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Donovanose

Aspectos Clínicos
Descrição - Doença bacteriana, de evolução progressiva e crônica, de localização genital, podendo ocasionar lesões granulomatosas e destrutivas. A doença inicia-se por lesão nodular, única ou múltipla, de localização subcutânea, que erosa produzindo ulceração bem definida, que cresce lentamente, é indolor e sangra com facilidade. A partir daí, as manifestações estão diretamente ligadas às respostas tissulares do hospedeiro, originando formas localizadas ou externas e até mesmo lesões viscerais, por disseminação hematogênica. A observação do polimorfismo das manifestações levou à proposição da classificação clínica de Jardim: a) genitais e perigenitais, divididas em ulcerosas, subdivididas em: com bordas hipertróficas e com bordas planas; ulcerovegetantes; vegetantes e elefantiásicas; b) extragenitais; e c) sistêmicas. Geralmente, as formas ulcerosas são de maior dimensão; apresentam bordas planas ou hipertróficas, abundante secreção, e crescem, por expansão, através de auto-inoculação. Nas formas ulcerovegetantes (forma clínica mais encontrada), há um abundante tecido de granulação no fundo da lesão, ultrapassando o contorno lesional. As lesões vegetantes, de observação pouco freqüente, são habitualmente de pequenas dimensões e bem delimitadas, desprovidas de secreções. As manifestações elefantiásicas ocorrem, quase sempre, após formas ulcerativas, secundárias às alterações linfáticas que as acompanham. As localizações extra-genitais são raras e podem resultar de práticas sexuais anormais ou da extensão do foco inicial, por auto-inoculação, sendo essa última mais freqüente. Há relatos de localização nas gengivas, axilas, parede abdominal, couro cabeludo e outros. A forma sistêmica da doença é encontrada, geralmente, em áreas endêmicas, podendo ocorrer manifestações ósseas, articulares, hepáticas, esplênicas, pulmonares e outras. Em portadores de aids, a donovanose assume uma evolução clínica atípica, com aparecimento de novas lesões, expansão das pré-existentes e persistência da positividade bacteriológica em resposta ao tratamento.

Sinonímia - Granuloma venéreo, granuloma tropical, úlcera serpiginosa, úlcera venéreo-crônica, granuloma inguinal.

Aspectos Epidemiológicos
Agente etiológico - Calymmatobacterium granulomatis (Klebsiella granulomatis, Donovania granulomatis), descrito em 1913, por 2 brasileiros, Aragão e Vianna.


Calymmatobacterium granulomatis

Reservatório - O homem.

Modo de transmissão - Provavelmente por contato direto com lesões, durante a atividade sexual. Entretanto, sua transmissão ainda é o assunto controvertido. A ocorrência em crianças e pessoas sexualmente inativas e a variedade da doença em parceiros sexuais de pacientes com lesões abertas são dados que se contrapõem ao estabelecimento definitivo da transmissão sexual da doença.

Período de incubação - Relatos registram de 3 dias a 6 meses.

Período de transmissibilidade - Desconhecido, provavelmente enquanto há lesões abertas na pele e/ou membranas mucosas.

Complicações - As formas vegetantes, elefantiásicas e sistêmicas podem ser consideradas como Complicações da donovanose.

Diagnóstico Laboratorial
Diagnóstico - É laboratorial. Demonstração dos corpúsculos de Donovan em esfregaço de material proveniente de lesões suspeitas ou cortes tissulares, corado com Giemsa ou Wright.

Diagnóstico diferencial - Cancro mole, principalmente na sua forma fagedênica, sífilis secundária, condiloma acuminado, carcinoma espinocelular, leishmaniose e paracoccidioidomicose.

Características epidemiológicas - A doença apresenta maior prevalência nas regiões sub-tropicais, sendo mais freqüente em negros. Afeta igualmente homem e mulher, embora existam publicações conflitantes sobre esse aspecto. Habitualmente, a doença é mais freqüente entre os 20 e 40 anos.

Vigilância Epidemiológica
Objetivo - Interromper a cadeia de transmissão através da detecção e tratamento precoces dos casos (fontes de infecção).

Notificação - Não é doença de notificação compulsória nacional. Os profissionais de saúde devem observar as normas e procedimentos de notificação e investigação de estados e municípios.

Medidas de Controle
Triagem e referência dos pacientes e seus parceiros para diagnóstico e tratamento adequados. Orientar quanto às possibilidades de transmissão, principalmente aos contatos íntimos.

Fonte: Guia Brasileiro de Vigilância Epidemiológica 1998. 1998.
Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde

Data da Publicação: 23/04/2003

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