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MACONHA e THC
MACONHA Sinônimos: HASHISH; BANGH; GANJA;
DIAMBA; MARIJUANA; MARIHUANA
THC (TETRAHIDROCANABINOL)
Um pouco de história
A maconha é o nome dado aqui no Brasil a uma planta
chamada cientificamente de Cannabis sativa. Em outros países ela recebe
diferentes nomes como os mencionados no título deste folheto. Ela já era conhecida há
pelo menos 5.000 anos, sendo utilizada quer para fins medicinais quer para "produzir
risos". Talvez a primeira menção da maconha na nossa língua tenha sido um escrito
de 1548 onde está dito no português daquela época: "e já ouvi a muitas
mulheres que, quando hião ver algum homem, para estar choquareiras e graciosas a
tomavão". Até o início do presente século, a maconha era considerada em
vários países, inclusive no Brasil, como um medicamento útil para vários males. Mas
também era já utilizada para fins não médicos por pessoas desejosas de sentir
"coisas diferentes", ou mesmo utilizavam-na abusivamente. Conseqüência deste
abuso, e de um certo exagero sobre os seus efeitos maléficos, a planta foi proibida em
praticamente todo mundo ocidental, nos últimos 50-60 anos. Mas atualmente, graças as
pesquisas recentes, a maconha (ou substâncias dela extraídas) é reconhecida como
medicamento em pelo menos duas condições clínicas: reduz ou abole as náuseas e
vômitos produzidos por medicamentos anticâncer e tem efeito benéfico em alguns casos de
epilepsia (doença que se caracteriza por convulsões ou "ataques"). Entretanto,
é bom lembrar que a maconha (ou as substâncias extraídas da planta) têm também
efeitos indesejáveis que podem prejudicar uma pessoa.
O THC (tetrahidrocanabinol) é uma substância química
fabricada pela própria maconha, sendo o principal responsável pelos efeitos da planta.
Assim, dependendo da quantidade de THC presente (o que pode variar de acordo com o solo,
clima, estação do ano, época de colheita, tempo decorrido entre a colheita e o uso) a
maconha pode ter potência diferente, isto é, produzir mais ou menos efeitos. Esta
variação nos efeitos depende também da própria pessoa que fuma a planta: todos nós
sabemos que há grande variação entre as pessoas; de fato, ninguém é igual a ninguém!
Assim, a dose de maconha que é insuficiente para um pode produzir efeito nítido em outro
e até uma forte intoxicação num terceiro.
Efeitos da maconha
Para bom entendimento é melhor dividir os efeitos que a
maconha produz sobre o homem em físicos (ação sobre o próprio corpo ou partes
dele) e psíquicos (ação sobre a mente). Esses efeitos físicos e psíquicos
sofrerão mudanças de acordo com o tempo de uso que se considera, ou seja, os efeitos
são agudos (isto é, quando decorre apenas algumas horas após fumar) e crônicas
(conseqüências que aparecem após o uso continuado por semanas, ou meses ou mesmo anos).
Os efeitos físicos agudos são muito poucos: os
olhos ficam meio avermelhados (o que em linguagem médica chama-se hiperemia das
conjuntivas), a boca fica seca (e lá vai outra palavrinha médica antipática: xerostomia
é o nome difícil que o médico dá para boca seca) e o coração dispara, de
60-80 batimentos por minuto pode chegar a 120-140 ou até mesmo mais (é o que o médico
chama de taquicardia).
Os efeitos psíquicos agudos dependerão da
qualidade da maconha fumada e da sensibilidade de quem fuma. Para uma parte das pessoas os
efeitos são uma sensação de bem-estar acompanhada de calma e relaxamento, sentir-se
menos fatigado, vontade de rir (hilariedade). Para outras pessoas os efeitos são mais
para o lado desagradável: sentem angústia, ficam aturdidas, temerosas de perder o
controle da cabeça, trêmulas, suando. É o que comumente chamam de "má
viagem" ou "bode".
Há ainda evidente perturbação na capacidade da pessoa
em calcular tempo e espaço e um prejuízo na memória e atenção.
Assim sob a ação da maconha a pessoa erra grosseiramente na discriminação do tempo
tendo a sensação que se passaram horas quando na realidade foram alguns minutos; um
túnel com 10 metros de comprimento pode parecer ter 50 ou 100 metros.
Quanto aos efeitos na memória eles se manifestam
principalmente na chamada memória a curto prazo, ou seja, aquela que nos é importante
por alguns instantes. Dois exemplos verídicos auxiliam a entender este efeito: uma
telefonista de PABX em um hotel (que ouvia um dado número pelo fone e no instante
seguinte fazia a ligação) quando sob ação da maconha não era mais capaz de lembrar-se
do número que acabara de ouvir. O outro caso, um bancário que lia numa lista o número
de um documento que tinha que retirar de um arquivo; quando sob ação da maconha há
havia esquecido do número quando chegava em frente ao arquivo.
Pessoas sob esses efeitos não conseguem, ou melhor, não
deveriam executar tarefas que dependem da atenção, bom senso e discernimento, pois
correm o risco de prejudicar outros e/ou a si próprio. Como exemplo disso: dirigir carro,
operar máquinas potencialmente perigosas.
Aumentando-se a dose e/ou dependendo da sensibilidade, os
efeitos psíquicos agudos podem chegar até a alterações mais evidentes, com
predominância de delírios e alucinações. Delírio é uma manifestação mental
pela qual a pessoa faz um juízo errado do que vê ou ouve; por exemplo, sob ação da
maconha uma pessoa ouve a sirene de uma ambulância e julga que é a polícia que vem
prendê-la; ou vê duas pessoas conversando e pensa que ambas estão falando mal ou mesmo
tramando um atentado contra ela. Em ambos os casos, esta mania de perseguição (delírios
persecutórios) pode levar ao pânico e, conseqüentemente, a atitudes perigosas
("fugir pela janela", agredir as pessoas conversando em "defesa"
antecipada contra a agressão que julga estar sendo tramada). Já a alucinação é
uma percepção sem objeto, isto é, a pessoa pode ouvir a sirene da polícia ou vê duas
pessoas conversando quando não existe quer a sirene quer as pessoas. As alucinações
podem também ter fundo agradável ou terrificante.
Os efeitos físicos crônicos da maconha já são
de maior monta. De fato, com o continuar do uso, vários órgãos do nosso corpo são
afetados. Os pulmões são um exemplo disso. Não é difícil imaginar como irão ficar
estes órgãos quando passam a receber cronicamente uma fumação que é muito irritante,
dado ser proveniente de um vegetal que nem chega a ser tratado como é o tabaco comum.
Esta irritação constante leva a problemas respiratórios (bronquites), aliás como
ocorre também com o cigarro comum. Mas o pior é que a fumação de maconha contém alto
teor de alcatrão (maior mesmo que na do cigarro comum) e nele existe uma substância
chamada benzopireno, conhecido agente cancerígeno; ainda não está provado
cientificamente que a pessoa que fuma maconha cronicamente está sujeita a contrair
câncer dos pulmões com maior facilidade, mas os indícios em animais de laboratório de
que assim pode ser são cada vez mais fortes.
Outro efeito físico adverso (indesejável) do uso
crônico da maconha refere-se à testosterona. Esta é o hormônio masculino; como
tal confere ao homem maior quantidade de músculos, a voz mais grossa, a barba, também é
responsável pela fabricação de espermatozóides pelos testículos. Já existem muitas
provas que a maconha diminui em até 50-60% a quantidade de testosterona.
Conseqüentemente o homem apresenta um número bem reduzido de espermatozóides no
líquido espermático (medicamente esta diminuição chama-se oligospermia) o que leva a
uma infertilidade. Ou seja, o homem terá mais dificuldade de gerar filhos. Este é um
efeito que desaparece quando a pessoa deixa de fumar a planta. É também importante dizer
que o homem não fica impotente ou perde o desejo sexual; ele fica somente com uma
esterilidade, isto é, fica incapacitado de engravidar sua companheira.
Há ainda a considerar os efeitos psíquicos crônicos
produzidos pela maconha. Sabe-se que o uso continuado da maconha interfere com a
capacidade de aprendizagem e memorização e pode induzir um estado de amotivação, isto
é, não sentir vontade de fazer mais nada, pois tudo fica sem graça e importância. Este
efeito crônico da maconha é chamado de síndrome amotivacional. Além disso, a
maconha pode levar algumas pessoas a um estado de dependência, isto é, elas passam a
organizar sua vida de maneira a facilitar o uso de maconha, sendo que tudo o mais perde o
seu real valor.
Finalmente, há provas científicas de que se a pessoa
tem uma doença psíquica qualquer, mas que ainda não está evidente (a pessoa consegue
"se controlar") ou a doença já apareceu, mas está controlada com medicamentos
adequados, a maconha piora o quadro. Ou faz surgir a doença, isto é, a pessoa não
consegue mais "se controlar" ou neutraliza o efeito do medicamento passando a
apresentar de novo os sintomas da doença. Este fato tem sido descrito com freqüência na
doença mental chamada esquizofrenia.
Em um levantamento feito entre os estudantes do 1º e 2º
graus das 10 maiores cidades do país, em 1997, 7,6% declararam que já haviam
experimentado a maconha e 1,7% declararam fazer uso de pelo menos 6 vezes por mês.
Fonte: Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas
Psicotrópicas - CEBRID |