DEFINIÇÃO Concentração de Potássio sérico menor que 3.5 mmol/L (mEq/L). Uma
concentração de Potássio sérico menor que 2 mmol/L é considerada como hipocalemia
grave.
CAUSAS TÓXICAS
A hipocalemia nas intoxicações agudas pode ser
consequente de um dos seguintes mecanismos:
Secundária à transferência do Potássio do espaço
extracelular para o intracelular:
Secundária au aumento das perdas renais
de Potássio
- Administração crônica de glicocorticóides
- Abuso crônico de tolueno
- Carbenoxolona
- Perda de Potássio devido a diuréticos
Secundária au aumento das perdas
gastrintestinais de Potássio
- Qualquer intoxicação aguda associada com vômitos ou
diarréia protraídos.
Secundária au aumento das perdas de
Potássio pela sudorese
- Síndrome colinérgica com sudorese intensa
CAUSAS NÃO-TÓXICAS
Secundária à transferência do Potássio do espaço
extracelular para o intracelular:
- Insulinoma
- Alcalose metabólica ou respiratória
- Nutrição parenteral total
Secundária ao aumento das perdas gastrintestinais de
Potássio
- Anorexia nervosa/bulimia
- Diarréia
- Aspiração prolongada de secreção gástrica
- Megacolon tóxico
- Adenoma de colon
- Vômitos protraídos
- Síndrome de Zollinger-Ellison
Secundária au aumento das perdas renais de Potássio
- Síndrome de Cushing
- Hiperaldosteronismo primário ou secundário
- Fluxo urinário aumentado (diurese posobstrutiva, grandes
infusões EV)
- Deficiência de Magnésio
- Acidose tubular renal
Quantidade inadequada de Potássio na dieta
- Alcoolismo
- Anorexia nervosa
- Infusão endovenosa de fuidos sem Potássio
- Desnutrição
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Nas concentrações séricas de Potássio entre 2.5 e 3.5
mmol/L, o paciente pode estar assintomático ou apresentar sintomas leves, incluindo
fraqueza e fadiga muscular. Quando o Potássio sérico cai abaixo de 2.5 mmol/L, as
manifestações clínicas podem progredir para fraqueza muscular grave, íleo paralítico,
paralisia respiratória e arritmias atriais e ventriculares. O paciente com hipocalemia
grave tem risco de morte súbita por parada respiratória ou cardíaca (taquicardia
ventricular).
A hipocalemia altera o potencial de repouso da membrana e
lentifica a repolarização. Estas alterações se refletem no eletrocardiograma pela
depressão do segmento ST, achatamento da onda T e elevação da onda U (raramente). A
ausência de onda T visível e a presença da onda U podem parecer como um prolongamento
de QT.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Arritmias: Hipoxia, uso de digitais ou outras drogas,
lesão miocárdica e distúrbios eletrolítricos (hipomagnesemia).
Fraqueza muscular: Miastenia gravis, botulismo e doença
neurológica central ou periférica.
INVESTIGAÇÕES RELEVANTES
- Potássio sérico
- Sódio, cloro e bicarbonato séricos
- Testes de função renal (uréia, creatinina)
- ECG
- Gasometria arterial
- Potássio urinário (de 24 horas)
TRATAMENTO
O tratamento é determinado pelo mecanismo da
intoxicação, pelo Potássio sérico, pela gravidade dos sintomas e a presença ou
ausência de anormalidades de ECG. Para pacientes com hipocalemia devido ao uso
crônico de diuréticos ou perdas de Potássio gastrointestinais ou renais prolongadas e
graves, a deficiência de Potássio corporal total pode ser tão grande quanto 300 to 500
mEq. Por outro lado, hipocalemia devido a transferência do Potássio intracelular
é associada com uma relativamente pequena deficiência do Potássio corporal total e pode
não justificar uma reposição agressiva.
A hipocalemia leve geralmente pode ser tratada com
suplemento de Potássio oral. Pacientes com sintomatologia moderada à grave requerem
suplementação de Potássio endovenoso, além do tratamento da condição de base e
monitorização cardíaca contínua. Também será necessário o tratamento específico
das complicações agudas como parada cardiorespiratória, arritmias ventriculares,
insuficiência respiratória e rabdomiólise.
Hipocalemia associada com estimulação beta-2 adrenérgica
pode ser tratada com bloqueadores beta-adrenérgicos (propranolol, esmolol). Cuidado
maior nos pacientes com história de asma.
COMPLICAÇÕES TARDIAS
Lesões cerebrais e de outros órgãos podem ocorrer devido
a hipoxia resultante de parada cardíaca ou respiratória secundária à hipocalemia.
Insuficiência renal aguda pode estar associada com
rabdomiólise secundária à hipocalemia.
AUTORES / REVISORES
Autor: Dr Barbara Groszek, Department of Clinical
Toxicology, Jagiellonian University, 31-826 Kraków, Os. Zlota Jesien 1, Poland.
Revisores: Birmingham 3/99: B. Groszek, H. Kupferschmidt, N. Langford, K. Olson, J.
Pronczuk.
Tradutor: São Paulo, 2001: Dr Ligia Fruchtengarten.
Fonte: IPCS
INTOX
Obs.: O
tratamento proposto é apenas para fins didáticos, não se automedique, a automedicação
pode ser perigosa. Caso necessário procure um médico para maiores informações, somente
ele pode lhe prescrever alguma medicação. |