É uma doença debilitante que se caracteriza por deixar
alterações (cicatrizes) nos pulmões que são permanentes e progressivas. São estas
modificações que causam dificuldade para respirar nas pessoas com fibrose pulmonar
idiopática.
A fibrose pulmonar idiopática pertence a um grupo de
doenças chamadas de doenças intersticiais pulmonares, onde a grande maioria deixa
cicatrizes nos pulmões, que é a fibrose propriamente dita. Algumas destas doenças
intersticiais pulmonares têm uma causa definida (poeira de metais, poeira de madeira,
exposição a pássaros, etc.), porém a grande maioria não tem uma causa conhecida.
Desta forma, quando a fibrose não apresenta uma causa clara, é denominada IDIOPÁTICA.
IDIOPÁTICA = Causa desconhecida
A doença costuma atingir mais homens que mulheres, sendo a idade mais frequente de
acometimento entre os 50 e 70 anos.
Causa da Fibrose Pulmonar Idiopática
Como comentado anteriormente não há, até o momento, uma causa definida. Pesquisas
estão em curso a fim de identificar fatores que possam facilitar o desenvolvimento da
FIBROSE PULMONAR IDIOPÁTICA como: Exposições no trabalho e ambientais - metais,
madeira, pássaros; Infecções por vírus; Genéticos - pessoas da mesma família com
fibrose.
Desenvolvimento
Isto ainda é um mistério. O que se sabe é que a FIBROSE PULMONAR IDIOPÁTICA altera o
processo de cura do pulmão normal. Estas alterações levam a um processo de
cicatrização exagerado e descontrolado que produz a fibrose.
Sintomas
Os sintomas geralmente se instalam de forma gradual, sendo os principais: Falta de ar ou
cansaço durante e após atividades física; tosse seca persistente; perda de peso ;
fadiga.
Diagnóstico
A FIBROSE PULMONAR IDIOPÁTICA faz parte de um grande grupo de doenças (as doenças
intersticiais pulmonares), que são parecidas e portanto seu diagnóstico por vezes não
é fácil. Na conversa com seu médico são feitas várias perguntas com o objetivo de
afastar outras doenças e saber dos seus sintomas. Após, seu médico o examinará
utilizando um estetoscópio, aparelho para auscultar (ouvir) os sons dos seus pulmões,
para avaliar se há um som parecido com um "velcro" quando você respira.
Finalmente, de acordo com a avaliação do seu médico, serão necessários exames
adicionais como:
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Procedimento
Diagnóstico |
Descrição |
Para que serve |
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Imagem do tórax |
Utiliza uma máquina para
realizar Rx ou tomografia dos pulmões |
Visualizar as estruturas do
pulmão |
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Testes de função pulmonar |
Utiliza um aparelho onde o
paciente sopra. |
Avaliar a capacidade
pulmonar e o grau de comprometimento de sua função |
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Gasometria arterial |
Coleta de sangue de uma
artéria |
Medir os níveis de
oxigênio no sangue |
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Teste de exercício |
Utiliza uma esteira ou uma
bicicleta |
Avaliar como o pulmão e o
coração respondem a atividade física |
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Lavado broncoalveolar |
Utiliza um tubo
(broncoscópio) que é introduzido pelo nariz ou boca, que vai olhar os brônquios e
lançar uma quantidade de líquido que será recolhido para exame |
Examinar as células e
avaliar a presença de inflamação |
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Biópsia pulmonar |
Procedimento onde uma
amostra de tecido pulmonar é obtida pelo broncoscópio ou por uma pequena incisão
cirúrgica |
Obter amostra do tecido do
pulmão para exame direto |
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Evolução
A doença é a mesma, porém cada pessoa pode ter uma evolução diferente, algumas de
forma lenta e progressiva, outras mais rapidamente. A evolução é individual e
imprevisível, só o acompanhamento demonstrará. Em geral os sintomas progridem com o
tempo e se tornam mais evidentes; assim o paciente pode ficar mais limitado para
atividades que antes conseguia fazer sem falta de ar ou cansaço como: subir escadas,
fazer compras, caminhar no plano, tomar banho e às vezes mesmo parado (em repouso).
Com a progressão da fibrose pulmonar idiopática se tornam necessárias medidas e
atenção adicionais para: Necessidade de receber oxigênio; Necessidade de receber
antibiótico, pois a doença deixa e pessoa com menos condições de se defender dos
agentes infecciosos; Necessidade de reorganizar a sua vida em casa e no trabalho de forma
que se adapte à sua capacidade atual de realizar atividades;
Observar condições que podem se associa a Fibrose Pulmonar Idiopática, sobretudo quando
da doença mais avançada como: ataque cardíaco, falência respiratória, embolia
pulmonar (coágulos de sangue no pulmão), câncer de pulmão.
Tratamento
A FIBROSE PULMONAR IDIOPÁTICA não tem cura, sendo o tratamento realizado com o objetivo
de melhorar os sintomas e diminuir a progressão da doença. O tratamento atualmente
recomendado deve incluir, se possível: Anti-inflamatório - um corticosteróide
(prednisona, por exemplo), associado com: Imunossupressor - droga que reduz a
resposta imune do organismo (azatioprina ou ciclofosfamida)
É preciso que você saiba que este tratamento é efetivo em uma parcela de pacientes e
que a melhor resposta ocorre nos casos onde a doença está numa fase mais inicial. Outros
fatos que devem ficar claro sobre o tratamento são: a necessidade de um acompanhamento de
perto pelo seu médico, pois as medicações podem causar efeitos colaterais
(indesejáveis) de maior ou menor intensidade saber que mesmo naquelas pessoas que têm
boa resposta às medicações, seus efeitos não ocorrem em dias, mas sim em meses (em
geral são necessários de 3 a 6 meses para se avaliar a resposta).
Para pacientes com menos de 60 anos, que não responderam ao tratamento e se enquadram num
perfil já estabelecido, pode ser indicado o transplante pulmonar. Apesar de, no momento,
o tratamento da fibrose pulmonar idiopática não ser definitivo, vários centros no
exterior estão em busca de melhores drogas para tentar bloquear a doença.
O que eu posso fazer para ajudar no meu tratamento?
Se você tem diagnóstico de FIBROSE PULMONAR IDIOPÁTICA, você pode colaborar de várias
formas: Use as medicações prescritas da forma como seu médico orientou; Se você fuma,
tente parar o quanto antes. Converse com seu médico para que juntos tenham maior chance
de sucesso; Alimente-se bem e de forma balanceada. Experimente comer menores quantidades
de forma mais freqüente. È mais confortável respirar com o estômago mais vazio; Tente
realizar algum exercício físico como caminhar ou pedalar uma bicicleta estacionária.
Sempre antes de iniciar um programa novo de exercício converse com seu médico; Considere
participar de um programa de reabilitação pulmonar que visa aumentar sua resistência,
ensinar técnicas de respiração e conservação de energia, bem como lhe oferecer maior
integração social; Utilize o oxigênio suplementar como orientado pelo seu médico. O
oxigênio não vicia e quando indicado fará você ter menos falta de ar; Entre em contato
com seu médico a fim de esclarecer dúvidas sobre sua doença
Há algum tratamento novo para Fibrose Pulmonar Idiopática?
Várias pesquisas estão sendo desenvolvidas testando uma variedade de novas drogas como:
Agentes anti-fibróticos - interferon; Agentes anti-oxidantes - para prevenir
lesão tecidual pulmonar; Anticorpos monoclonais, etc.
Mensagem para os familiares
dos pacientes com FIBROSE PULMONAR IDIOPÁTICA
Cuidar de uma pessoa com um problema de saúde debilitante, determina impacto tanto
físico como emocional. A melhor maneira de ajudar é estar informado sobre a doença e
tentar fazer com que as necessidades do dia a dia do seu familiar sejam supridas. Isto
tudo sem esquecer de cuidar de você mesmo.
Você e seu familiar passarão por momentos de ansiedade e estresse e será necessário
que ambos mantenham o auto-controle. Para ajudar na redução do estresse, tente fazer
exercícios regulares, aprender técnicas de relaxamento e pedir ajuda quando necessário.
Mensagem final
As doenças crônicas como a FIBROSE PULMONAR IDIOPÁTICA são um desafio para todos os
envolvidos: pacientes, familiares, médicos, enfermeiros, etc. É preciso que haja clareza
de informações, o paciente e seus familiares devem estar conscientizados e sem dúvidas
sobre a doença e a equipe multiprofissional deve estar habilitada para tratar do paciente
como um todo. É necessário haver diálogo, cumplicidade nas decisões e confiança a fim
de que obstáculos possam ser superados, objetivando sempre a dignidade e uma melhor
qualidade de vida para os pacientes.
Autor:Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia