Pneumonia
 

Pneumonia é uma inflamação ou infecção dos pulmões. Os brônquios, após múltiplas divisões, acabam em milhões de pequenos sacos de ar (alvéolos), de onde o oxigênio atravessa a parede para pegar o sangue. Na pneumonia os alvéolos se enchem de pus, muco e outros líquidos e não podem funcionar adequadamente. O oxigênio não pode alcançar o sangue. Se existe oxigênio insuficiente no sangue, as células do corpo não podem funcionar adequadamente. Devido a isto e também porque a infecção pode se espalhar pelo corpo, a pneumonia pode causar morte.

No Brasil, as pneumonias são a primeira causa de morte entre as doenças respiratórias e, ocupam o quarto lugar na mortalidade geral entre adultos, quando as causas externas, como acidentes, são excluidas.

A pneumonia afeta os pulmões de duas maneiras. Na pneumonia lobar uma parte do pulmão (lobo) é afetada de maneira uniforme. A broncopneumonia afeta os pulmões de maneira "salpicada" (figura abaixo).

Além disso, a pneumonia é dividida naquela adquirida na comunidade, fora do ambiente hospitalar e aquela que é adquirida no hospital ou nosocomial. Esta última costuma ser causada por germes de maior agressividade e por conseqüência é mais grave. Estes dados são confirmados pelos índices de mortalidade bem mais elevados.
A infecção de ambos os pulmões é popularmente chamada de pneumonia dupla.

Causa da pneumonia

Pneumonia não é uma doença única. Ela pode ter mais de 30 causas diferentes. As causas principais das pneumonias são cinco:

  • Bactérias
  • Vírus
  • Micoplasma e Clamídia
  • Outros agentes infecciosos, tais como fungos
  • Várias substâncias químicas

Sinais e sintomas

Em muitos casos a pneumonia ocorre depois de um resfriado comum ou gripe. Quanto mais cedo for diagnosticada e tratada a pneumonia, maiores são as chances de cura e menores os riscos de complicações.
Os sintomas de pneumonia podem se iniciar lentamente ou serem súbitos.
Os sintomas característicos são:

  • Calafrios.
  • Tremores.
  • Suores intensos.
  • Dor no peito ao respirar.
  • Tosse com catarro cor de ferrugem ou esverdeado.
  • Febre de até 39º C ou até mais.
  • Respiração e pulso rápidos.
  • Os lábios e as unhas podem ficar roxos por falta de oxigênio no sangue (casos graves).
  • Pode haver confusão mental ou delírio (casos graves).

Nos indivíduos muito debilitados e nos idosos estes sintomas clássicos nem sempre ocorrem.

Pneumonia bacteriana

Pneumonia bacteriana é pneumonia causada por bactérias. Isto ocorre em aproximadamente 50% dos casos, e depende da idade e outros fatores. A causa mais comum de pneumonia bacteriana em adultos é uma bactéria chamada Streptococcus pneumoniae ou Pneumococo. Esta forma de pneumonia pode ser fatal, mas existe uma vacina disponível.

As bactérias estão presentes na garganta de algumas pessoas normais. Quando as defesas do organismo se enfraquecem as bactérias podem ser aspiradas e causar pneumonia. Pessoas debilitadas, alcoólatras e paciente em pós-operatório podem ter diferentes tipos de bactérias na garganta, e maior risco de pneumonia.

Pneumonia viral

Os vírus causam muitas pneumonias, incluindo o vírus da gripe. As pneumonias virais ocorrem mais no outono e no inverno. As pneumonias virais também podem ser complicadas por pneumonias bacterianas. Mulheres grávidas e pessoas com doenças cardíacas ou pulmonares pré-existentes podem ter pneumonias graves pelo vírus da gripe.

Pneumonia por Micoplasma, Clamídia e Legionella

Os micoplasmas foram descobertos durante a 2ª. guerra mundial. São os menores agentes livres, capazes de causar doença na espécie humana; tem características tanto de bactérias quanto de vírus.

O micoplasma é a 2ª. causa de pneumonia em freqüência, depois do pneumococo e responde a antibióticos diferentes.

Antigamente se denominava a pneumonia causada pelo micoplasma de "atípica", porque se acreditava que o quadro clínico era diferente da pneumonia clássica. Hoje esta idéia foi abandonada.

Clamídia, um tipo de germe parecido com o Micoplasma. É um agente de pneumonia relativamente freqüente, descoberto nos últimos anos.

Em 1976, uma forma grave de pneumonia atacou várias pessoas em uma convenção dos Legionários norte-americanos em um hotel na Filadélfia. O agente causador foi logo descoberto e chamado de Legionella. Embora incomum, causa muitos casos de pneumonias graves.

Outros tipos de pneumonias

Pneumocystis carinii é um fungo que muitas vezes causa pneumonia em portadores do HIV. O tratamento cura a maioria dos casos.

Pessoas que tem as defesas muito reduzidas, (chamados em medicina de hospedeiros comprometidos), podem ter infecções por agentes infecciosos incomuns. São hospedeiros comprometidos os portadores de HIV, quem usa corticosteróides em doses elevadas e portadores de certos tipos de câncer em tratamento com quimioterapia, como portadores de leucemias e linfomas.

A pneumonia é contagiosa?

As pneumonias bacterianas raramente são contagiosas, porém pneumonias causadas por vírus, Micoplasma, Clamídia e Legionella podem atacar várias pessoas de uma mesma família ou que convivem em um mesmo ambiente.

Quando procurar um médico?

Se você suspeita que está com pneumonia, não hesite em procurar um médico. Pneumonia grave pode colocar a vida em risco. Procure um médico rapidamente se você tem tosse persistente, dor no tórax que varia com a respiração (pleurite), febre inexplicada, especialmente se acima de 37,8ºC, ou se você subitamente se sentir pior após gripe ou resfriado. Seja especialmente cuidadoso se você é afetado por alcoolismo, é idoso, usa quimioterapia ou outros medicamentos que suprimem o sistema imunológico tais como cortisona. Para alguns idosos e pessoas com doença cardíaca ou pulmonar, como bronquite crônica e enfisema, a pneumonia pode ser fatal.

Se você recebeu o diagnóstico de pneumonia numa emergência procure um especialista após 2-3 dias para avaliar o resultado do tratamento, ou até antes disso se se sentir pior.

Em casos graves, o seu médico pode aconselhar uma internação.
Após o tratamento, em geral uma última consulta é necessária após 4 - 6 semanas do diagnóstico inicial. É importante que você veja seu médico, mesmo se estiver melhor. É especialmente importante ter certeza que a pneumonia curou completamente se você é fumante ou ex-fumante. Isto porque a pneumonia pode algumas vezes ocorrer quando o câncer de pulmão obstrui um brônquio, o que resulta em pneumonia que resolve lentamente ou volta após cura aparente.

Diagnóstico

Após ouvir a história, o médico ausculta os pulmões com um estetoscópio para ver se existem sons anormais que indicam pneumonia. O diagnóstico de pneumonia é confirmado pela radiografia de tórax.

Exames de sangue, de escarro e outros podem ser necessários.

Complicações

A gravidade da pneumonia depende de sua saúde geral e do tipo de pneumonia que você tem.

Se você é saudável, a pneumonia em geral será curada sem complicações. Mas se você tem doença cardíaca ou pulmonar prévia, sua pneumonia pode ser mais difícil de curar. As chances de ter complicações são também maiores.

A complicação mais comum da pneumonia é a formação de derrame na pleura. Derrame pleural é o acúmulo de líquido entre as membranas que revestem os pulmões, as pleuras. Ocasionalmente o líquido se transforma em pus, devendo ser drenado através de um tubo.

Em raros casos a infecção invade o sangue e se espalha (bacteremia), com risco de vida.

Tratamento

Se você desenvolveu pneumonia, suas chances de pronta recuperação são maiores sob certas condições:

  • Você é jovem.
  • Sua pneumonia é diagnosticada logo.
  • Suas defesas contra a doença estão funcionando bem.
  • A infecção não se espalhou.
  • Você não está sofrendo de nenhuma outra doença.

O tratamento imediato com antibióticos pode curar quase todos os tipos de pneumonia. Entretanto não existe tratamento efetivo para as pneumonias virais. Se as defesas do organismo são fracas ou são vencidas por uma pneumonia extensa, mesmo antibióticos adequados podem não vencer a infecção, que se torna fatal.

Pela dificuldade em se estabelecer a causa da pneumonia em cada doente (o escarro é sempre contaminado pelas bactérias da boca) as normas de tratamento de diversas sociedades médicas sugerem que antibióticos que matam pneumococo, micoplasma e os outros agentes usuais, sejam preferidos em comparação aos antibióticos que curam apenas um tipo de germe causador, como as penicilinas de uso intra-muscular, eficazes apenas contra o pneumococo.

Após o uso de um antibiótico adequado, a febre deve ceder em 2-3 dias, mas o tratamento deve prosseguir sob pena de recaída.

Se você não está tendo melhora após 48-72 horas de tratamento, consulte um especialista para verificar se foi prescrito um antibiótico adequado. Prescrição incorreta de antibiótico é a causa mais comum de falha no tratamento.

Se você tem pneumonia grave você pode precisar ser internado em hospital para ser tratado com antibióticos intra-venosos e para receber oxigênio. Em geral a necessidade de internação é curta, de 3-4 dias, na ausência de complicações. Se você era previamente saudável, pode ser tratado quase sempre em casa.

Além dos antibióticos, pode haver necessidade de tratamento de suporte: dieta adequada e oxigênio para aumentar o oxigênio no sangue. Em alguns pacientes, medicação para aliviar a dor no tórax e para aliviar a tosse, quando seca e intensa, podem ser necessários. Beba muito líquido, o que evita a desidratação e ajuda a expectorar. Repouso relativo, em casa, é tudo que é necessário na maioria dos casos. Procure ficar longe de qualquer pessoa que tenha alterações do sistema imunológico.

Quanto de repouso é necessário?

Uma pessoa jovem vigorosa pode levar uma vida normal dentro de uma semana de recuperação da pneumonia. Para pessoas idosas semanas podem passar antes de haver recuperação e bem-estar. Sensação de fraqueza pode às vezes perdurar semanas após a pneumonia.

Prevenção

Habitualmente não se pega pneumonia de alguma outra pessoa. Ao invés disso, a doença geralmente se desenvolve porque a imunidade é temporariamente enfraquecida, freqüentemente por razões desconhecidas, como após apanhar chuva ou frio.
A pneumonia é uma complicação comum da gripe, de modo que tomar vacina da gripe em cada outono é uma boa prevenção para pneumonia.

Uma vacina é disponível contra a pneumonia causada pelo pneumococo. O efeito protetor dura cerca de seis anos. Como todas as vacinas, a vacinação contra o pneumococo não dá 100% de proteção aos vacinados. Seu médico pode ajudar a decidir se você, ou um membro da sua família precisam de vacina contra pneumonia pneumocócica. Ela é usualmente dada apenas para pessoas de alto risco para pegar a doença e suas complicações. O maior risco de pneumonia pneumocócica está usualmente entre pessoas que:

  • Tem doenças crônicas do pulmão, coração, do rim, anemia falciforme, ou diabetes, ou tiveram retirada do baço.
  • Residem em asilos ou casa de repouso
  • Tem 65 anos ou mais

A vacina não é recomendada para mulheres grávidas ou crianças abaixo de 2 anos. Revacinação é recomendada apenas em situações especiais.

  • Não fume. O fumo lesa seus pulmões e diminui as defesas naturais contra as infecções respiratórias. Se você fuma e está com pneumonia deixe o vício imediatamente. Seu médico pode ajudar você a parar de fumar.
  • Desde que a pneumonia freqüentemente ocorre após infecções respiratórias banais, a medida preventiva mais importante é estar alerta a quaisquer sintomas respiratório que persistam mais do que alguns dias. Bons hábitos de saúde, dieta apropriada e higiene, repouso, exercício regular, etc. aumentam a resistência a todas as doenças respiratórias. Estas medidas também ajudam a promover rápida recuperação quando a doença ocorre.
  • Evite o contato com pessoas com gripe ou resfriado. Peça a elas para visitá-lo quando estiverem curadas
  • Não beba álcool em excesso

Autor:Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia

Data da Publicação: 06/06/2003
 

 
 
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