sais,
etc.), ocasionando um "inchaço", aumentando ainda mais a pressão
intracraniana. Esta região, chamada zona de penumbra, é muito importante, pois as
células aí existentes estão vivas e não funcionantes de forma adequada. Nela é
possível ocorrer recuperação total através de cuidados médicos urgentes, evitando
maiores seqüelas ao paciente. Recentemente, têm surgido muitos estudos sobre os chamados Radicais
livres. De maneira simples, seriam "substâncias" tóxicas produzidas pelo
próprio organismo, em várias situações de agressão, dentre elas o AVC. São multo
prejudiciais às células, podendo lesioná-las definitivamente.
Enfim, devemos compreender que
muita coisa acontece ao mesmo tempo quando este quadro ocorre, multas delas ainda
desconhecidas, Existem alterações do cálcio, de neurotransmissores (substâncias
que transmitem informações dentro do cérebro), etc; todas devendo ser combatidas ao
mesmo tempo.
4- FATORES DE RISCO
PARA O AVC:
Como já vimos, fator de risco é
aquele que pode facilitar a ocorrência do AVC. É imprescindível a sua caracterização
e devida correção, pois quase toda a prevenção do AVC é baseada no combate aos
fatores de risco. Os principais são:
a. Pressão Arterial: é
o principal fator de risco para AVC. Na população, o valor médio é de "12 por
8"; porém, cada pessoa tem o um valor de pressão, que deve ser determinado pelo seu
médico. Para estabelecê-lo, são necessárias algumas medidas para que se determine o
valor médio. Quando este valor estiver acima do normal daquela pessoa, temos a
hipertensão arterial. Tanto a pressão elevada quanto a baixa são prejudiciais, A melhor
solução é a prevenção! Devemos entender que qualquer um de nós pode se tornar
hipertenso. "Não é porque mediu uma vez, estava boa e nunca mais tem que se
preocupar"! Além disso, existem murtas pessoas que tomam corretamente a medicação
determinada porém uma só caixa! A pressão está boa e, então, cessam a medicação.
Ora, a pressão está boa justamente porque está seguindo o tratamento! Geralmente, é
preciso cuidar-se sempre, para que ela não suba inesperadamente. A hipertensão arterial
acelera o processo de aterosclerose, além de poder levar a uma ruptura de um vaso
sangüíneo ou a uma isquemia (Determine sua Pressão Arterial).
b. Doença Cardíaca:
qualquer doença cardíaca, em especial as que produzem arritmias, podem determinar um
AVC. "Se o coração não bater direito"; vai ocorrer uma dificuldade para o
sangue alcançara cérebro, além dos outros órgãos, podendo levara uma isquemia. As
principais situações em qúe isto pode ocorrer são: arritmias, infarto do miocárdio,
doença de Chagas, problemas nas válvulas etc.
(Determine seu Risco
Cardíaco).
c. Colesterol: o colesterol
é uma substância existente em todo o nosso corpo, presente nas gorduras animais; ele é
produzido principalmente no fígado e adquirido através da dieta rica em gorduras. Seus
níveis alterados, especialmente a elevação da fração LDL (mau colesterol, presente
nas gorduras saturadas, ou seja, aquelas de origem animal, como carnes, gema de ovo etc.)
ou a redução da fração HDL (bom colesterol) estão relacionados à formação das
placas de aterosclerose.
d. Fumo: sempre devemos
evitá-lo; é prejudicial à saúde em todos os aspectos, principalmente naquelas pessoas
que já têm outros fatores de risco aqui cita dos. Acelera o processo de aterosclerose,
torna o sangue mais grosso (concentrado) ao longo dos anos (aumentando a quantidade de
glóbulos vermelhos) e aumenta o risco de hipertensão arterial
(Determine sua
dependência ao fumo).
e.Uso excessivo de
bebidas alcoólicas: quando isso ocorre por murta tempo, os niveis de
colesterol se elevam; além disso, a pessoa tem maior propensão à hipertensão arterial.
f. Diabetes Mellitus: é uma doença em que o nível de
açúcar (glicose) no sangue está elevado. A medida da glicose no sangue é o exame de
glicemia. Se um portador desta doença tiver sua glicemia controlada, tem AVC menos grave
do que aquele que não o controla.
g. Idade: quanto mais idosa
uma pessoa, maior a sua probabilidade de ter um AVC. Isso não impede que uma pessoa jovem
possa ter.
h. Sexo: até os 51 anos de
idade os homens ter maior propensão do que as mulheres; depois desta idade, o risco
praticamente se iguala.
i. Raça: é mais
freqüente na raça negra.
j. História de doença
vascular anterior: pessoas que já tiveram AVC, "ameaça de
derrame", infarto do miocárdio (coração) ou doença vascular de membros (Trombose
etc.), tem maior probabilidade de ter um AVC.
k. Obesidade: aumenta o risco de diabetes, de hipertensão arterial e
de aterosclerose; assim, indiretamente, aumenta o risco de AVC.
l. Sangue muito concentrado:
isso ocorre, por exemplo, quando a pessoa fica desidratada gravemente ou existe um aumento
dos glóbulos vermelhos. Este último ocorre em pessoas que apresentam doenças
pulmonares crônicas (quer dizer, por muitos anos), ou que vivem em grandes altitudes. Em
ambos os casos, o organismo precisa compensar a falta de oxigênio, aumentando a
produção dos glóbulos vermelhos, para não deixar "escapar" qualquer
oxigênio que chega aos pulmões.
m. Anticoncepcionais hormonais:
os mais utilizados são as pilulos mas o médico deve avaliar e orientar cada caso.
Atualmente se acredita que as pílulas com baixo teor hormonal, em mulheres que não fumam
e não tenham outros fatores de risco, não aumentam a probabilidade de aparecimento de
AVC.
n.Sedentarismo: a
falta de atividades físicas leva à obesidade, predispondo ao diabetes, à hipertensão e
o aumento do colesterol.(Determine seu Nível de Aptidão Física).
"Para entendermos como se
combinam todos estes fatores, imaginem um cano (Tubo) por onde passa a água. Agora, vamos
acrescentando lama a esta água e a velocidade da mesma começará a diminuir. A lama
corresponderia aos constituintes do sangue. Finalmente, vamos colocar uns obstáculos de
"cimento colante" dentro deste tubo (correspondendo as placas de aterosclerose);
Logo, vamos notar que a lama vai começar a aderir a este cimento, aumentando ainda mais
as dificuldades para a água passar".
5- QUANDO DESCONFIAR
QUE UMA PESSOA ESTÁ APRESENTANDO UM AVC?
O AVC manifesta-se de modo
diferente em cada paciente, pois depende da área do cérebro atingida, do tamanho da
mesma, do tipo (Isquêmico ou Hemorrágico), do estado geral do paciente, etc.
De maneira geral, a principal característica
é a rapidez com que aparece as alterações; em questão de segundos a horas (de
maneira abrupta ou rapidamente progressiva). Podemos chamar a atenção para aquelas mais
comuns:
Fraqueza ou adormecimento de um
membro ou de um lado do corpo, com dificuldade para se movimentar;
- Alteração da linguagem, passando
a falar "enrolado" ou sem conseguir se expressar, ou ainda sem conseguir
entender o que lhe é dito;
- perda de visão de um olho, ou
parte do campo visual de ambos os olhos;
- dor de cabeça súbita, semelhante
a uma "paulada, sem causa aparente, seguida de vômitos, sonolência ou coma; perda
de memória, confusão mental e dificuldades para executar tarefas habituais (de início
rápido).
Estas alterações não são
exclusivas do AVC. Apenas servem de alerta de que algo está acontecendo, devendo procurar
auxílio médico imediatamente.
Devemos chamar a atenção para
aqueles pacientes mais idosos, acamados por quaisquer motivos, inclusive por um
"derrame" prévio. Neste caso, eles têm vários fatores de risco e é muito
comum passarem desapercebidas estas alterações. É importante prestarmos atenção na
capacidade habitual de movimentos de seus membros, como eles costumam falar, na quantidade
e horário normal de sono. Se houver piora (por exemplo, "antes erguia a mão até a
cabeça, agora o faz pouco ou nem movimenta"), levar ao médico e, de preferência,
prestar estas informações a ele.
6- EXAMES
COMPLEMENTARES
Exames complementares são aqueles
solicitados pelo médico com a finalidade de confirmar ou afastar o diagnóstico de uma
doença que está suspeitando descobrir a causa, verificar a gravidade e a evolução e
certificar-se do local da lesão.
Assim, para que o médico possa
determinar os exames necessários, é preciso sua prévia avaliação, baseada nas
informações dos acompanhantes e, quando possível, do próprio paciente, bem como o
exame clínico e neurológico do mesmo.
As informações mais importantes,
em geral, são: o que o paciente sente, desde quando , a maneira que começou a adoecer
(rápida, progressiva etc...), como o paciente passou do início até a admissão ao
hospital, medicamentos, doenças prévias e atuais etc..
Os exames mais comuns são:
- exames laboratoriais de sangue,
urina, líquido cefalorraquiano (líquor)
- avaliação cardíaca e pulmonar,
eletrocardiograma, ecocardiograma, radiografia do tórax;
- exames de imagem do crânio
(cérebro), tomografia computadorizada, ressonância nuclear magnética, angiografia
cerebral;
- outros exames: ultrassonografia das
artérias carótidas e vertebrais, etc.
7- TRATAMENTO
Devemos lembrar que o AVC é uma
urgência, tanto quanto o infarto do coração. Em outras palavras, diante de uma
suspeita, levar o paciente imediatamente ao Pronto Socorro.
Evite medicar sem orientação
médica, por melhor que seja a sua intenção. Como exemplo, muitas vezes a pressão
arterial está elevada e, na ansiedade de querer baixá-la, corre-se o risco de exagerar.
Neste caso, a pressão baixa dificultará a chegada do sangue ao cérebro, complicando o
quadro.
No hospital, o médico
responsável deverá se preocupar, entre vários parâmetros, com uma respiração e
hidratação adequada, com uma dieta adequada (seja via oral ou através do sangue),
cuidados para evitar feridas (escaras) devido a persistência do paciente numa
mesma posição, controle da pressão e da temperatura (evitando complicações
infecciosas, principalmente pulmonares), prevenção de trombose nas veias das pernas,
etc.. Além de tudo, existe o tratamento específico: correção dos distúrbios da
coagulação sangüínea, prevenção do vaso espasmo (1á explicado), evitar aumento da zona
de penumbra (devido ao edema) combater os radicais livres, etc...
Devemos entender que "cada
caso é um caso". Alguns podem necessitar de tratamento cirúrgico, como drenagem de
um hematoma (coágulo) ou para a correção de uma má formação, por exemplo um
aneurisma2.
Hoje sabemos que outras áreas do
cérebro, não afetadas por uma lesão, podem assumir determinadas funções realizadas
por aquelas que "morreram"; e, ainda, podem ocorrer regenerações de algumas
pequenas partes. A este conjunto de fenômenos chamamos de neuroplasticidade. Existem
pesquisas de medicamentos para potencializar este fenômeno.
O tratamento. em todos os seus
aspectos, deve ser precoce, com o que se obtém melhores resultados.
Após a alta hospitalar, o
tratamento continua. O médico responsável dará a receita dos medicamentos a serem
tomados, assim como todas as orientações necessárias.
Uma das medidas a
serem tomadas pelos familiares é procurar algum serviço de assistência social onde o
paciente trabalho do hospital onde foi atendido ou de serviço público para providenciar
o recebimento do seguro saúde, aposentadoria ou equivalente.
Tem início. então o tratamento
ambulatorial, com o neurologista e toda uma equipe de especialistas em diferentes áreas,
que serão requisitados de acordo com cada caso; fisiatria e fisioterapia, fonoaudiologia.
psicólogo, terapia ocupacional, entre outros. Em geral, o médico responsável dará
estas orientações, além de coordenar a equipe.
A família deve ficar atenta à
eventuais complicações que possam surgir sendo os sintomas mais freqüentes;
- dor no peito ou respiração mais
curta;
- sangramento, principalmente se
estiver tomando remédios para "afinar" o sangue (anticoagulantes);
- dor de estômago, indigestão ou
soluços frequentes, especialmente se estiver tomando ácido acetil salicílico (AAS,
Aspirina etc.);
- convulsões ou perda de
consciência;
- dor para urinar;
- febre;
- alteração do comportamento,
depressão ou agressividade;
- piora da força;
- "prisão de ventre"
(obstipação intestinal) prolongada.
8 - A REABILITAÇÃO
DO PACIENTE
A reabilitação é o conjunto de
procedimentos que visam restabelecer, quando possível, uma função perdida pelo paciente
temporária ou permanentemente, realizada por uma equipe multidisciplinar, coordenada
preferencialmente pelo médico fisiatra:
Com relação ao paciente
acometido pelo AVC, os objetivos de reabilitação são:
a - Prevenir complicações;
as mais comuns são as deformidades. Com a paralisação dos músculos e a instalação de
uma rigidez (chamada de espasticidade) nas partes do corpo afetadas, ocorre a perda da
mobilidade das articulações, que passam a adotar posições erradas, ficando deformadas
e impedindo o paciente de realizar certos movimentos, como estender os joelhos e
cotovelos, andar, flexionar os braços, etc. Outras complicações comuns são as
síndromes álgicas (dores difusas pelo corpo), o ombro doloroso, doenças pulmonares
(broncopneumonia), a trombose venosa profunda, as escaras (feridas formadas pela pressão
contínua em um determinado ponto), entre outras. Todas estas complicações podem ser
evitadas através da movimentação com exercícios corretos, com uso de órteses
(aparelhos para manter os ombros posicionados corretamente), procedimentos visando
diminuir a espasticidade e uso de medicamentos para dor, prescritos pelo médico.
b - Recuperar ao máximo as funções cerebrais comprometidas pelo AVC, que podem ser
temporárias ou permanentes. Isto pode ser feito através do atendimento precoce ao
paciente, tanto do ponto de vista clínico quanto reabilitacional, através da
realização de exercícios, treino de atividades e uso de equipamentos especiais que
ajudem a preservar os movimentos e a saúde das articulações.
c - Devolver o paciente ao convívio social, tanto na família quanto no trabalho,
reintegrando-o com a melhor qualidade de vida possível.
De um modo geral, alguns princípios de reabilitação podem ser iniciados no primeiro ou
segundo dia do AVC, como posicionamentos adequados e movimentos passivos, visando prevenir
complicações secundárias, com o paciente ainda hospitalizado.
Ao sair do hospital, o paciente deve continuar seu tratamento de reabilitação, a nível
ambulatorial, com o fisiatra, num centro especializado, se necessário, ou em casa,
seguindo as orientações dadas pela equipe. E é neste momento que entra o papel
fundamental da família, fornecendo a infra-estrutura necessária para o amplo
restabelecimento do paciente, da seguinte forma:
a. Dando corretamente as medicações prescritas (lembre-se que o paciente com AVC pode
ter alterações de memória e se esquecer dos remédios e horários).
b. Promovendo o comparecimento às consultas e terapias.
c. Fornecendo um ambiente de tranqüilidade e compreensão, para que o paciente não se
deixe levar pela depressão e/ou agressividade, fato comum nestes casos.
d. Motivando o paciente:
- evitando que durma o dia todo;
- colocando roupas confortáveis durante o
dia (agasalhos esportivos, abrigos. etc.);
- tornando as roupas fáceis de serem
colocadas e retiradas (uso de velcro, botões de pressão, elásticos, entre outros);
- utilizando o pijama somente à noite;
- colocando-o sentado na cama ou no sofá
(de preferência), sempre que possível;
- levando-o a passeios dentro e fora de casa
com o auxílio de cadeira de rodas ou caminhando com a ajuda de aparelhos (órteses) ou
bengalas;
- dando pequenas tarefas possíveis de serem
realizadas (sob a orientação do terapeuta ocupacional);
- tentando estimular a retomada das
atividades profissionais ou de alguma atividade que ele possa exercer;
- adaptando o interior da casa, com
corrimões, rampas e pouca mobila, para facilitar a locomoção do paciente (procurar não
descaracterizar o ambiente onde ele vivia; alterar a disposição dos móveis pode
confundir e desorientar os pacientes mais idosos);
- a utilizar o banheiro para suas
necessidades e tomar o banho
e. Dando uma dieta adequada:
- com pouco sal (para evitar o edema nas
partes paralisadas);
- com pouca gordura;
- leve (para facilitar a digestão);
- rica em fibras e líquidos, para evitar
uma complicação mais comum, o ressecamento intestinal (cabe ao médico indicar ou não o
uso de laxantes).
f. Auxiliando a realização de atividades e exercícios orientados para casa (esses
exercícios são inicialmente passivos, ou seja, o paciente não os realiza
voluntariamente; depois passam a ser ativos, onde solicita-se para que ele realize
determinados movimentos),
g. Posicionando corretamente os braços ou pernas afetados.
De um modo geral, alguns princípios de reabilitação podem ser iniciados no primeiro ou
segundo dia do A V C, como posicionamentos adequados e movimentos passivos, visando
prevenir complicações secundárias, com o paciente ainda hospitalizado. Ao sair do
hospital, o paciente deve continuar seu tratamento de reabilitação, a nível
ambulatorial num centro especializado, se necessário, ou em casa, seguindo as
orientações dadas pela equipe. Neste momento é que entra o papel fundamental da
família, fornecendo a infra-estrutura necessária para o amplo restabelecimento do
paciente.
(Este texto foi extraído e modificado
do informativo de mesmo título – autores: Drs. Ibsen T. Damiani e Edson I. Yokoo,
revisor Dr. Rubens J. Gagliardi – Editado por TRB PHARMA – em 1995, nossos
agradecimentos àquela industria farmacêutica e autores).
Fonte: Hospital Tacchini |