Exclusivo: Jovens abusam da efedrina vendida indiscriminadamente no Brasil.
 

Pode parecer incrível, mas a efedrina, substância dopante que tirou Maradona da sua última Copa do Mundo e acabou com a carreira de tantos outros atletas, é largamente comercializada em suplementos alimentares na maioria das cidades brasileiras. Os jovens adquirem facilmente as cápsulas em academias, em lojas especializadas, farmácias e até mesmo pela internet. Isso dificulta que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) fiscalize a venda desses potes de comprimidos.

O pior é que jovens utilizam os comprimidos com efedrina não só para malhar, mas também na sua rotina diária e em festas. "Sempre tomo dois antes de sair à noite. Durante a semana, tomo logo quando acordo, dá disposição" afirma o universitário brasiliense Leonardo Gimenez, 25 anos. Seus amigos também fazem o mesmo. Eles sabem os melhores locais para comprar, os preços e quais são os mais potentes. O uso da efedrina associado ao álcool, cigarro e outras drogas, como os adolescentes costumam fazer, pode causar diversas complicações, com os prejuízos variando de acordo com cada organismo e a quantidade de drogas ingeridas.

Com pouco tempo de uso, os jovens sentem os efeitos. "Fiquei com o estômago muito sensível, vomito fácil" afirma Leonardo, com as mãos trêmulas. Outros sintomas que talvez o estudante não tenha notado são os tremores, o nervosismo exacerbado, a irritabilidade constante, dores de cabeça e mudanças da pressão arterial.

A substância considerada doping há muitos anos é um broncodilatador e melhora de maneira ilegal o desempenho dos atletas. Só que em contrapartida, o aumento dos batimentos cardíacos provoca a liberação de adrenalina. Velha conhecida da juventude.

Um levantamento feito pela American Medical Association em 2003 constatou a morte de cinco pessoas devido ao uso de efedrina. Isso, sem contar as cinco pessoas que tiveram complicações cardíacas e os quatro ataques de epilepsia provocados diretamente pela substância só nesses últimos oito meses. Sua utilização só é aconselhada no tratamento de doenças respiratórias e com acompanhamento médico.

Texto: Cassiano Sampaio
Fonte: Redação Saúde em Movimento

 

 
 
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