropriações: curto-circuito de experiências participativas no MAC de Niterói, com obra pertencente à Coleção Sattamini. A curadoria é de Guilherme Bueno.

Ainda em outubro, lança o livro Nazareth Pacheco (São Paulo: D&Z, 2003), no MAM-SP. A publicação conta com texto de Miriam Chnaiderman “Inventando corpos e/ou desvelando o erótico em inquietante devassidão: o encantamento dolorido” (54) e do vídeo Gilete azul, dirigido por ela.

 

2004

Nesse ano produz uma série de trabalhos em acrílico e madeira: Colunas modeladas a partir do centro vazado das lâminas de barbear; e as próprias lâminas em grandes dimensões.

Em fevereiro, integra a coletiva 30 Artistas na Mercedes Viegas Escritório de Arte, com obras dos artistas representados pela galeria.

No mês de março, o Itaú Cultural (São Paulo) inaugura a exposição O preço da sedução: do espartilho ao silicone, com curadoria de Denise Mattar. Duas obras de 1997 (Vestido e Colar), integram o módulo A era do silicone.

Em abril, integra a coletiva Edições 2003/2004 na Casa Triângulo, galeria que representa a artista em São Paulo até dezembro de 2017.

Em setembro, a Paralela 2004, com curadoria de Moacir dos Anjos, é organizada dessa vez em galpão na Vila Olímpia (São Paulo). Nazareth participa com Box, de 2003.

Em outubro, o CCSP, depositário da coleção da Pinacoteca Municipal, inaugura a coletiva Arte contemporânea no Acervo Municipal, com curadoria de Stella Teixeira de Barros, diretora da Divisão de Artes Plásticas da instituição. A exposição reúne obras recentemente incorporadas ao acervo por meio de prêmios aquisição ou doações. Berço, de 1998, feita de miçangas, lâminas de barbear, acrílico e aço, foi doada pela artista naquele ano. Em publicação dedicada à instituição, a obra figura com o seguinte comentário:

Através de uma percepção individualizada do corpo, Nazareth Pacheco faz referência a questões universais, pois na aparente estetização de seus objetos, feitos com materiais cirúrgicos, documentos autobiográficos ou acrílicos, ela elabora joias, móveis, objetos de tortura, que dizem muito da condição feminina, e muitas vezes ultrapassam essa dimensão. As joias, por exemplo, além de ornamento, referem-se a uma prática generalizada em todas as culturas, e não apenas para uso das mulheres. No Berço obra do acervo – o encantamento criado pelo brilho e transparência do material se esvai, quando se verifica que apesar da leveza se trata, de fato do sofrimento e da morte. (55)

Em março, no Itaú Cultural (São Paulo), inaugura-se a exposição O corpo na arte contemporânea brasileira, com curadoria de Fernando Cocchiarale. Nazareth integra o módulo Marcas, rastros e projeções do corpo com dois trabalhos: Objeto aprisionado (foto, cabelo, elástico e chumbo), de 1993; e Vestido, de 1997, do acervo do MAM-SP.

Em julho, a Galeria Murilo Castro (que passa a representar a artista em Belo Horizonte), organiza a Coletiva de acervo 2005.

Também em julho, mas em São Paulo, a obra Quarto integra a coletiva Dor, forma, beleza: a representação criadora da experiência traumática, apresentada na Estação Pinacoteca, com curadoria de Olívio Tavares de Araújo e Leopold Nosek. Araújo conta à jornalista Camila Molina que a produção de três artistas foi o ponto de partida da exposição: Iberê Camargo, Nazareth Pacheco e Leonilson.(56)  Sobre a obra apresentada, Olívio escreve:

Há obras mais literais [...] Há obras de simbolismo evidente [...] E há puras transposições poéticas, como a instalação Quarto. Miçangas misturadas às giletes, além do efeito visual de seus brilhos, por certo aludem também à condição feminina. Roçando pelos limites perigosos do sadomasoquismo, pode haver um certo erotismo nisso tudo.(57)

Em outubro, apresenta-se individualmente na Galeria Murilo de Castro, Belo Horizonte.

 

2006

Em janeiro, muda-se para a Alameda Casa Branca (Jardins, São Paulo), onde vive e trabalha até hoje.

Em junho, integra a coletiva de longa duração Traços e transições – arte contemporânea brasileira, inaugurando o Espaço Cultural Casa das Onze Janelas, em Belém. A curadoria fica a cargo de Marisa Mokarzel e Rosângela Britto. A exposição apresenta obras do acervo do Museu do Estado do Pará (hoje denominado Museu de Arte Contemporânea Espaço Cultural Casa das Onze Janelas), entre elas a obra de Nazareth Pacheco, premiada no 11º Salão Nacional de Artes Plásticas, em 1989.

Também em junho, integra a coletiva A imagem do som: futebol no evento Copa da Cultura / Brasil + Deutschland 2006. A exposição é realizada na St. Elisabeth Kirche (Haus der Kulturen der Welt HKW), em Berlim, com curadoria de Felipe Taborda. Nazareth figura com a obra Quarto (2003).

Em agosto, integra a coletiva Manobras radicais no CCBB, em São Paulo. A exposição tem curadoria de Heloísa Buarque de Hollanda e Paulo Herkenhoff.

Em setembro, inaugura-se no Institut Valencià d’Art Modern IVAM (Valência, Espanha) a coletiva Desidentidad: arte brasileño contemporáneo en el acervo del MAM, organizada pelo MAM-SP, com curadoria de Tadeu Chiarelli. Da artista, são apresentadas três obras da série Objetos aprisionados, de 1993.

Em outubro, participa da exposição MAM [na] Oca: arte brasileira do acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo com curadoria de Cauê Alves, Felipe Chaimovich e Tadeu Chiarelli. Os curadores selecionam Vestido, de 1997, para a exposição.

Também em outubro, integra a coletiva Geração da virada 10 + 1: os anos recentes da arte brasileira, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo. Assinam a curadoria Agnaldo Farias e Moacir dos Anjos.

Ainda em outubro, participa da Paralela 2006, realizada no Pavilhão dos Estados (antigo prédio da Prodam), no Parque do Ibirapuera, com curadoria de Vitória Daniela Bousso. Nazareth apresenta uma instalação inédita, composta por uma “cortina” feita de lâminas de barbear e cristais, e uma “rede” confeccionada apenas com cristais.

Maria Hirszman fala da obra em artigo para o jornal O Estado de S. Paulo:

São muitos os destaques da mostra [...] mas talvez a grande tônica a permear essas obras seja um certo lirismo, uma mescla de lirismo infantil e onírico. Ora pendendo para uma certa perversão, como a instalação de Nazareth Pacheco que nos promete uma rede fascinante de miçangas coloridas para além de uma cortina cortante de giletes (o repouso inalcançável), ora resgatando recordações pessoais a partir de uma relação afetiva com os material [...].(58)

Durante a confecção da cortina para a coletiva, a artista se corta, dando início uma nova série de trabalhos:

Quando faço as cortinas, eu mesma coloco as giletes e, naturalmente, me cortei. Deixei cair gotas de sangue no papel, olhei, gostei do resultado e fotografei. Tinha um efeito estético sedutor nessas primeiras fotos.(59)

Mais uma vez, em outubro, e também no Parque do Ibirapuera, integra a mostra Um olhar sobre a arte brasileira no Museu Afro Brasil (São Paulo), com curadoria de Emanoel Araújo.

Ainda nesse ano, participa da coletiva Desenho contemporâneo, na Oficina Cultural de Uberlândia. A exposição tem curadoria de Shirley Paes Leme.

 

2007

Em março, integra a coletiva Itaú contemporâneo: arte no Brasil 1981-2006, no Itaú Cultural (São Paulo). O curador Teixeira Coelho apresenta um Colar, de 1997, pertencente à coleção do Banco.

Em maio, a Marilia Razuk Galeria de Arte (São Paulo) inaugura a exposição Intimidades – jogos perigosos, com curadoria de Marcos Marcelino e Waldick Jatobá. A mostra se insere no projeto O colecionador como curador. Da artista são apresentados dois longos Colares.

Também em maio, integra a coletiva 80/90: modernos, pós-modernos etc. no Instituto Tomie Ohtake, com curadoria de Agnaldo Farias. São expostas duas obras: Sem título (borracha), de 1988, o Vestido de borracha, de 1990.

Em outubro, a Casa Triângulo abre a primeira individual da artista na galeria, apresentando sua mais recente produção, que tem o sangue como fio condutor. A mostra reúne instalações, fotos, desenhos e objetos.

Em artigo para o jornal O Estado de S. Paulo, Camila Molina descreve a exposição:

Segundo a artista, o sangue não aparece como algo do campo do mórbido ou da violência, mas como símbolo da vida. Tanto que, ao entrar na mostra, as primeiras obras são dois pequenos frascos de cristal, suspensos e guardados em uma vitrine, que contêm o líquido vermelho.(60)

No âmbito desta exposição, a artista convida a Associação da Medula Óssea–AMEO para uma conversa sobre o trabalho, com a finalidade de conscientizar os visitantes sobre a importância do cadastramento no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea–REDOME.

 

2008

Em janeiro, integra a coletiva Panorama dos Panoramas no MAM-SP. O curador da mostra, Ricardo Resende, faz uma revisão do tradicional Panorama da arte brasileira, criado pelo MAM, em 1969. Entre as 101 obras apresentadas, não poderia faltar o Vestido premiado no Panorama de 1997.

No mês de julho, a Fundação de Arte de Ouro Preto promove uma intensa programação cultural, incluindo eventos de música, artes cênicas e exposições de artes plásticas, entre as quais, a individual da artista: Objetos sedutores.

Também em Minas Gerais, mas dessa vez em Nova Lima, integra com o Vestido, de 1997, a coletiva Com que roupa eu vou, apresentada em julho, na Casa Fiat de Cultura. A curadoria é da socióloga Gláucia Amaral.

Em outubro, o MAM-SP promove uma releitura de seus 60 anos com a coletiva MAM 60, apresentada na Oca (Pavilhão Lucas Nogueira Garcez/Parque do Ibirapuera), em São Paulo. A exposição tem curadoria de Annateresa Fabris e Luiz Camillo Osorio, que concebem a mostra como uma ponte entre a fundação do museu e seu percurso, com uma seleção de obras que integram o seu acervo. São apresentadas as obras Objeto aprisionado, de 1993, e Colar, de 1997.

Em novembro, a Pinacoteca do Estado de São Paulo acolhe o leilão Bordando arte, promovido pela Associação de Assistência à Criança Cardíaca e à Transplantada do Coração. A artista doa a obra Isto não é uma gilete (acrílico e feltro bordado), de 2008. Participam, entre outros, Adriana Varejão, Albano Afonso, Beatriz Milhazes, Carmela Gross, Dora Longo Bahia, Ernesto Neto, Leda Catunda, Marepe, Rosângela Rennó, Tatiana Blass, Valeska Soares e Vik Muniz.

 

2009

Em janeiro, integra a exposição Atenção: estratégias para perceber a arte no MAM-SP, com curadoria de Cauê Alves. A mostra investiga como as pessoas percebem, interagem e se apropriam da arte, a partir de três núcleos: Origens, Desdobramentos e Corpo, núcleo do qual a artista faz parte.

Em fevereiro, expõe Balanço, de 1998, na mostra comemorativa Memorial revisitado: 20 anos, na Galeria Marta Traba do Memorial da América Latina (São Paulo). Assinam a curadoria Ângela Barbour e Fernando Calvozo.

Em março, integra, como artista convidada, a V Bienal Internacional de Arte Têxtil, no Palais de Glace, em Buenos Aires, a convite da curadora Florencia Battisti. A artista apresenta Camarim, de 2003.

Em maio, é inaugurada a exposição de longa duração Arte contemporânea brasileira: Coleções João Sattamini e MAC-Niterói, no MAC de Niterói. A curadoria é de Guilherme Bueno.

Em julho, integra a exposição Jardim da infância: os Irmãos Campana visitam o MAM, no MAM-SP.

Ainda nesse ano, participa da mostra Art in Use: Sculptural Objects, no Hong Kong Arts Centre (China), com curadoria de Sarina Tang. Do Brasil, integram também a exposição Eder Santos e Jarbas Lopes. Nazareth apresenta Vestido, de 2001. Sobre a obra da artista, a curadora escreve:

Seguindo um conceito paralelo de vestidos não-usáveis está o vestido da artista brasileira Nazareth Pacheco - cintilante, e uma mistura sedutora de cristal, lantejoulas e a usual lâmina de barbear, subvertendo totalmente o seu uso. Contudo, na versão de Pacheco, a dor é associada a estes glamorosos objetos. Simplesmente contemplar o uso de um vestido de coquetel como este, que poderia cortar o usuário, provoca um frisson de horror, assim desafiando a beleza com a sua violência sugerida. (61)

 

2010

Em março, integra a coletiva Jogos de guerra: confrontos e convergências na arte contemporânea brasileira, apresentada na Galeria Marta Traba do Memorial da América Latina e, no ano seguinte, na Caixa Cultural do Rio de Janeiro. Daniela Name é a curadora da exposição e seleciona para a mostra duas obras da artista: Balanço, de 1998, e Frasco com sangue, de 2007.

Em maio, participa de Shoá: reflexões por um mundo mais tolerante, no Sesc Pompeia (São Paulo). Concebido em Montevidéu, em 2008, por Patricia Catz, Samuel Dresel e Uri Lichtstein, o evento é trazido para o Brasil por William Rozenbaum Trosman. A artista exibe Saia (1998) e dois Colares (2007 e 2008).

Em novembro, expõe individualmente na Galeria Murilo Castro. Nazareth Pacheco – Bronzeadas apresenta 25 peças (fotografias e objetos) e duas instalações.

Para Julia Guimarães, do jornal O Tempo, a artista relata:

“Quando comecei a fotografar esses desenhos, vi que o sangue chamava a atenção como se fosse um objeto escultórico. O resultado me seduziu a transformar essas imagens em objetos”, relata. Com o tempo, o sangue dos desenhos se oxidava, o que levou a artista a explorar a cor bronze. E esse é o mote de diversos trabalhos que estão apresentados pela primeira vez, na exposição de Belo Horizonte. “Com o bronze líquido, comecei a formar gotas que tinham uma associação direta com o trabalho do sangue. Daí resolvi criar instalações de gotas espalhadas na parede. (62)

 

2011

Em junho, desenvolve uma série de joias em ouro, pedra e pérolas, para Aria Joalheiros, no salão Design São Paulo (Oca, Parque do Ibirapuera), no qual os Irmãos Campana são homenageados. O salão tem curadoria de Maria Helena Estrada.

 

2012

Entre os dias 25 de 27 de janeiro, na fachada do Masp são projetadas imagens de arte e moda, de 1922 aos dias de hoje, no evento Luz e movimento com arte e moda, com direção geral de Marco Scabia e Kalina Bourgeois e patrocínio das Havaianas, comemorando 50 anos. Da artista, é projetado um Vestido.

Em março, inaugura-se no MAC de Niterói, a coletiva Mulheres nas Coleções João Sattamini / MAC Niterói, com curadoria de Guilherme Bueno e Márcia Muller.

Em junho, a artista integra a exposição Espelho refletido: o surrealismo e a arte contemporânea brasileira, no Centro de Arte Hélio Oiticica (Rio de Janeiro), com curadoria de Marcus de Lontra Costa. Nazareth apresenta quatro obras: Vestimenta (duas peças); Cadeira e espelho; um frasco com sangue; e a instalação Gotas e bebê, de 2011.

Em julho, integra o projeto Desobjetos: a memória das coisas, reunindo instalações, intervenções e exposições distribuídas por diversas unidades do Sesc. Nazareth apresenta-se individualmente no Sesc Santo Amaro (São Paulo), com a mostra Objetos sedutores, na qual expõe 14 obras produzidas entre 1998 e 2012.

Em outubro, integra a coletiva Percursos contemporâneos, inaugurando o MAC de Sorocaba. Apresenta três obras: Espelho e cadeira, Gota (de acrílico vermelho) e um conjunto de três fotografias.

Em dezembro, com curadoria de Bernardo Mosqueira, a galeria Luciana Caravello Arte Contemporânea (Rio de Janeiro) apresenta a exposição Aí vai muito da pessoa.

 

2013

Constrói ateliê em Louveira, onde trabalha eventualmente.

Em março, integra a exposição Universo polièdric: dones, mirades, propostes / Universo Poliédrico: mujeres, miradas, propuestas no Museu Valencià de la Il-lustració i de la Modernitat – MuVIM (Valência, Espanha). A mostra tem coordenação geral de Amador Griñó e curadoria de María José Hueso Sandoval, e exibe cerca de 100 obras de 22 artistas (do Brasil, também participam Carmela Gross, Carolina Caliento, Lina Wurzman e Tetê de Alencar). Nazareth apresenta cinco obras: Vestido, de 2001; Gotas (três fotografias sobre metacrilato), de 2007/2013; a instalação Gotas, de 2010; e duas camisolas, de 2012, bordadas com frases de Louise Bourgeois: Se uma pessoa é artista, é uma garantia de sanidade e She lost it. Em outubro, um desdobramento dessa exposição é apresentado no Oriente Médio com o título Visible Differences, no Jordan National Gallery of Fine Arts, em Amã, e, no ano seguinte, no Bahrain National Museum, em Manama.

Ainda em março, participa da mostra A origem de tudo: Jeanete Musatti, Nazareth Pacheco e Walmor Corrêa na Luciana Caravello Arte Contemporânea (Rio de Janeiro). A curadoria é de Waldick Jatobá, que seleciona as obras Minha infância nunca perdeu sua magia (2012); Para mim, a escultura é o corpo (2012); a instalação Santo Antônio (2012); Infância (2013) e a instalação Instrumentos (2013).

Em abril, integra, com um Colar do acervo do Instituto Figueiredo Ferraz, a exposição As tramas do tempo na arte contemporânea: estética ou poética?, no próprio Instituto, em Ribeirão Preto. Vitória Daniela Bousso assina a curadoria.

Em agosto, expõe na coletiva Confluência, na OÁ Galeria, em Vitória.

Em setembro, participa da coletiva Arte e design, na Torre Santander, em São Paulo, com curadoria de Rejane Cintrão. Nazareth apresenta Cadeira e espelho, de 2007, e Vestido. O folder que acompanha a mostra traz a reprodução de uma imagem da artista vestindo uma máscara, obra inédita de 2013, e o seguinte texto (sobre Cadeira e espelho):

O espelho e a cadeira atraem a nossa atenção, mas logo que nos aproximamos notamos o perigo iminente. Eles são feitos de vidro bico-de-jaca, tal como as taças e garrafas que eram moda nos anos 1960. Ao criar uma cadeira em que não podemos nos sentar, Nazareth Pacheco desvirtua sua utilidade e nos leva a considerá-la simbólica e esteticamente. A cadeira forma par com o espelho, e nos mostra uma segunda cadeira, refletida. O trabalho suscita encanto e temor, embaralhando o limite entre realidade e projeção.(63)

Entre outubro e dezembro, a convite de Yaffa Braverman e Adi Gura, expõe Balanço no espaço Bakery, da Braverman Gallery, em Tel Aviv (Israel).

 

2014

Em janeiro, duas obras da artista, pertencentes ao acervo do MAM-SP figuram na coletiva 140 caracteres, apresentada no museu. A exposição é pensada por 20 curadores, que, em consenso, chegaram ao conceito do projeto e selecionaram 140 obras do acervo do museu para compor a mostra. Sob a coordenação de Felipe Chaimovich, os 20 integrantes do projeto formaram a primeira turma do Laboratório de Curadoria ao longo de 2013.

Em fevereiro, participa da coletiva À sua saúde, no Museu Nacional de Brasília Honestino Guimarães, com curadoria de Polyanna Morgana (núcleo contemporâneo) e Daiana Castilho Dias (núcleo histórico). Participam, entre outros, Adriana Varejão, Arthur Bispo do Rosário, Cao Guimarães, Cildo Meireles, Jac Leirner, Paulo Bruscky e Rodrigo Braga. A artista apresenta Frasco (acrílico, vidro e sangue), de 2007; Hemácias (bronze, bronze patinado, madeira), de 2009; e a instalação Gotas (2014).

Em abril, em comemoração aos 25 anos de funcionamento, a Casa Triângulo organiza a exposição Casa Triângulo no Pivô, apresentada no Espaço Cultural Pivô, no Edifício Copan (São Paulo). São expostas obras de 25 artistas representados pela galeria. Nazareth exibe Tranças (bronze e cabelo artificial), de 2014.

Em maio, expõe individualmente na Casa Triângulo. Em Mercurial, a artista apresenta obras que têm o mercúrio como ponto de partida de suas pesquisas, o que dá nome à exposição.

Camila Molina escreve sobre a mostra:

“A primeira coisa que me seduz são os materiais”, define a artista paulistana sobre seu processo de trabalho e sua atração pelo metal líquido, encantador em seu aspecto prateado e espelhado, mas, ao mesmo tempo, perigoso por ser tóxico, proibitivo ao contato, que a motivou a criar as fotografias e objetos que abrem a exposição.

Dispostos na sala principal da galeria, esses novos trabalhos de Nazareth Pacheco, realizados desde o ano passado, trazem uma questão de frieza e distanciamento. O mercúrio encapsulado em frascos guardados em uma caixa vai se desdobrando em formas escorridas capturadas em imagens fotográficas abstratas, que são também transpostas, depois, para a ação escultórica.(64)

Exibe no mezanino, entre outras obras, uma “arara” com cabides fundidos em bronze: “Volto para a questão do objeto e da serialidade”, afirma.

A questão da serialidade é destacada no texto de Juliana Monachesi, que acompanha a exposição:

A contaminação promovida por Nazareth Pacheco no conjunto atual de obras é, a meu ver, a serialização de formas arcaicas. A escolha de ferramentas e dispositivos de design vernacular, ou primitivo, aponta para uma conexão entre o que se repete na velocidade pós-industrial do capitalismo tardio e o que se reitera paulatinamente na ordem do primordial. Nessa ruptura com a austeridade do minimalismo, a artista dá espaço à irrupção de memórias no contato com seus trabalhos. E será nesse intervalo de suspensão que cada visitante haverá de acessar o sentido da obra. (65)

Em dezembro, inaugura-se a exposição Afetividades eletivas: Coleção de Luiz Sérgio Arantes na Galeria de Arte do Centro Cultural do Minas Tênis Clube, em Belo Horizonte. A curadoria é de Margarida Sant’Anna. A artista participa com dois Colares, pertencentes à coleção de Luiz Sérgio Arantes e Shirley Paes Leme.

 

2015

Em abril, na Pinacoteca do Estado de São Paulo, realiza Gota a gota: uma instalação composta por cerca de 2 mil gotas de bronze, em 30 formatos diferentes, grudadas por toda a extensão do elevador principal do edifício.(66)

Também em abril, participa da coletiva Retroprospectiva: 25 anos do Programa de Exposições CCSP, no CCSP. A mostra reúne artistas de várias gerações que participaram do Programa desde sua criação em 1990, com uma seleção de obras pertencentes à Coleção de Arte da Cidade.

Ainda em abril, figura no projeto Matérias do mundo: arte e indústria, no MAC-USP. Em sua segunda edição, sob a curadoria de Marcus de Lontra Costa, o projeto apresenta artistas cujos processos de criação estão relacionados à produção industrial: Albano Afonso, Brígida Baltar, Carlos Vergara, Carmela Gross, Eliane Prolik, Hilal Sami Hilal, Iole de Freitas, Manfredo de Souzanetto, Nelson Felix, Sandra Cinto e Suzana Queiroga, além da artista. Amélia Toledo é homenageada com sala especial. A artista apresenta as obras: Minha infância nunca perdeu sua magia; O tema da dor é meu campo de trabalho; Se uma pessoa é artista, é uma garantia de sanidade; She lost it; Para mim, a escultura é o corpo (as cinco produzidas em 2012); e Arara; Bigorna e Gotas com tranças (as três datadas de 2014). O curador escreve sobre a artista:

O tempo é o agente principal das obras de Nazareth Pacheco. Cada objeto é a sua própria história, o somatório de experiências; e o passado é fato concreto, real e transformador. Diante da crueldade do mundo, a artista mergulha nos ritos e mitos da fecundação, do corpo como instância, em transformação permanente, dialética encantadora entre o ontem e o amanhã, entre o que foi e o que será. E a arte é a afirmação e a materialização de um instante efêmero, retrato, registro, retalho. (67)

Em maio, integra a exposição O espírito de cada época no Instituto Figueiredo Ferraz, em Ribeirão Preto, com curadoria de Rejane Cintrão.

Em agosto, participa de Invento: as revoluções que nos inventaram, na Oca. A mostra, que conta com a curadoria de Marcello Dantas e Agnaldo Farias, traz a público algumas das maiores invenções dos últimos 150 anos – entre elas, o aparelho de barbear –, transformadas em objetos de contemplação, como Box, de 2003, da artista.

Em setembro, sob a curadoria de Marcus de Lontra Costa, integra a Trio Bienal – Tridimensional Bienal do Rio: Quem disse que amanhã não existe?, no módulo Gravidade. A mostra ocorre em 11 espaços diferentes, no Rio de Janeiro, apresentando obras de 170 artistas de 47 países. A artista expõe Balanço no Centro Cultural Municipal Parque das Ruínas.

Em outubro, é convidada para a 10ª Bienal do Mercosul: Mensagens de uma nova América. A mostra, que ocorre em diferentes instituições de Porto Alegre, apresenta obras de 402 artistas de 21 países, e tem Gaudêncio Fidelis como curador-chefe. A artista expõe Vestido, de 2001, no Santander Cultural.

Integra o Clube de Gravura do MAM-SP, a convite do curador Cauê Alves, com Prateadas (impressão em metacrilato), obra realizada naquele ano. Um exemplar passa a integrar o acervo do museu.

Nesse ano, os Patronos da arte contemporânea da Pinacoteca do Estado de São Paulo doam Colar (2003) para o acervo do museu. A peça é reproduzida em livro dedicado à instituição, no ano seguinte, com o comentário:

Aqui, a reflexão sobre as expectativas de afirmação de uma certa ‘feminilidade’ aparece por meio da apresentação de uma joia: um tipo de colar. Entretanto, miçangas de plástico, tradicionalmente utilizadas para a confecção de bijuterias, se combinam neste trabalho com fios de metal e bisturis, resultando numa joia desde o início inutilizável, objeto de reflexão, e não de uso.(68)

 

2016

Em fevereiro, participa da coletiva Natureza franciscana, no MAM-SP, com curadoria de Felipe Chaimovich. Inspirado pelas estrofes do Cântico das Criaturas, de Francisco de Assis, o curador seleciona 37 trabalhos que utilizam elementos da natureza: sol, estrelas, ar, água, fogo, terra, doenças e atribulações (núcleo no qual a obra da artista está presente com Objeto aprisionado, de 1993, conservada pelo museu).

Em abril, a Caixa Cultural do Rio de Janeiro apresenta Aquilo que nos une, sob a curadoria de Isabel Sanson Portella. São selecionadas obras de Adriana Varejão, Anna Bella Geiger, Emmanuel Nassar, Leonilson, Marcos Chaves, Nazareno, Tunga, Waltercio Caldas e outros. Da artista, é apresentado Vestido, de 2002. A curadora escreve:

Há, nos trabalhos da artista, uma perturbante relação arte/vida. O feminino e seu universo são questões que envolvem a maioria de seus trabalhos, assim como aquilo que causa dor, cortes e perfurações. Tudo que está relacionado ao corpo da mulher é seu objeto de pesquisa. Da pele, que separa e protege o interior, às intervenções e procedimentos nos órgãos internos. A obra apresentada em Aquilo que nos une atrai o espectador pela beleza e brilho, protegida como uma joia em seu estojo. Nazareth tece objetos que apenas ela pode tocar, e nesse processo sente toda a dor na própria pele. Para seduzir, escolhe cristais e peças brilhantes que possam, por um curto espaço de tempo, esconder as lâminas afiadas. O corpo, presente na ausência, nunca estará preparado para usar tal veste, nunca poderá ser alcançado por entre os objetos cortantes. O estranho binômio beleza e dor traz a questão do feminino, da tirania da moda que sacrifica o corpo e o submete a torturas, levando a consequências inconcebíveis.(69)

No ano seguinte, a mostra é apresentada na Caixa Cultural de São Paulo.

Em junho, integra com obra da série Prateadas, de 2015, a mostra Clube de Gravura: 30 anos no MAM-SP, com curadoria de Cauê Alves.

Em setembro, também no MAM-SP, figura na exposição O útero do mundo. A curadora Veronica Stigger reúne cerca de 280 obras de 120 artistas contemporâneos em que o corpo aparece como lugar de expressão de um impulso desvairado e que se apresenta transformado, fragmentado, sem contorno ou definição. Da artista, são expostas cinco obras pertencentes ao acervo do museu, no segmento Montagem humana.

Também em setembro, integra a coletiva Dublê de corpo na Galeria Carbono (São Paulo), com dois múltiplos de 2016, realizados para a galeria: Hemácia P e Hemácia G. A curadoria é de Ligia Canongia. Figuram ao lado de Nazareth Pacheco os seguintes artistas: Adriana Barreto, Adriana Varejão, Brigida Baltar, Bruce Naumann, Cao Guimarães, Carlos Mélo, Celina Portella, Ernesto Neto, Gustavo Rezende, Ivan Grilo, Jacques Faing, Leonora de Barros, Tracey Emin e Waltercio Caldas.

Em outubro, integra a mostra Tudo joia na Galeria Bergamin & Gomide, em São Paulo. A exposição, apresenta 60 joias desenhadas por 40 artistas, entre eles Alexander Calder, Alighiero Boetti, Amilcar de Castro, Anish Kapoor, Anna Bella Geiger, Jenny Holzer, Pedro Cabrita Reis, Rebecca Horn, Sergio Camargo, Tunga e Waltercio Caldas. A artista figura com joia desenhada em 2014, a partir de suas experiências com o sangue e mercúrio.

Em novembro, integra, com obra do acervo, a exposição Atlas abstrato: um olhar sobre a Coleção de Arte da Cidade de São Paulo no CCSP, no núcleo Mapa 5 – Tramas. A curadoria é de Juliana Monachesi.

 

2017

Em abril, sob a curadoria de Tadeu Chiarelli, figura na exposição Metrópole: experiência paulistana, na Estação Pinacoteca (São Paulo). A mostra reúne cerca de 80 trabalhos que manifestam as peculiaridade de morar na quinta cidade mais populosa do mundo. São apresentadas obras de Carmela Gross, Evandro Carlos Jardim, Florian Raiss, Gustavo Von Ha, Leda Catunda, Lia Chaia e Marcelo Moscheta, entre outros.

Em maio, com obra pertencente ao acervo, integra a exposição de longa duração MAC USP no século XXI: a era dos artistas, com curadoria de Katia Canton.

Também em maio, apresenta Balanço na coletiva Fronteiras, limites, interseções: entre a arte e o design, na Caixa Cultural de São Paulo, com curadoria de Marcus de Lontra Costa.

Em setembro, obras do acervo do MAM-SP são apresentadas nos Estados Unidos, na exposição Past/Future/Present: Contemporary Brazilian Art from the Museum of Modern Art, São Paulo, no Phoenix Art Museum, no Arizona. É a primeira exposição panorâmica de arte contemporânea brasileira apresentada no sudoeste americano, assim como a primeira mostra do acervo desse museu nos Estados Unidos. Com curadoria de Cauê Alves e Vanessa Davidson, a mostra é organizada em torno de cinco temas, sendo que o Vestido, da artista, é apresentado no núcleo O corpo/O corpo social.

 

2018

Em julho, com exposição de longa duração, a Coleção Andrea e José Olympio Pereira é apresentada em galpão no bairro da Lapa, em São Paulo, com curadoria de Paulo Miyada. De Nazareth é exibido Vestido.

Em agosto, figura com obra do acervo, na exposição Arte tem gênero? Mulheres na Coleção de Arte da Cidade no CCSP.

Em setembro, a artista integra a mesa “Mulher, arte e preconceito” no Festival do Clube de Criação, na Cinemateca Brasileira (São Paulo), ao lado da cineasta Anna Muylaert e das cantoras Marina Lima e Paula Lima. O Festival tem curadoria de Laís Prado.

 

Em novembro, inaugura-se, na Verve Galeria (São Paulo), a mostra Corpo articulado, com curadoria de Marcus de Lontra Costa. A exposição reúne cerca de 30 trabalhos de Farnese de Andrade, Luciano Zanette, Nazareth Pacheco e Nelly Gutmacher. Da artista são apresentadas cinco obras: uma colagem de embalagens de remédios, de 2017; Black Tea (série de nove canecas), de 2017; Tens e o neon Menospausa, de 2018; e instalação com radiografias, também de 2018.

Ainda em novembro, participa da exposição Mulheres na Coleção MAR (Rio de Janeiro). A curadoria envolve cerca de 30 mulheres de todos os setores do museu, resultando na seleção de obras de 150 artistas, brasileiras e estrangeiras.

A Fundação Marcos Amaro (Itu, São Paulo) adquire a obra Quarto, de 2003.

Em dezembro, toma parte da mostra Aonde vamos?, na Galeria Lume, em São Paulo, com curadoria de Paulo Kassab Jr. A artista figura ao lado de Adolfo Montejo Navas, Ana Vitória Mussi, Clara Ianni, Ilê Sartuzi, Kilian Glasner, Ole Ukena e Tiago Tebet, e apresenta três obras da série Objetos aprisionados, de 1993; e Infância (“vestido” de cristal e lâmina de barbear), de 2013.

 

2019

Em maio, apresenta a exposição individual Registros/Records na Galeria Kogan Amaro, SP. Também em maio, participa da exposição Futuros Imaginados, Passados Reconstruídos, Lamb Arts, SP. Em setembro toma parte da mostra coletiva na FAMA – Fábrica de Arte Marcos Amaro, Itu, SP. Em novembro, inaugura exposição individual The essence of forestry and humanity, na Gallery Kogan Amaro em Zürich, Suiça.

 

2020

Em novembro participa da exposição Polaridades, com curadoria de Miriam Mirna Korolkovas, apresentando um vestido prateado. Também em novembro toma parte na coletiva Transbordar, transgressões do bordado na arte, com curadoria de Ana Paula Simioni no SESC Pinheiros, SP.

 

2021

Em maio participa da exposição Corpo Experimento, no Museu de Arte do Espírito Santo, Vitória, ES.

Em dezembro participa da exposição: Várias Paisagens, com curadoria de Marcus Lontra Costa,  apresentando  obras em mercúrio e bronze  no ECO - Espaço Cultural de Olímpia, Olímpia, SP.

 

2022

Em março, convidada pela curadora Alexandra Schwartz, apresenta uma de suas saias de cristal, missanga e lamina de bisturi, na exposição : Garmenting: Costume as Contemporary Art no  Museum of Arts and Design de New York. EUA. 

Em maio, participa no Itaú Cultural em São Paulo, da exposição Bispo do Rosario - Eu Vim - aparição, impregnação e impacto;  com um vestido de laminas de barbear, cristal e miçangas e duas camisolas de linho bordadas com frases da Louise Bourgeois em linha da cor vermelha e cristais.




Livro Nazareth Pacheco
Regina Teixeira de Barros (organização)
216 páginas, 20,5x26cm
português e inglês,
2019. Ed. Allucci & Associados Comunicações


 

Referências:

1 BARDI, P. M. Mudanças no ensino das artes. Senhor, São Paulo, n. 133, 19 out. 1983. A matéria traz a reprodução do objeto da artista, apresentado na exposição.

2 SILVA, Nazareth Pacheco e. Objetos sedutores. Dissertação (Mestrado). São Paulo: Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, 2002.

3 SILVA, Nazareth Pacheco e. Op. cit.

4 A passagem por Ribeirão Preto, muito elogiada, rende-lhe um convite para participar do Salão de Arte daquela cidade e a aquisição, pela primeira vez, de uma obra por um colecionador de arte: João Carlos de Figueiredo Ferraz. Atualmente a obra integra o acervo do Instituto Figueiredo Ferraz, em Ribeirão Preto.

5 BARROS, Stella Teixeira de. Os Objetos de Nazareth. In: Nazareth Pacheco: Objetos. Belo Horizonte: Itaugaleria, 1989. Reproduzido nos folhetos das individuais na Itaugaleria de São Paulo, Brasília, Goiânia e Vitória.

6 Hoje a obra encontra-se conservada no Museu de Arte Contemporânea Espaço Cultural Casa das Onze Janelas, em Belém, a partir de doação da coleção da Funarte à instituição.

7 A. B. [Alberto Beuttenmüller]. Uma mostra que não quer perder o bonde da história. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 12 dez. 1989. Uma das polêmicas foi justamente sobre os novos critérios adotados pela subcomissão.

8 CHIARELLI, Tadeu. Objetos dependentes. In: Nazareth Pacheco. São Paulo: Centro Cultural São Paulo, 1990.

9 BENEVIDES, Daniel. Sete artistas. Em comum, o ateliê. Jornal da Tarde, São Paulo, 7 jun. 1990.

10 SILVA, Nazareth Pacheco e. Op. cit.

11 A artista nasceu com uma malformação congênita, decorrente de uma rara patologia (síndrome da banda amniótica), levando-a a se submeter a diversas cirurgias reparadoras desde o nascimento.

12 Durante a redação da dissertação do mestrado, no início dos anos 2000, a artista adotou cognomes para identificar fases de seu trabalho: em alguns casos, os nomes foram dados por curadores (como os “objetos dependentes”, da fase anterior, assim denominados por Tadeu Chiarelli); em outros, como aqui, o nome foi dado pela artista.

13 Ivo Mesquita escreveu sobre esta exposição para a revista Poliester, editada no México, no verão de 1994. A íntegra do texto “Nazareth Pacheco: El cuerpo en construcción / The body under construction” encontra-se na coletânea reunida neste livro.

14 MILLIET, Maria Alice. O corpo como destino. In: Nazareth Pacheco. São Paulo: Ed. da artista, 1993.

15 FAGUNDES JR., Carlos Uchôa. Nazareth retoma o corpo como experiência. Folha de S. Paulo, São Paulo, 30 set. 1993.

16 FABRIS, Annateresa. Corpo é usado em experiência estética da dor. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 24 set. 1995. Publicado originalmente na revista Esteticanews, do Dipartamento di Ricerche Filosofiche dell’Università di Roma ‘Tor Vergata’, no número 19, de janeiro a abril de 1994.

17 SILVA, Nazareth Pacheco e. Op. cit.

18 A artista posteriormente denomina a nova série de Objetos evasivos. Alguns objetos dessa série são apresentados somente em 2000, na individual da artista na Galeria Canvas, em Portugal.

19 AMARAL, Aracy. In: Espelhos e sombras. São Paulo: Museu de Arte Moderna de São Paulo, 1994. Reproduzido no livro da autora: Textos do Trópico de Capricórnio: Artigos e ensaios (1980-2005). Vol. 3: Bienais e artistas contemporâneos no Brasil. São Paulo: Ed. 34, 2006.

20 MORAES, Angélica de. Arte brasileira vive uma fase de vitalidade. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 4 out. 1996.

21 SILVA, Nazareth Pacheco e. Op. cit.

22 MORA, Miguel. Los coleccionistas americanos invitados a Arco miran mucho y compran poco en la feria. El País, Madrid, 16 feb. 1997.

23 A íntegra do texto “Uma realidade... dilacerante: a produção de Nazareth Pacheco” encontra-se na coletânea reunida neste livro.

24 HIRSZMAN, Maria. Jóias de Nazareth flertam com a perversão. Jornal da Tarde, São Paulo, 5 jun. 1997.

25 MORAES, Angélica de. Nazareth critica a exploração da vaidade. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 5 jun. 1997.

26 MACHADO, Cassiano Elek. Minimalismo cirúrgico consagra artista. Folha de S. Paulo, São Paulo, 12 jun. 1997.

27 ARAÚJO, Olívio Tavares de. Beleza hoje. In: Experiências e perspectivas: 12 visões contemporâneas. Ouro Preto: Museu Casa dos Contos, 1997.

28 SILVA, Nazareth Pacheco e. Op. cit.

29 Integram o Grupo de Estudos sobre Curadoria do MAM: Felipe Chaimovich, Helouise Costa, Marcos Moraes, Margarida Sant’Anna, Regina Teixeira de Barros, Rejane Cintrão e Ricardo Resende, sob a coordenação de Tadeu Chiarelli.

30 WEISS, Ana. Bienal do Barro tem sua primeira edição brasileira. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 15 set. 1998.

31 LAGNADO, Lisette. In: A falta. São Paulo: Valu Oria Galeria de Arte, 1998.

32 LAGNADO, Lisette. Uma lógica do adorno. In: Nazareth Pacheco. São Paulo: Ed. da artista, 1998. [Catálogo individual da artista para a 24ª Bienal Internacional de São Paulo].

33 MORAES, Angélica de. Um conjunto antropofágico, do modernismo até hoje. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 4 jul. 1998.

34 Tradução livre de OLIVARES, Rosa. Con los cinco sentidos. Lápiz, Madrid, n. 149/150, feb. 1999.

35 MONACHESI, Juliana. Exposição transcende a obra artística. Folha de S. Paulo, São Paulo, 31 ago 1999.

36 Tradução livre de M. N. [Michel Nuridsany]. L’Amérique Latine à découvert. Le Figaro, Paris, 15 sept. 1998.

37  BARROS, Regina Teixeira de. Vestido de baile. In: Panorama da arte brasileira 1999. São Paulo: Museu de Arte Moderna de São Paulo, 1999.

38   PIZA, Daniel. O corpo, ou a erosão da identidade. Bravo!, São Paulo, 1999. [Encarte especial dedicado ao Panorama da Arte Brasileira 99].

39 Tradução livre de MAGALHÃES, Fábio. In: Mujeres de las dos orillas: Valencia - São Paulo. Valencia: Centre Valencià de Cultura Mediterrània La Beneficència, 2000.

40 SILVA, Paulo Cunha. Cristais de dor. In: Nazareth Pacheco. Porto: Galeria Canvas, 2000.

41 WALLACH, Amei. Spinning Webs: The Sunday Salons of Louise Bourgeois. In: Salon. New York: Artists Space, 2001.

42  Esse é o último salon do qual a artista participa. Nazareth Pacheco volta a se encontrar com Louise Bourgeois mais duas vezes: em 2003, quando leva para Nova York seu livro e fotos da obra Quarto, e em junho de 2006.

43 Tradução livre de BERCHT, Fatima. El hilo de la trama. Buenos Aires: Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires, 2002. [Folheto].

44 JOHNSON, Ken. Contemporary Brazil in Fabric and Thread. The New York Times, New York, 14 dec. 2001.

45 LEFFINGWELL, Edward. Discovering the Art of Brazil. Art in America, New York, maio 2002.

46  STERLING, Susan Fischer. In: Virgin Territory: Women, Gender, and History in Contemporary Brazilian Art. Washington: National Museum of Women in the Arts, 2001.

47 FARRELL, Jennifer. Virgin Territory: Women, Gender, and History in Contemporary Brazilian Art. ArtNexus, Bogotá, n. 44, abr.-jun. 2002.

48 PALHARES, Taísa Helena P. In: Rodrigo Andrade, Vicente Martinez, Ana Kesselring, Cristina Barroso, Nazareth Pacheco. São Paulo: Centro Universitário Maria Antonia da USP, 2002.

49  Nazareth Pacheco apud SLOME, Manon. Nazareth Pacheco. In Dangerous Beauty. New York: JCC in Manhattan, 2002.

50  SLOME, Manon. Op. cit.

51 Tradução livre de CAZALI, Rosina. Desde la intimidad y más allá. Políticas a partir de las vidas y el arte de las mujeres. In: Entre líneas. Madrid: La Casa Encendida, 2002.

52 MOLINA, Camila. Nazareth Pacheco passa sua arte em revista. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 26 maio 2003.

53 CYPRIANO, Fabio. Nazareth Pacheco arma cama ‘impenetrável’. Folha de S. Paulo, São Paulo, 3 jun. 2003.

54 A íntegra do texto encontra-se na coletânea reunida neste livro.

55 A PINACOTECA do Município de São Paulo: Coleção de Arte da Cidade. São Paulo: Banco Safra, 2005.

56 C. M. [Camila Molina]. A dor para quem quer ou não ver. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 24 ago. 2005.

57 ARAÚJO, Olívio Tavares de. In: Dor, forma, beleza: a representação criadora da experiência traumática. São Paulo: Estação Pinacoteca, 2005.

58  HIRSZMAN, Maria. Uma grata surpresa no prédio da Prodam. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 7 nov. 2006.

59 Nazareth Pacheco apud MOLINA, Camila. Sedução e repulsão na arte de Nazareth Pacheco. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 26 out. 2007.

60 MOLINA, Camila. Sedução e repulsão na arte de Nazareth Pacheco. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 26 out. 2007.

61  TANG, Sarina. In: Art in Use: sculptural objects. Hong Kong: Hong Kong Arts Centre, 2009.

62  GUIMARÃES, Julia. Entre a atração e a repulsa. O Tempo, Belo Horizonte, 5 nov. 2010.

63  TUTTOILMONDO, Joana. Nazareth Pacheco: Quem é e o que vemos dela aqui. In: Arte e design. São Paulo: Santander Cultural, 2013.

64 C. M. [Camila Molina]. Nazareth Pacheco exibe criações com o mercúrio. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 20 jun. 2014.

65 MONACHESI, Juliana. A beleza tóxica do minimalismo mercurial de Nazareth Pacheco. Nazareth Pacheco: Mercurial. São Paulo: Casa Triângulo, 2014.

66 A íntegra do texto sobre a instalação Gota a gota, de autoria de Giancarlo Hannud, encontra-se na coletânea reunida neste livro.

67 COSTA, Marcus de Lontra. O diálogo necessário. In: Matérias do mundo - Projeto arte e indústria. Rio de Janeiro: Imago, 2015.

68 PINACOTECA de São Paulo. São Paulo: Safra, 2016.

69 PORTELLA, Isabel Sanson. Aquilo que nos une. In: Aquilo que nos une. Rio de Janeiro: Caixa Cultural, 2016.

 



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