Fisiologia do Exercício - Ponto de Vista Miostatina
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Paulo Gentil
Presidente do Gease
Coordenador de musculação da Academia Resistência Física
Treinador de força da triatleta Mariana Ohata
Treinador da equipe profissional do Gama de basquete |
A miostatina
é um gene que regula negativamente o crescimento muscular, ou seja, ela limita o
tamanho do músculo, tanto pela atenuação da hipertrofia quanto da hiperplasia.
Ainda não se sabe ao certo como a miostatina atua, podendo ser pela indução da
morte das células, inibição da proliferação de células satélites e/ou
diretamente no metabolismo protéico.
Estudos em animais
Estudos em humanos
Um
estudo feito em Estocolmo, na Suécia, mediu a quantidade de miostatina em um
grupo de homens saudáveis e dois de HIV positivos (um com perda de peso menor
que 10% e o outro com redução ponderal maior que 10% nos últimos 6 meses). De
acordo com os resultados há uma correlação negativa entre a miostatina e
quantidade de massa magra, tanto em indivíduos saudáveis quanto HIV positivos,
dando suporte à teoria de que a miostatina seja inibidora do desenvolvimento
muscular (GONZALEZ-CADAVID et al, 1998). Outros estudos também verificaram
maiores atividades da miostatina em estados catabólicos induzidos por períodos
prolongados de imobilização, como estados de leito (ZACHWIEJA et al, 1999;
REARDON et al, 2001). Mais recentemente também foi verificada uma maior
atividade de miostatina em idosos, atribuindo um possível papel deste gene na
sarcopenia (perda de massa muscular) (MARCELL et al, 2001; SCHULTE et al, 2001).
Os
maiores níveis de miostatina em portadores do vírus HIV (GONZALEZ-CADAVID et al,
1998), atrofias crônicas (ZACHWIEJA et al, 1999; REARDON et al, 2001) e idades
avançadas (MARCELL et al, 2001; SCHULTE et al, 2001) fazem surgir especulações
acerca das aplicações terapêuticas que a inibição da atuação da miostatina podem
ter em estados catabólicos induzidos por diversas patologias.
Em
2000, IVEY et al publicaram um estudo onde procurou-se verificar os efeitos da
miostatina nos resultados obtidos com o treinamento de força. O estudo envolveu
um treinamento de musculação de 9 semanas, com uma metodologia similar ao
drop-set, tendo 4 grupos: homens jovens, homens idosos, mulheres jovens e
mulheres idosas. De acordo com os resultados os diferentes fenótipos de
miostatina não influenciaram na resposta hipertrófica ao treinamento de força
quando os resultados de todos os 4 grupos eram analisados em conjunto, porém
houve uma tendência para maiores ganhos de massa muscular em mulheres com um
determinado genótipo. Estas conclusões podem gerar dúvidas quanto à influencia
da miostatina na resposta normal ao treinamento de força.
A descoberta deste gene trouxe reações em diversos segmentos: os profissionais
da saúde procuraram uma maneira de reverter o catabolismo gerado por estados
patológicos e pelo envelhecimento; os pecuaristas visualizaram uma forma de
aumentar seus ganhos, produzindo animais maiores, e alguns segmentos do esporte
procuraram uma maneira de obter melhores resultados desportivos e estéticos.
Como
era de se esperar, muitas indústrias de suplementos alimentares se prontificaram
a lançar no mercado substâncias que prometem atenuar os efeitos da miostatina e,
desta forma, romper as barreiras genéticas do ganho de massa muscular, porém
creio que isto seja improvável de acontecer, pois dificilmente um destes
produtos produzirá a mágica de inibir a atuação deste gene e se isso ocorrer, os
resultados podem não ser muito agradáveis, pois não podemos esquecer que todos
os movimentos de nosso corpo são controlados por músculos, incluindo os da fase
e outros locais que não costumamos lembrar quando pensamos em hipertrofia. Uma
inibição generalizada da miostatina poderia provocar desenvolvimento
incontrolado de todos eles, gerando um aspecto nada agradável.
Outro ponto que gerará questionamentos é a distante, porém real, possibilidade
da miostatina passar a ser manipulada em humanos mesmo antes do nascimento,
originando uma linhagem de "super-seres". Isto traz à tona a questão ética da
engenharia genética: até que ponto a ciência pode interferir no desenvolvimento
de um indivíduo?
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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