Saiba mais sobre
as Drogas |
|
XAROPES (COM CODEÍNA OU
ZIPREPOL)
Definição
Os xaropes são formulações farmacêuticas que contêm
grande quantidade de açucares, fazendo com que o líquido fique "viscoso",
"meio grosso" ("xaroposo"). Neste veículo ou líquido coloca-se
então a substância medicamentosa que vai trazer o efeito benéfico desejado pelo médico
que a receitou. Assim, existem xaropes para tosse onde o medicamento ativo é geralmente a
codeína ou o zipeprol.
Mas também existem outras maneiras de preparar tais
remédios. Ao invés de colocá-los num xarope, faz-se uma solução aquosa, às vezes com
um pouco de álcool, tendo-se assim as chamadas gotas para tosse! A substância ativa
contida nas gotas é também geralmente a codeína ou o zipeprol.
Estas duas substâncias, codeína e
zipeprol, estão entre os remédios mais ativos para combater a tosse: são por isto
chamadas de antitussígenas ou béquicas (nominho bobo que a medicina inventou para
complicar as coisas).
Existe um número muito grande de produtos comerciais a
base de codeína. Assim, Belacodid®, Belpar®, Codelasa®,
Gotas Binelli®, Pambenyl®, Setux®, Tussaveto®,
etc., são remédios contra tosse que contêm esta substância como principal de suas
fórmulas.
Remédios antitussígenos feitos com zipeprol também
existiam no Brasil até o ano de 1991 (quando foram retirados do comércio) como, por
exemplo, Eritós®, Nantux®, Silentós®, e Tussiflex®.
A codeína conforme já explicado em outro folheto
desta série é uma substância que vem do ópio; trata-se, desta maneira, de um opiáceo
natural.
O zipeprol é uma substância sintética, isto é,
fabricado em laboratório. Conforme será visto, devido a sua grande toxicidade, o
zipeprol foi recentemente banido no Brasil; isto é, está proibido fabricar ou vender
remédios à base desta substância no território nacional.
Efeitos no cérebro
O cérebro humano possui uma certa área a chamada
Centro da Tosse que comanda os nossos acessos de tosse. Isto é, toda vez que ele
é estimulado há a emissão de uma "ordem" para que a pessoa tussa. Existem
drogas (codeína, zipeprol), que são capazes de inibir ou bloquear este centro da tosse;
assim, mesmo que haja um estímulo para ativá-lo, o centro estando bloqueado pela droga
não reage, isto é, não dá mais a "ordem" para a pessoa tossir; ou seja, a
tosse que vinha ocorrendo deixa de existir.
Mas a codeína e o zipeprol agem em mais
regiões no cérebro. Assim, outros centros que comandam as funções de nossos órgãos
são também inibidos; com a codeína, a pessoa sente menos dor (ela é um bom
analgésico), pode ficar sonolenta, a pressão do sangue, o número de batimentos do
coração e a respiração podem ficar diminuídas.
O zipeprol pode atuar no nosso cérebro, fazendo a
pessoa sentir-se meio aérea, flutuando, sonolenta, vendo ou sentindo coisas diferentes. E
com freqüência leva também a acessos de convulsão, o que é obviamente bastante
perigoso.
Efeitos no resto do corpo
A codeína possui os vários efeitos das drogas do
tipo opiáceas. Assim, é capaz de dilatar a pupila ("menina dos olhos"), de dar
uma sensação de má digestão e produzir prisão de ventre.
O zipeprol, além da possibilidade de produzir
convulsões, já discutida, pode também produzir náuseas.
Efeitos tóxicos
A codeína quando tomada em doses maiores do que a
terapêutica produz uma acentuada depressão das funções cerebrais. Como conseqüência
a pessoa fica apática, a pressão do sangue cai muito, o coração funciona com grande
lentidão e a respiração torna-se muito fraca. Como conseqüência a pele fica fria (a
temperatura do corpo diminui) e meio azulada ("cianose") por respiração
insuficiente. Pode a pessoa ficar em estado de coma, inconsciente, e se não for tratada
pode morrer. Por exemplo, num Pronto-Socorro na cidade de São Paulo, num período de 10
meses, 17 crianças de 20 dias até 2 anos de idade foram tratadas por intoxicação por
causa de xaropes ou gotas para tosse tomadas em excesso (Setux, Belpar, Belacodid,
Espasmoplus). Todas estas crianças apresentavam dificuldade respiratória, a pele estava
fria e meio azulada, as pupilas contraídas; mal conseguiam chorar e não tinham forças
para mamar. Em outro Hospital estavam internados 9 jovens devido a abuso de produtos à
base de zipeprol; destes 6 já tinham tido convulsões.
Aspectos gerais
A codeína leva rapidamente o organismo a um
estado de tolerância. Isto significa que a pessoa que vem tomando xarope à base de
codeína, como "vício", acaba por aumentar cada vez mais a dose diária. Assim,
não é incomum saber-se de casos de pessoas que tomam vários vidros de xaropes ou de
gotas para continuar sentindo os mesmos efeitos. E se elas deixam de tomar a droga,
estando já dependentes, aparecem sintomas da chamada síndrome de abstinência.
Calafrios, câimbras, cólicas, nariz escorrendo, lacrimejando, inquietação,
irritabilidade e insônia são os sintomas mais comuns da abstinência.
Com o zipeprol há também o fenômeno da tolerância
embora em intensidade menor.
O pior aspecto do uso crônico (repetido) dos produtos à
base do zipeprol é a possibilidade de ocorrência de convulsões.
Situação no Brasil
Os xaropes e gotas à base de codeína só podem
ser vendidos nas farmácias brasileiras com a apresentação da receita do médico, que
fica retida nas farmácias para posterior controle. Infelizmente isto nem sempre acontece
pois há farmácias desonestas que, para ganhar mais dinheiro, vendem estas substâncias
por "baixo do pano". Mas os seus proprietários podem ser punidos caso sejam
descobertos.
Os remédios à base de zipeprol foram banidos,
isto é, não existe mais para a venda. Isto ocorreu pelo fato de que houve várias mortes
de jovens que abusaram destas substâncias, principalmente crianças de rua.
Fonte: Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas
Psicotrópicas - CEBRID |