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Pediatra aponta descaminhos da criança "terceirizada" |
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Ao longo da história e em diversas culturas, as crianças foram colocadas em posições extremamente desfavoráveis na escala social. Esses e outros temas relativos ao desenvolvimento na infância são tratados em profundidade no livro A Criança Terceirizada - Os descaminhos das relações familiares no mundo contemporâneo, lançado pelo médico pediatra e ex-reitor da Unicamp, José Martins Filho. Martins Filho explica que o primeiro ano de vida da criança é extremamente importante no que se refere ao seu desenvolvimento físico e psíquico. "Tudo o que acontece nesse período tende a ter reflexo no restante da vida de uma pessoa", afirma. Dessa forma, prossegue o ex-reitor da Unicamp, os cuidados por parte dos pais devem ser redobrados nessa etapa. A amamentação e o contato físico com a mãe, por exemplo, são fundamentais. Justamente por isso o pediatra se diz favorável à ampliação da licença-maternidade de quatro para seis meses, cujo projeto de lei está em discussão no Congresso Nacional. "Em alguns países nórdicos, esse tipo de licença é de dois anos. Nesse caso, os custos são arcados pelo governo e não pelas empresas. O interessante é que se a mulher precisar ou quiser voltar ao trabalho ao final do primeiro ano, o pai pode gozar o restante da licença no lugar dela, de modo a continuar prestando assistência integral ao filho". Embora reconheça que o modelo ainda está distante da realidade brasileira, Martins Filho considera que esse tipo de iniciativa deve ao menos ser discutida. Assim como deve ser debatida, em sua opinião, a conveniência de a mãe trabalhar apenas meio período nos primeiros anos de vida dos filhos. "É óbvio que isso traria impacto na renda familiar, mas os pais devem considerar essa hipótese. O que não pode continuar acontecendo é a entrega dos filhos para parentes, vizinhos ou babás que não estão preparados para cuidar adequadamente das crianças", afirma. Além de tratar desses assuntos, o autor também faz um resgate da situação das crianças ao longo da história, como os episódios registrados no início deste texto. A mensagem final do livro talvez pudesse ser resumida na seguinte frase: mais do que falar sobre os direitos das crianças, o momento é de assegurá-los na prática, sob pena de nos arrependermos no futuro. Texto: Manuel Alves Filho |
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